Está aqui

- blog de Anacristina

Esta é a vossa oportunidade

por Anacristina

Olá, estou a criar um espaço para que divulguem as coisas que mais vos entristecem, especialmente com cegos. Infelizmente temos de ouvir coisas e sofremos descriminações, mas não podemos, por vezes falar abertamente delas porque nos prejudicam ou porque, de certa forma são tão ruins que é impossível acreditar que isto é verdade...
Assim, decidi criar este post para podermos todos desabafar, para que tenhamos mais coragem para divulgar o que nos faz sofrer, aquilo que tanto nos marca e sentir o apoio uns dos outros.
Peço a colaboração de todos os que tenham uma deficiência´.

No meu quinto ano de escolaridade, tive uma professora que me tentou prejudicar sempre. Uma vez disse-me com convixão:
- Os cegos são de estar em casa!
Escondi isto. Mas foi uma crua frase, que ainda hoje não esqueci.
No oitavo ano de escolaridade, tive uma professora de EV que, não sei porquê, isolava-me dos outros colegas. Quando sabia que era para ir para as aulas dela, sentia-me triste. Os meus colegas estavam todos juntos, trabalhavam com ajuda uns dos outros. E eu, ainda me lembro bem, numa sala enorme com duas divisões, estava na outra mais pequena sozinha. Ah, como isso me revoltava! E ao mesmo tempo tinha medo de dizer, porque talvez a minha nota fosse prejudicada. Os meus colegas, certamente não gostavam da reacção da professora e iam ter comigo e tentavam ajudar... mas logo que ela os via à minha beira...
- Venham trabalhar!
Aos berros... e eu... agora talvez não conseguisse esconder tanto como escondi. Foram coisas que fizeram ver a diferença.
Isso rebaixa. Mas fui-me habituando.
Se quiserem, partilhem comigo episódios deste género. Para que os outros saibam que afinal somos cegos, mas não extraterrestres, nem corações de pedra.

Comentários

Olá amiga!

Antes de mais, deixa dar-te os parabéns pelo post que publicaste.

Também já fui alvo de muitas descriminações ao longo destes anos, quer por parte de alguns professores, quer por parte de muitos colegas de escola. Ora, o que me revolta ainda hoje, ao recordar-me dessas coisas, é o facto de muitos desses colegas serem, tal como eu, cegos. Lembro-me que, quando andava no Instituto S. Manuel, muitos me punham de parte e não me deixavam participar em jogos que faziam em grupo e aproveitavam a minha deficiência auditiva e pouca autonomia para me prender no próprio quarto e enganar-me em certos caminhos. O mais grave disto tudo é que os professores/monitores nada faziam, e eu, que era tímido e fechado, não me queixava,sofrendo silenciosamente as consequências das coisas.

Mais tarde, quando entrei para o 5º ano, começava uma nova vida para mim. Mas a descriminação continuava, e vi-me num muito muito confuso,, pois nunca tinha estado numa escola dita normal (exceptuando-se o período em que estive no infantário, onde, segundo os meus pais contam, fui muito bem tratado, embora com o tempo tenha perdido o contacto de muitos amigos),e não sabia como reagir . Como não me desenrrascava de uma forma autónoma, comecei a aprender, com a ajuda da professora de ensino especial, os caminhos que achava essenciais na escola e apercebi-me de que as professoras diziam aos meus colegas para não me ajudarem em nada, e estes aproveitavam para me deixar isolado nos intervalos, fazendo tudo sozinho e não me integrando na própria escola. Felizmente tive excepções, mas foram passageiras, embora contribuíssem, confesso, para levantar o astral e ter força para ultrapassar certas barreiras. Mas quem, a juntar à cegueira, tem problemas auditivos, é duro, meus amigos!

Se não fosse a minha força de vontade, se não tivesse alguém lá em cima que me dissesse "vai em frente, vai para Lisboa", isto poderia ficar muito mau para mim. pois foi em Lisboa que recuperei muito a minha auto-estima e ganhei alguns amigos. Hoje, que estou longe, mantenho contacto com muitos deles e, graças às novas tecnlogias, tenho conhecido gente com quem tenho aprendido bastante.

