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Verdadeiro Olhar - blog de Sérgio Gonçalves

BANIF disponibiliza primeiro site português para invisuais

por Sérgio Gonçalves

BANIF disponibiliza primeiro site português para invisuais

O BANIF apresentou esta quarta-feira, em Lisboa, a primeira página portuguesa na Internet que permite aos invisuais aceder a todo o conteúdo do site, podendo obter conhecimento pormenorizado de todos os produtos do banco.
Entrando em www.banif.pt, os invisuais são, a partir de hoje, conduzidos pelos diversos separadores do site por uma voz que lê as informações disponíveis.

"Esta funcionalidade permite aos nossos clientes cegos terem acesso ao nosso site, através de um sistema que é muito simples: utilizando apenas três teclas, podem ter acesso através da voz a todo o conteúdo do site", afirmou à Lusa Marques dos Santos, presidente da Comissão Executiva do BANIF.

Por questões de segurança, o site não permite que o utilizador efectue qualquer tipo de operação.

Desenvolvida em colaboração com a Associação Promotora do Ensino dos Cegos (APEC), esta iniciativa insere-se no Programa de Responsabilidade Social do grupo BANIF e "contribui para a redução da infoexclusão", acrescentou Marques dos Santos.

Para Vítor Graça, assessor de direcção da APEC, esta iniciativa "é uma mais-valia para os cegos porque deixam de ter necessidade de estar dependentes de alguém" para aceder à informação.

Diário Digital / Lusa

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Comentários

Magnífico! Excelente! Sem palavras...

"Para Vítor Graça, assessor de direcção da APEC, esta iniciativa "é uma mais-valia para os cegos porque deixam de ter necessidade de estar dependentes de alguém" para aceder à informação."

Realmente esta iniciativa é de deixar um cego repleto de espanto. De espanto com tamanha ignorância quando, numa altura em que tanto se fala nas regras de acessibilidade do W3C, uma associação ligada à deficiência visual apoia uma iniciativa destas!

Com que então uma pessoa cega só tem direito a ler a informação e não a interagir com ela, ou seja, não tem direito a fazer transferências, movimentos, etc., etc.. Será que as pessoas cegas são tão perigosas ao ponto de se ter que lhes bloquear o acesso à interacção nos sites bancários? É melhor prevenir do que remediar, não fosse algum cego descobrir a pólvora e roubar o dinheiro todo do banco! hahaha

Muito obrigado pelo atestado de burrice que passaram aos cegos portugueses, excelentíssimos senhores responsáveis da APEC!
Não haja dúvida que é precisamente esta imagem que precisamos que passem!

O Banif disponibilizou por agora apenas no site particulares, mas segundo fontes do Banif tem a intenção de alargar com o tempo às restante áreas.

Sem querer desprestigiar a notícia, começo pelo título "BANIF disponibiliza primeiro site português para invisuais", será?

Continuando a minha análise à notícia, "conduzidos pelos diversos separadores do site por uma voz que lê as informações disponíveis"... para que servem as normas de acessibilidade? Realizei uma análise muito rápida ao sítio online (verifiquei 25 páginas) e note-se que, segundo as directivas de acessibilidade (W3C) o sítio apresenta 464 erros de prioridade 1, 2376 erros de prioridade 2 e 352 erros de prioridade 3. Apesar de ser uma verificação automática, a quantidade de erros parece-me comprometer a acessibilidade ao conteúdo desta página. Saliento que destes, 330 referem-se à falta de um alternativo textual para imagens, 23 erros, onde não asseguram a actualização do equivalente textual de um conteúdo dinâmico, não asseguram que as páginas possam ser utilizadas mesmo que os programas interpretáveis, os applets ou outros objectos programados tenham sido desactivados ou não sejam suportados, utiliza unidade absolutas, ao contrário das relativas (566 erros), erros na utilização de elementos de cabeçalho indicativos da estrutura (em todas as páginas), falhas na anotação correcta de listas e pontos de enumeração em listas, utiliza funcionalidades desactualizadas, não associa rótulos aos respectivos controlos (139 erros), não identifica a língua utilizadas no conteúdo da página, as tabelas não apresentam resumos (236 erros) e as caixas de edição/áreas de texto não contém caracteres predefinidos.

