Vareta, varinha, pau, em fim se fosse aqui relatar os nomes que já têm chamado à minha fiel bengala daria quase uma lista de alcunhas que se juntariam ao nome que eu próprio lhe coloquei.
Margarida é o nome da minha fiel companheira de todos os dias, não por uma razão especial mas foi assim que a baptizei. Pode não ser a única bengala com nome de gente, certamente até haverá mais algumas com o mesmo nome que ela mas pronto
Dirão os leitores com toda a razão, que temos nós com o nome que este dá à bengala?, nada, mas podem crer que tudo isto vem depois de eu me ter dado ao trabalho de pensar quantos nomes já foram atribuídos a este objecto fundamental na locomoção dos cegos.
Enquanto a bengala vai e vem no seu movimento cadenciado já me perguntaram tantas vezes como um pau pode ser guia de alguém que não vê?
Bom na maioria das vezes dou-me ao trabalho de explicar mas nem preciso ver para deduzir que a incredulidade toma conta da expressão daqueles que me interpelaram sobre a utilidade daquela varinha, vareta o outro nome qualquer que resolveram chamar à minha bengala que até tem nome de flor e de mulher bonita.
Estou a reflectir em jeito de brincadeira mas podem crer que este é sem dúvida um exemplo muito sério da falta de conhecimento que a sociedade tem sobre a realidade de quem por força de uma deficiência tem de se adaptar ao meio em que vive neste caso com recurso a um pau, varinha, vareta vá lá meus amigos! Chamem-lhe bengala que é o seu verdadeiro nome!
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Comentários
Bengala ou fonte de rendimentos?
Sou técnica de orientação e mobilidade, pelo que contacto diariamente com pessoas cegas que utilizam ou estão a aprender a utilizar uma bengala branca. A situação mais caricata que partilharam comigo - sobre as diversas confusões em torno da bengala, da sua utilidade e designação - foi a de um observador de uma pessoa cega que na terceira ou quarta vez que se cruzou com ela perguntou se existiam vestígios de ouro/prata no local que justificassem o detector de metais É preciso ter paciência... e bom humor