Âs pessoas que sentiram descriminações que relatei acima ou semelhantes, quero deixar aqui uma palavra amiga, e que, através desta história, consigam arranjar forças para lutar pela sua dignidade, e não se deixem abater pelo isolamento. Se precisarem de desabafar, não só têm este espaço, como os meus contactos:
MSN:
tiagoduarte.pt@gmail.com
Skype:
duartecompanhia

Muita força e coragem.

Ana, continua a ser quem és.

Beijinhos.
Tiago Duarte

Tiago Duarte

anacristinaObrigada pelo teu comentário. Quem for reservado, e eu também sou, apesar de não o mostrar, muitas vezes sofre muito. Decidi criar este post porque uma vez estava quase a criar uma depressão com tantas coisas que tinha aqui dentro e que tinha medo ou vergonha de divulgar. Até que perdi essa vergonha.
Descriminam-nos de toda a maneira! mas eu estou a lutar para que isso não faça sentido na minha vida. Acho que já publiquei no blog que um dia deram-me oportunidade para participar numa lista, senti-me tão feliz... era a primeira vez que participava numa lista de associação de estudantes. E ninguém me disse mais nada até à data... até que eu, farta de tanto esperar, não tendo novidades interpelei o meu colega. E ele disse-me que não podia participar... porque os outros não queriam! ele pediu-me desculpas, disse-me umas poucas coisas... mas ainda não o perdoei por isso. Se ele era presidente da associação de estudantes, não podia ligar aos outros. Isso significa que ele estava de acordo. Éramos muito amigos, ainda somos, mas ficou aqui dentro este procedimento, até porque ele teve a covardia de nunca mais me dizer nada, foi preciso eu puxar por ele. Nunca o perdoarei por isto. Continuarei amiga dele, mas não me esquecerei que ele foi pela crítica dos outros e pôs em causa minha cegueira para não participar na lista.
Enfim... isto não tem importância, mas para mim tem toda a importância. Como vêem... ainda somos tratados como... deficientes mentais.

anacristina

Ainda este ano escolar Ana, eu habituei-me a andar com uma colega minha que pareceu ser muito minha amiga. Mas só agora no final do ano é que ela se está a revelar para mim.
Porque ela agora, vai todos os intervalos sair com a amiga dela, também se chamam Anas essas duas minhas colegas.
Mas pronto, então tipo eu pesso-lhes, esperam por mim? E a outra amiga da minha amiga diz muito rapidamente: "Se vamos ficar à tua espera nunca mais nos despachamos!" Claro, como é que elas querem que eu fique? Digo-lhes logo: "Vão-se lá embora..." E elas vão. E eu, lá vou sozinho para a sala do stor antónio, que a escola pôs à minha disposição, ficando abandonado mais um intervalo.
Força a todos amigos.

Como já disse não sou cega mas sei demasiado bem o que isso é! Como tu também eu já andei anos e anos em que toda a gente me punha de parte sem razão para isso! Sei bem demais o que é passar os intervalos a ouvir toda a gente a rir e eu estar ali sózinha á margem de todo aquele divertimento...
André se quiseres falar comigo pessoalmente aqui tens: paty_funnygirl@hotmail.com
Beijos e esquece essas miúdas... antes só que mal acompanhado!
Paty*

anacristina
Olhem, eu também estou sempre sozinha nas horas de intervalo. E... se calhar por vezes é bom, mas não deixa de ser constrangedor por vezes. Porque gostávamos de saber o que se passa, rir com elas... mas elas põem-nos, de certa forma, de lado, ou porque não se querem incomodar porque querem estar numa de _relex, ou porque, de outros modos, não sabem ter uma conversa normal connosco. É duro de engolir, é demasiado amargo, mas pura realidade.