Será acessível???????

É, realmente, uma boa notícia existirem preocupações de acessibilidade à informação na web. No entanto, esta problemática deve ser abordada de forma bastante séria pela importância que esta representa, tanto para pessoas com deficiência como para todos os que podem beneficiar destas práticas.

Cumprimentos a todos,
Ricardo Monteiro

Quando li esta notícia, fiquei tão espantado, que decidi logo escrever um e-mail ao BANIF.

Não sei aqui de quem foi a culpa, se do Banif, se da associação que apoiou tal iniciativa.

É com exemplos assim que nunca teremos a verdadeira acessibilidade web!

Gostava de transcrever a mensagem, mas enviei-a via web e esqueci-me de a guardar.
Vamos ver o que respondem.

+Filipe AzevedoJá começo a ficar farto deste tipo de iniciativas. Pior do que estar a ficar farto disto é ter a sensação que por mais que se pregue no deserto, por mais que se grite que aquilo que se pretende não é criar soluções especiais, mas sim soluções integradoras, que sejam usadas de igual forma pelo comum dos cidadãos, à quem continue a pensar que mesmo na vertente da informática os deficientes visuais vivem num mundo à parte.
Já viram o quam disparatada é essa ideia? Já viram como seria se as empresas começassem a criar sites alternativos para cegos? Muitas dessas empresas não iam ter capacidade de resposta, porque isso implicaria de grosso modo criar duas páginas em simultâneo.
Isto é só um exemplo. Existem muitos outros. Neste caso concreto o que temos? Temos um banco que gastou tempo, recursos e dinheiro na criação de um sistema alternativo para que os cegos possam aceder ao banco. Assim de repente a primeira coisa que eu diria é que fizeram um trabalho inútil. Estariam de parabéns sim se tornassem o site principal acessível, e não tivessem criado um sistema alternativo. O caminho é por aí! dêem-se as voltas que se der, enquanto todos não perceberem que o acesso às novas tecnologias tem de ser universal e não segregado, vamos andar aqui a criar soluções de acesso, um dia é para cegos, outro dia é para tetraplégicos, outro dia é para idosos, em fim, daí a pouco um banco tem de criar 3 ou 4 sites paralelos para garantir acessibilidade a todos. Não será bem mais simples adoptar as normas de acessibilidade presentes no w3c, e tentar criar um só site que possibilite o acesso de todos?
E meus amigos, isso é possível! Deixem de ser preguiçosos, investiguem e verão que é bem mais simples criar uma página acessível, que muitas vezes para além da sua acessibilidade acaba por ser bem mais funcional e estética do que andar-mos aqui a fazer de conta que se criam páginas acessíveis para os info excluídos.
Em suma, só o facto de se tratar de uma página especial é altamente redutor. Mas temos a tal situação que, se não estivesse em causa um assunto demasiado sério seria motivo para uma enorme gargalhada.
Os deficientes visuais têm agora à sua disposição um serviço alternativo de voz que lhes permite aceder ao conteúdo da página apenas com 3 teclas. Mas tem uma questão, questão essa de pouca importância, dirão os mentores da página! Os utilizadores cegos podem fazer tudo menos movimentar a sua conta. Não podem: Carregar o telemóvel, consultar o saldo, fazer pagamentos de serviços e pagar as suas facturas. Não resisto em perguntar. Para que serve um site de um banco? Desculpem mas não resisto em imaginar este cenário. Temos um menu de voz que diz mais ou menos assim.
Bem-vindo ao Banif. Gostava de carregar o telemóvel? Gostava de saber o saldo que tem na sua conta? Gostava de pagar a sua factura? Gostava, não gostava? Pois gostava mas não pode! Dirija-se por favor à agência mais próxima!
Espero que ao menos numa situação destas coloquem um anúncio de voz a dizer mais ou menos isto: Pedimos desculpa pelo tempo que roubamos.
Sei que neste fórum muitos dos visitantes são pessoas normovisuais, e que poderão a esta hora estar a dizer: Estes senhores nunca estão bem com nada! Se não se faz é porque não se faz, se se faz algo está mal feito. Mas meus caros, não devem pensar assim. Eu digo que está mal feito e explico porquê. Pensem só um pouquinho. Porque é que na criação e implementação de muitas das soluções concebidas para os deficientes, estes não são tidos nem achados? Se conseguirem meditar bem neste aspecto talvez se consiga entender porque é que muitas das coisas que supostamente são lançadas para benefício dos deficientes cumprem um efeito oposto daquele que seria o desejado.

