Introdução
Em primeiro lugar, gostaríamos de referir que este trabalho se baseia na nossa experiência pessoal. Esta abordagem é possível, uma vez que somos ambos cegos tardios, e a nossa evolução no que diz respeito à mobilidade foi e é muito semelhante. Em segundo lugar, como já deixámos antever, gostaríamos de fazer esta abordagem sob a perspectiva de um cego tardio, que como sabem terá uma maneira diferente de lidar com alguns problemas que advêm da cegueira. Como é óbvio, não pretendemos afirmar com isto a vantagem ou desvantagem de nascer cego, ou de se tornar cego numa fase adolescente ou mesmo adulta. Ambas as situações, se encaradas pelo lado mais prático e pondo de parte as emoções e paixões que por vezes somos levados a misturar nas análises que fazemos, têm prós e contras. É portanto, baseados nestes pressupostos que nos propomos analisar a mobilidade antes e depois da utilização do cão-guia. Achámos no entanto conveniente, fazer uma análise do que foi o nosso processo de chegada a um mundo até então perfeitamente desconhecido. Julgamos que assim teremos mais facilidade em nos fazermos compreender, embora saibamos que a maior parte das pessoas aqui presentes têm grande conhecimento destes processos, pois a sua vida profissional foi sempre desenvolvida em torno da reabilitação da cegueira.