anacristina

A deficiencia auditiva ou qualquer outra faz com que alem das pessoas se isolem de nós, nós mesmos nos isolamos das pessoas eu sou reservado por isso talvez pq não escute direito ou que todos tenham que repetir o que falaram ou pq vc só acaba dando risada de uma piada depois de alguns minutos q todos deram a risada pq alguem ainda teve paciencia de lhe contar mas somos todos muito especiais não pq temos a deficiencia mas pelo fato de superarmos limites e barreiras impostas pela sociedade. Somos exemplo para um mundo deficiente de compreenssão e equidade social de amor somos exemplo para aqueles que por vez achamn que o mundo acabou quando vemm um cego numa faculdade ou um paraplégico feliz praticando um esporte somos luz para as pessoas que nos vêem sejamos felizes pois poderia ter sido pior abraços para todos...

anacristina
Criei este espaço para falarmos de histórias que se passaram connosco, mas infelizmente ainda hoje há muito racismo.
Não é só na deficiência que vemos isto, mas na cor das pessoas.
Assisti a um episódio que me deixou muito triste, talvez mais ainda do que se tivesse acontecido comigo.
Há uma menina preta na escola. Igualzinha às outras, de carne e osso como as outras, (como os outros), mas por ser diferente de cor foi muitas vezes posta de parte. E quando ela se aproximava diziam:
- aí vem a escuridão!
Parece-vos que este é mundo para se viver? onde não há respeito, onde todos olham para os defeitos dos outros? Isto é considerado defeito? e quem discrimina? e quem tem a mania de deitar as pessoas abaixo? e quem não é preto, não é cego, não é surdo, mas é um grande insensível, um coração de pedra, um mal educado? isso sim, talvez seja uma deficiência pior que a nossa.
Desculpem... queria criar um dia um espaço melhor, mas por enquanto ainda quero manter este. Continuem, se quiserem... esta é mesmo a vossa oportunidade. Porque aqui, assim espero, não há racistas, nem corações de pedra.
Aqui acaba minha revolta... não, não acaba... mas serei feliz quando deixar de haver diferenças tão insignificantes.

anacristina

Olá,
gostei de ler as mensagens aqui deixadas embora tenha terminado de o fazer com uma mágoa muito grande dentro de mim.
As crianças são, geralmente, um reflexo dos pais e da educação que têm e infelizmente muitas vezes têm atitudes frias e que magoam as outras crianças sem se aperceberem ( o que no meu ponto de vista só piora ). Mas todos nós acabamos por desculpar, por ser criança... Um adulto não tem desculpa muito menos um docente... supostamente são pessoas que têm uma preparação diferente para lidar com crianças jovens e adolescentes... A minha conclusão pessoal é que os professores aqui mencionados são pessoas tristes que pura e simplesmente não sabem lidar com a diferença... não a deficiência... porque deficientes são eles... todos os que não sabem que ser diferente é no fundo ser igual esses sim são deficientes no que é mais importante... os sentimentos de respeito e amor para com todos os outros.
Sou mãe de uma menina de 29 meses sem qualquer diferença... espero poder ser eu enquanto mãe a conseguir marcar-lhe essa diferença... a de não ser deficiente como quase todos os outros.

Um grande beijo para todos os que aqui deixaram os seus comentários e principalmente para ti Ana... Mantenham-se fieis ao que são e todos os outros que se lix.... um dia também eles aprenderão....