+Filipe Azevedo

O seu comentário, para além de o subscrever integralmente, é divinal.

Um humor inteligente que me arrancou uma solitária mas sonora gargalhada, obrigada.

Não pode movimentar a sua conta, nem saber o saldo, nem carregar telemóveis porque este sistema só está (para já) implementado no site institucional do Banco. Existem fortes possibilidades de o colocar a funcionar também na banca electrónica e aí sim, já poderá fazer todas as operações.

Caro Senhor (anónimo),

paratransmitir esta informação, certamente está por dentro do assunto. Portanto, excluindo a hipótese de ser um mero colaborador neste processo, das duas uma: ou pertence ao BANIF e, nesse caso, na qualidade de cliente do BANIF, solicitava-lhe que reanalisasse a situação e em vez de continuar a apostar num sistema que não faz sentido nenhum, se limitasse a cumprir com as regras de acessibilidade; ou então pertence à APEC e, nesse caso, não percebo como continua a insistir nesta ideia, a qual nem devia ter surgido, após a apresentação de argumentos concretos que a invalidam.

As pessoas com deficiência visual utilizam leitores ou ampliadores de ecrã para navegar na internet, e estes softwares são completamente controláveis pelo utilizador ao contrário do sistema que foi implementado no site do BANIF por se tratar de informação pré-gravada.

Além de constituir um erro de acessibilidade das WCAG, a impossibilidade de parar um som, este sistema nem sempre é activado quando se entra no site.

Gostaria que os Senhores desenvolvedores do sistema esclarecessem um pequeno pormenor aos leigos nesta matéria, claro se conseguirem. Como é que uma pessoa cega entra no site do BANIF, SEM DEPENDER DA AJUDA DE TERCEIROS , se não tiver um leitor de ecrã instalado?

O site do BANIF só necessita de melhorar a acessibilidade, nada mais!

Em 1.º lugar, não sou colaborador nem cliente. Em 2.º lugar, só usa este sistema se quiser. Pode ignorá-lo e continuar a usar o seu leitor de ecrã. Em 3.º lugar, este sistema não é só para invisuais. Depois, há vários sites com este sistema, portanto alguma coisa boa há-de ter...

Prezado anónimo das 13 e 51 de 8 de Julho.

Queria esclarece-lo(a) do seguinte.
Quando diz que o site não é só para invisuais, bastaria ler a notícia à qual estamos a comentar para desmentir a afirmação.
A notícia foca apenas os invisuais, diz que é um sistema para eles. Eu como cidadão deficiente visual tenho o direito a opinar sobre uma coisa que pelos vistos foi feita a pensar em mim.
E eu quero acreditar que a ideia do Banif tenha sido mesmo criar um produto para cegos. Porque se a ideia foi aproveitá-lo para outros utilizadores e apenas se usam os cegos como destinatários, eu tenho de referir que se trata de propaganda enganosa.
Mas voltando ao que interessa. Não se esqueça que mais importante do que o serviço em si é a imagem que o Banif está a transmitir das pessoas cegas. E também não se esqueça que quando é lançado um produto para cegos, ou para costureiras, ou para cabeleireiras ou até para esteticistas, os destinatários do programa ou produto devem ser tidos em conta no momento da sua elaboração e posterior lançamento.
Se o Banif procurou uma instituição de deficientes, a culpa do banco é menor. Aí a instituição que aconselhou um projecto como este é que deveria ter sensibilizado os responsáveis do Banco para outro caminho que não este. Por isso quero deixar bem claro que aquilo que eu aqui critico é a ideia em si, pois desconheço por completo os moldes em que ela foi concebida.

