Caros Leitores.
Uma das questões com que me preocupo, têm haver com a segurança, e as medidas que cada um de nós deve tomar no dia-a-dia.
Hoje, muito se tem falado dos cuidados a adoptar, para reduzir ao máximo possível a probabilidade de virmos a sofrer dissabores, mas penso que existem medidas específicas à deficiência visual, que merecem ser reflectidas.
Assim, decidi abrir uma discussão aqui neste meu blog, com o intuito de abordarmos algumas medidas que cada um de nós já adopta e que espero vão ajudar os outros leitores a construírem as suas defesas.
Gostava que cada um de vocês, dêem o vosso testemunho, para assim enriquecermos este portal, com mais este assunto que eu pelo menos considero pertinente.
Vou então abrir as hostilidades, e indicar algumas medidas que eu costumo adoptar.
Nas caixas multibanco.
Se ao levantar dinheiro numa Caixa multibanco alguém nos pedir ajuda, devemos dizer claramente que não pretendemos ser ajudados, a não ser obviamente que conheçamos bem a pessoa em causa.
Se mesmo recusando a ajuda, sentirmos que a pessoa não se afasta, e que nos continua a observar, penso que o mais prudente é retirar o cartão e não arriscar levantar dinheiro.
Muitas vezes, a pessoa que oferece ajuda até pode estar imbuída das melhores intenções. Mas não conhecendo o indivíduo em causa, é melhor no meu ponto de vista não arriscar.
Se já tiverem introduzido o código cancelem a operação e retirem o cartão. Se ainda não o tiverem feito, o que eu aconselho é introduzirem um código errado, e depois cancelarem a operação e deslocarem-se a outra caixa.
Nesta situação, nunca se deve introduzir o código correcto, porque se a pessoa estiver mesmo com a ideia de fazer mal, pode accionar um levantamento de dinheiro mal marquemos o código.
Se possível devem optar por levantar dinheiro em caixas instaladas em locais vigiados, por exemplo: Centros comerciais, edifícios públicos que tenham segurança, e porque não antes de levantar pedirem ajuda ao próprio segurança! Não para vos ajudarem a operar o caixa multibanco, mas um bom pretexto é perguntarem a onde fica o caixa, e ele fica por perto enquanto nós levantamos o dinheiro.
Mas mesmo que se conheça bem o local, e não seja necessário pedir ajuda ao segurança,se puderem optem sempre por levantar dinheiro em locais vigiados.
Caso precisem de levantar dinheiro à noite por exemplo, tentem sempre pôr em prática estes cuidados que mencionei anteriormente, e não se esqueçam que toda a cautela é pouca!
Ainda relacionado com dinheiro, penso que se deve evitar contar notas na via pública, exibindo assim de uma forma descarada o dinheiro físico que possuímos.
Como todos sabem, nós cegos demoramos mais tempo a fazer o reconhecimento das notas. Ora, se estamos a fazê-lo em frente a muita gente, estamos claramente a despertar a cobiça, e a insinuar que temos dinheiro no bolso.
Creio que a solução mais indicada é tentarem em casa separar as notas, colocando as de 5 euros num compartimento, 10 euros noutro e assim sucessivamente.
Nesse caso, se precisarem pagar algo, já sabem a onde estão as notas, e os respectivos valores, e não precisam de estar a mostrar todo o dinheiro que têm.
Não esquecer que o que desperta a cobiça dos mal intencionados é a exibição descarada do dinheiro e dos bens.
Eu por exemplo, quase não uso telemóvel na via pública, a não ser que se trate de um local muito conhecido. É muito fácil sermos roubados caso estejamos com o telefone no ouvido. Se for mesmo necessário falar ao telemóvel na via pública, um auricular pode resolver o problema.
Se andarmos com computadores portáteis, e se estivermos muito tempo sozinhos, penso que devemos evitar transportá-los em mochilas muito apelativas. O mais discreto possível, sem dar a ideia que se trata de um computador. Por exemplo uma vulgar mochila pode ser útil, porque quem vê ficará sempre na dúvida se se trata de um computador, ou de uma mochila com livros.
Eu, a este respeito sou um pouco mais radical.