+Filipe Azevedo

+Filipe Azevedo

CARTA ABERTA AO BANIF

Ex.mo Senhor Presidente da comissão executiva do Banif, Dr. Marques Santos,

Eu, Norberto Sousa, com 29 anos e cego desde os 18, escrevo-lhe na qualidade de cliente do BANIF, pois não poderia deixar de felicitar esta instituição pela preocupação em tornar o seu site acessível às pessoas cegas. No entanto, lamento desapontá-lo, dado que, a aplicação implementada para o efeito, para além de limitar a interacção dos clientes cegos com o site, acrescentou mais um erro de acessibilidade aos mais de 3000 que já eram contabilizados pelos validadores de acessibilidade Web.

Desde 1999, estão em vigor as Directrizes de Acessibilidade do Conteúdo Web (WCAG) do Web Consortium (W3C), isto é, regras de acessibilidade nas quais os Web Designers se devem basear para criar sites acessíveis. Este teria sido o caminho mais correcto para melhorar a navegabilidade no site do BANIF, e não a criação de uma aplicação específica e restritiva à leitura do conteúdo do site, que apenas vem difundir ainda mais a ideia errada da incapacidade das pessoas cegas para utilizar o computador.

Apesar de não cumprir com as regras de acessibilidade do W3C, até agora, o Banifast permitia-me, não só consultar o saldo ou movimentos, mas também efectuar movimentos, transferências e usufruir de outras funcionalidades. A voz sintetizada, colocada a partir de agora ao dispor dos utilizadores cegos, que procede à leitura dos menus e conteúdos, inicia-se automaticamente quando se acede ao site do BANIF e não permite que o utilizador a desligue, o que constitui um incumprimento das WCAG, nomeadamente da Directriz 1.4.2 Controlo de Áudio, a qual adverte o seguinte: "Se um som numa página Web tocar automaticamente durante mais de 3 segundos, ou está disponível um mecanismo para fazer uma pausa ou parar o som, ou está disponível um mecanismo para controlar o volume do som, independentemente de todo o nível de volume do sistema. (Nível A)".

Quando alertei o Banif, embora que informalmente, para a necessidade de se proceder à aplicação das regras de acessibilidade com o intuito de melhorar a acessibilidade do site, e fui informado, igualmente de forma informal, que a instituição, em conjunto com uma associação de cegos que na altura desconhecia qual, estava longe de imaginar que o resultado seria o agora conhecido. Mais grave é a posição da APEC, na pessoa do seu acessor, Senhor Vítor Graça, que para além de demonstrar desconhecimento das Regras de acessibilidade Web, afirma: "esta iniciativa é uma mais-valia para os cegos porque deixam de ter necessidade de estar dependentes de alguém" para aceder à informação."

Se para aqueles que desconhecem a plena autonomia das pessoas com deficiência visual na utilização do computador, como é o caso da internet, seja recorrendo a um leitor de ecrã ou ampliador de ecrã, esta iniciativa é um grande passo no combate à infoexclusão, para os utilizadores cegos este é um recuo no direito ao pleno acesso à informação.

Certo de que o BANIF procurará solucionar esta situação em prol dos seus clientes com deficiência visual,

Subscrevo-me com elevada consideração,
Norberto Sousa

Nota: Esta carta já devia ter sido publicada na semana de 5 de Julho, mas infelizmente os meios de comunicação em Portugal devem ter medo que o BANIF não volte a utilizá-los para a sua publicidade!

AMIGOS SERÁ QUE ESTA GENTE SABE O QUE É ACESSIBILIDADE?

maciel

Se a página possui auxílio vocal é porque pressupõe que o usuário não possua um leitor de telas, mas nesta hipótese, como teria iniciado o computador, aberto o navegador e, por fim, encontrado a página do BANIF? A notícia é espantosa. Mas não estou a supor que haja gente disposta a investir tempo e dinheiro para fazer algo tão desconforme com as expectativas dos usuários. Gostaria de compreender os motivos que os levaram a isso. Montaram uma equipe e consultaram uma associação de cegos. Não parece que a lógica esteja equivocada e, no entanto, chegamos a este resultado inusitado.
Se o BANIF presumia que o usuário tinha leitor de telas e que, ainda assim, deveria viabilizar outro, é porque considerava sua página tão ruim que jamais poderia fazer o leitor de telas do usuário ler adequadamente. Mas se conhecia tanto do leitor de telas do usuário, então, porque não pôde conceber uma página que se adequasse a ele?
Não, não. Fico a tentar escavar uma resposta, mas, mesmo recorrendo ao absurdo, não consigo.

O sistema implementado no Banif não é um substituto dos softwares leitores de ecrã, mas sim um complemento. Além disso a voz disponibilizada tem uma qualidade que não é comparável ao que o software grátis costuma trazer. Gostaria também de relembrar que o sistema não é exclusivo para cegos, mas também para pessoas com dificuldades. Para concluir experimentem usar o sistema tradicional de leitura de ecrãs que lê todo o ecrã e experimentem usar o do Banif que lê directamente o conteúdo sem ler "palha" e lê conteúdos alternativos para tabelas e imagens.

Abraço

O BANIF merece cumprimentos por sua preocupação com a acessibilidade. Poderia ter sido omisso, mas não o foi. Decidiu fazer algo para que a acessibilidade de sua página fosse melhorada. Contudo, o fato que não pode deixar de ser mencionado é que este modelo não é adequado. Se aplaudíssemos este modelo, estaríamos a dizer a todos quanto visitassem esta página que o adotassem em seus projetos. Fico triste que um esforço genuino tenha sido malogrado. A intenção foi boníssima, mas como é possível que defendamos algo diferente do padrão internacional? Se alguém nos dissesse que o Braille é coisa do passado, que agora temos um novo sistema muito melhor com cinco pontos; mesmo que assim fosse, poderíamos ignorar que milhões de cegos já aprenderam o Braille e que há bibliotecas dele repletas? Não se trata de dizer que o W3C é perfeito, que é obra-prima acabada, que não sofrerá nenhuma mudança. No entanto, devemos reconhecer que desenvolveram um grande trabalho e que as regras de acessibilidade atendem aos leitores de tela. Tudo seria diferente se estivéssemos a iniciar a internet hoje e fosse adotado o modelo de que cada página tivesse o seu leitor de telas. Não compreendo exatamente como isso poderia ser, mas se muitíssimo bem implementado, talvez um dia isso pudesse funcionar. Mas o fato é que não foi assim. Adotou-se um modelo centralizado que, por ser centralizado, tem muito maiores chances de crescer de forma coerente.
"A voz do BANIF não substitui os leitores de tela, mas apenas os complementa..." Será que isto é mesmo verdadeiro? Se fosse precisamente assim, então, apenas falaria os conteúdos que fossem inacessíveis ao leitor de telas do usuário. Mas pergunto-lhe: ao ingressar no BANIF, há como trabalhar com os dois leitores de tela de forma coerente e tranqüila? Parece-me que não.
O cego teve algum motivo para escolher o seu leitor de telas. Escolheu-o porque se convenceu de suas funcionalidades e aprendeu o conjunto de teclas de atalhos pertinentes ao produto. Fiquemos a imaginar o que seria dos cegos se cada página adotasse o seu leitor de telas com um conjunto particular de teclas de atalho, com um sotaque diferente, com uma velocidade diferente. Seria uma balbúrdia. Para mim, fica claro que o leitor de telas é uma escolha pessoal e que a página apenas deve ser construída sobre padrões internacionais que permitam o bom desempenho dos leitores de tela. e, havendo padrões internacionais, muito mais fácil é neles desenvolver boas funcionalidades.
"E para que servem as páginas de um banco?" Sim, para informar-se e para operar. Dito do modo como disse o Filipe, fica a parecer inteiramente ridículo o que fez o banco. E estou seguro que, mais do que qualquer outro, o BANIF sabe para que servem as páginas dos bancos. É possível que esteja enganado e, nesta hipótese, agradeceria ao colega que me desse notícia mais atual, no entanto, parece-me que o fato de não ser permitido aos cegos efetuar transações é fato ligado aos teclados virtuais.
Não é possível permitir que cegos digitem suas senhas. Um hacker, ao varrer a memória do computador do usuário, poderia descobrir sua senha e utilizá-la para fazer operações em seu nome. De acordo com o Banco do Brasil, somente é possível fazê-lo se o usuário tiver adquirido um token e um certificado nível A3 e, por meio de sua identificação digital, autenticar-se de forma segura. A criptografia assimétrica, utilizada na certificação digital, adotada pela Infra-Estrutura de Chaves Públicas, é a única forma realmente segura para fazer este tipo de autenticação. Assim, se o BANIF, como qualquer outro, permitisse que cegos fizessem transações online, sem certificação digital, estariam a tratá-los diferentemente porque não ofereceriam o mesmo nível de segurança conferido aos demais usuários.
Se realmente for este o motivo porque o BANIF não permite a cegos que façam operações, será mesmo que há algo de criticável ou ridículo? Não. Não creio que possamos prontamente imaginar que todos os profissionais envolvidos no projeto eram incompetentes, desprovidos de sensibilidade e conhecimento. Trabalho com projetos e sei que, por vezes, um conjunto de forças técnicas, financeiras, mercadológicas, políticas e administrativas, levam-nos a resultados muito distantes do inicialmente planejado. Em geral, há pessoas que foram contra e outras, a favor. Não sei o que sucedeu. O resultado foi inusitado, mas não concordo com os sarcasmos porque, ao menos no que tange ao acesso de cegos às transações, se é possível, de certo, não é óbvio.