Quando estudava de noite, e tinha forçosamente de me deslocar sozinho da escola para casa e passava por locais um pouco mal frequentados, transportava o computador numa mochila velha, levava só um telemóvel daqueles baratos, e nunca levava carteira, tinha apenas uma ou duas notas no bolso das calças.
Não estou a defender que se siga este exemplo que foi válido para mim, ou seja, que usem mochilas velhas, que não se andem com telemóveis nem carteiras. Mas procurem ser discretos nos valores que transportam, porque se forem muito evidentes, a probabilidade de virem a ter problemas aumenta significativamente.
E se tiverem de viajar de noite, creio que estas medidas que eu enunciei não serão para pôr de parte.
Em casa.
Falando da minha experiência pessoal, devo dizer que raramente atendo a campainha se não estiver a contar com ninguém. Felizmente recebo muita gente em casa, mas alerto sempre os meus amigos para me ligarem para o telemóvel quando estiverem a chegar, para que eu esteja a contar com eles.
Não digo que todos sejam assim tão radicais! Mas há precauções que devem ser tomadas:
Se for alguém desconhecida evitar abrir a porta. Uma pessoa cega não tem as mesmas defesas do que terá alguém que esteja no gozo das suas faculdades físicas. Como tal, todo o cuidado é pouco.
Ao atender a campainha, caso precinta que a conversa é demasiado estranha, e que há claramente propósitos pouco lícitos da parte de quem lhe fala, é muito importante fazer de imediato passar a ideia que não está sozinho em casa, mesmo que na verdade esteja. Por exemplo chamar um familiar, evocar o seu nome. Isso vai de certa forma baralhar as contas ao possível larápio.
Se for possível, devem ser evitadas as rotinas certas. Apesar de isso não ser um cuidado a ter só pelos deficientes visuais, é importante que os nossos vizinhos tenham dificuldade em adivinhar os nossos movimentos e os nossos hábitos. Em grandes cidades, todo o cuidado é pouco, e é fundamental manter alguma descrição.
Por exemplo, quando não se conhecerem bem os vizinhos, creio que é perfeitamente dispensável avisar quando vamos de férias ou até de fim-de-semana. Se não vamos solicitar a atenção dele, não vejo porque seja preciso avisar, tanto mais que sem conhecer bem a pessoa em causa, pode vir a revelar-se perigoso.
Que fique claro que não estou a defender que tenhamos uma atitude de pura desconfiança para com tudo e com todos.
Gosto de manter um bom relacionamento com a vizinhança, mas atenção a uma coisa: a confiança não se constrói da noite para o dia! É preciso tempo. E ter uma relação cordial, em que falemos com as pessoas de uma forma descomplexada e aberta, em que tenhamos uma postura sempre construtiva e positiva, em que procuremos não dar problemas, não significa que tenhamos de ser ingénuos, e abrir em demasia quando nem conhecemos bem o vizinho. É uma questão de bom senso e inteligência.
Naturalmente, se conhecermos bem o vizinho, e se tivermos uma boa relação com ele, poderemos avisá-lo da nossa ausência.
Ao entrar no prédio, a primeira coisa que devemos de fazer é fechar a porta.
Se sentirmos que existem passos estranhos à nossa beira devemos evitar entrar no elevador, e uma boa solução será discretamente sair do prédio e tentar pedir ajuda num café ou noutro estabelecimento quando for possível.
Ao chegar a casa, a primeira coisa que também devemos fazer é fechar a porta mal entremos na habitação.
É importante não manter a porta aberta depois de entrar, por poucos instantes que seja.
Também se poderem não circulem por locais pouco frequentados. Se for possível é melhor fazerem um percurso maior, mas por sítios onde previsivelmente circulam mais pessoas, do que atalharem, caminhando por locais desertos.
Finalmente, deixo uma medida que poderá ser útil, no caso de uma pessoa que viva sozinha, que regra geral não tenha familiares por perto, e que tenha alguma idade.
A PSP e a GNR têm um serviço, que permite o cidadão deslocar-se à esquadra mais próxima da sua residência, e pedir patrulha por exemplo uma vez de quinze em quinze dias, ou uma vez por mês.
Neste caso, um agente da autoridade vai patrulhar a zona da residência da pessoa, e até pode ir lá falar com ela para ver se está tudo bem.