Caro Luís,

Sou utilizador do BANIF e a única dificuldade com o teclado virtual é conseguir digitar os números antes de expirar a sessão. Mas acredito que pessoas com menos experiência com leitores de ecrã não consigam entrar nas suas contas. Eu próprio, antes de descobrir estratégias para ultrapassar esta barreira, tinha muitas dificuldades.

Quanto à questão de este sistema ser direccionado para pessoas cegas ou não, de ter sido um projecto bem conduzido ou não, penso que não restarão muitas dúvidas depois de assistirem ao vídeo da notícia transmitida na RTP, cujo Link se encontra abaixo, ou de fazerem uma pesquisa no google.

http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?t=Site-do-Banif-acessivel-aos-invis...

Cumprimentos
NSousa

O vídeo tinha o audio extremamente entrecortado, por isso, não sei se entendi tudo. De qualquer modo, parece não haver dúvidas de que o projeto foi mal concebido. Do modo como se diz, a impressão é que, sem esta funcionalidade na página do Banif, seria inteiramente impossível que pessoas cegas tivessem acesso às informações do banco. Se esta informação se disseminasse de modo generalizado, todos concluiriam que cegos são bem menos independentes do que realmente o são. No limite, poderíamos imaginar um empregador a pensar: "Preciso de alguém que navegue em todos os sítios e não apenas o do Banif e, como infelizmente nem todas as páginas possuem esta funcionalidade, então, realmente não poderei empregá-lo". Reconheço que esta conclusão é exagerada, mas o que enfatizo é que a idéia que é transmitida é de fato equivocada. Sim, Norberto, podemos ter alguma dúvida do porquê o projeto foi mal concebido, mas que foi, realmente foi. Se estivessem a dizer que o Banif foi o primeiro banco a resolver o problema dos teclados virtuais, bem, isto era outra coisa. Mas o fato é que a adesão aos padrões da W3C, embora muito mais eficaz, não daria um bom comercial.