Poderá ser uma alternativa para casos mais isolados. Eu pessoalmente não sinto necessidade de usufruir dela, mas fica aqui a informação porque pode interessar a alguém.
Agora, espero pelos vossos contributos, para podermos enriquecer mais este cardápio de sugestões, ou até rebater algumas das que eu mencionei neste texto.
Um abraço para todos.
Filipe.
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Comentários
Boas dicas!!!
Olá Filipe!
São boas dicas, obrigada!
Evito pedir ajuda a desconhecidos e, raramento preciso, pois desenrasco-me bem sozinha, pois sou amblíope...!
Consigo desenrascar-me bem num Multibanco! O meu namorado é cego e também se desenrasca bem, embora esteja sempre acompanhado por mim, para evitar cenas embaraçadas...looool!
Evitamos estranhos nesses locais...mesmo que nos pareçam simpáticos....! É triste dizê-lo, mas hoje em dia não se pode confiar em ninguém, não é verdade???
todo o cuidado é pouco
Olá Filipe !
Aqui tá um bom post pra reflexão pra todos ! lool
Não é à toa q se diz, q todo o cuidado é pouco, e quanto mais cuidados tomarmos melhor será a nossa segurança !
Relativamente ao MB, teve-se ter mto cuidado ... !
Até pros normovisuais a coisa não tá fácil, qto mais pros cegos !
O ideal é levantar dinheiro nas caixas MB, aquelas q ficam dentro do banco, em q nem qq pessoa lá entra, ou então em locais bastante movimentados, tais como, hospitais, shoppings ... !
Mas mesmo aí é preciso ter muito cuidado !
E depois há outro aspecto, há caixas MB defraldadas, em q os larápios introduzem tipo um scanner no MB, e mesmo tando eles longe, ao scanizar têm acesso aos dados do cartão, essas geralmente são mais salientes !
Eu antes de levantar no MB, certifico-me q não nada nem ninguém estranho por perto ... !
Quanto ao dia a dia, eu nunca ando com muito dinheiro, pelo contrário, ando sempre com pouco dinheiro !
E depois os meus docs, já não tão na carteira, mas na camisa, e com uma camisola por cima, nem se dá fé ! loool
O meu tlm não é de longe da últ geração, mas pro básico: chamadas e sms serve ! lool
Devemos ter o cuidado de não ter os docs na carteira, porque se nos roubarem a carteira apenas ficamos sem o dinheiro .... !
Convém, claro, escolher ruas mais frequentadas, onde os larápios não têm tantas hipóteses !
E convém tb fechar a porta de casa, mal se entre !
Hoje em dia, já tou arrenpendido porque não instalei uma câmara de vigilância, aquela q se coloca junta à campaínha !
Eu qtas vezes digo ao meu pai, não abra sem perguntar quem é !
E só abro depois de reconhecer a voz da pessoa !
Graças a DEUS, tenho uma casa terrena e boas relações de vizinhança ! looool
Abraços
1ª resposta ao José Filipe e à Céu.
Caros José Filipe e Céu.
Obrigado pelos vossos comentários.
Relativamente ao multibanco, queria deixar uma ressalva.
É verdade que a segurança aí existe, quanto mais não seja porque todos os bancos têm sistemas de vídeo vigilância. Mas eu raramente opto por levantar dinheiro nessas caixas, porque o software nem sempre é igual, mesmo dentro de caixas do mesmo banco. E apesar de enquanto estamos dentro do banco, a probabilidade de termos problemas ser reduzida, ao sair as coisas poderão não ser bem assim. E aí já não temos as câmaras de vídeo vigilância!
Quando estou sozinho não vou a essas caixas não!
Um abraço.
Filipe.
não sabia disso
Olá Filipe !
Eu sei q nas caixas de MB dentro dos Bancos há sempre pelo menos 1 diferente, mas agora q tivessem software nem sempre igual, essa eu não sabia !
Pelo menos lá dentro tamos mais seguros !
Agora se cá fora nos acontecer qq coisa, olha é a vida, é o mundo em q vivemos, onde há cada vez mais criminalidade, cada vez mais organizada e violenta ! :-(
Abraços