Um dos dias felizes foi aquele em que fui com uma colega à escola e verifiquei na pauta ali afixada, que tinha concluído o 12º ano. Ah, que alegria, era tudo o que eu mais desejava em termos escolares. Tudo graças ao sistema de ensino vigente à data... Porquê? Os livros vinham tarde e a más horas, e se chegassem. O computador era um objecto ainda muito estranho e o melhor que tinha era uma Braille-N Print, que apenas estava na escola e onde eu me recusava a fazer testes de línguas e Matemática porque aquilo fazia gralhas atrás de gralhas... Que arranjassem quem os traduzisse... Tive professores que só tinham boa vontade, porque condições e formação, ninguém lhes deu, é verdade, e o facto de terem boa vontade fez muita diferença para mim e sou grata por isso. Mas tive 2, que me retiraram das aulas deles por um ano e com um decreto de uma certa Direcção Regional de Educação... Tive um outro que não me deixava tirar apontamentos nas aulas. Depois queriam impor-me uma carga horária extra, além da que já era comum a todos. Nem pensar. Também não era justo porque era só para estar na palheta com a prof. do ensino especial... E era eu que tinha de escrever os trabalhos à mão para dar aos professores. Em casa, não tinha quem me ditasse fosse o que fosse. Mas tinha excelentes colegas: juntavamo-nos para estudar, íamos para casa umas das outras, embora por vezes o assunto de interesse focava-se na esplanada e fazíamos outras contas, e pesquisávamos outras histórias. Eu tentava abstrair-me dos obstáculos pela via do desinteresse, é certo. Fazia o bastante para passar com notas razoáveis e não criava expectativas aos professores. E cá vai uma notinha aos professores: os alunos não são assistentes pacivos de palestras. Deviam ser entendidos como agentes activos na construção do seu próprio percurso escolar, não apenas no âmbito da execução, mas também no domínio da formulação do rumo da sua actividade dentro da escola. É mais útil conversar com o aluno deficiente sobre as estratégias que lhe querem aplicar, em vez de simplesmente o bombardearem com teorias elaboradas por pessoas de renome, mas que nunca questionaram os deficientes sobre coisa nenhuma, limitando-se apenas a formular hipóteses baseadas nas suas crenças mais ou menos preconceituosas e desinformadas. Se eu tivesse tido outras condições materiais e motivacionais, talvez eu tivesse melhor aproveitamento na escola mas eu pensei sempre que não era por isso que deixaria de arranjar trabalho. De facto, já trabalhei em várias coisas, umas que exigiam qualidade da minha parte e outras que nem interessa que eu saiba ler e escrever, quanto mais que tenha o 12º ano! E o que eu noto nestes 8 anos de mercado de trabalho é que para as pessoas, se um cego for licenciado, é um super herói, (e nenhum cego tira um curso superior com facilidade, é certo), mas se um cego tem um curso profissional ou a 4ª classe, para elas é simplesmente um cego.

Ana RochaOlá Patricia, quero dar-teos parabéns por este teu texto...
e compreendo perfeitamente pois eu ceguei lentamente aos 15 anos e por acaso ja tinha saido do keller a 6 anos atras onde cá fora consegui aprender como era o mundo, tão diferente do keller.
Eu ao principio tambem apesar da vontade de aprender não aceitei logo a cegueira, e ainda hoje não gosto de usar a bengala mas uu-a pois é a bengala que nos ajuda a nossa independencia... bjs

Ana Rocha

Thiago, vc é uma pessoa muito especial.
Sou mãe de um rapazinho de 17 anos, ele é tudo na minha vida,tenho lutado bastante pelos direitos dele., Te digo vejo que Cego e deficientes são nossos dirigentes e os que fazem as Leis.Nossos direitos estão consagrados na Constituição Federal, vamos buscá-los, vamos reprimir os abusos e a falta de humanidade por parte dos responsáveis pela execução da Lei.
Um abraço. Continue firme e Forte.

Sou leitor mais ou menos assíduo deste site e como subscritor da “newsletter”, recebo com frequência todos os novos comentários.
Vou só referir, a título de lamento, que a Língua Portuguesa tem sido muito maltratada por aqui.

Na realidade verifica-se que existe muito pouco cuidado quer com a escrita quer com o significado dos vocábulos escritos.
Descriminar em vez de discriminar foi a palavra que fez com que o “caldo se entornasse”.

A palavra descriminar quer dizer retirar o crime enquanto a outra palavra discriminar quer dizer diferenciar, separar…

Propunha que as pessoas, que o possam fazer, usem um bom processador de texto e um bom corrector ortográfico e só depois façam copiar e colar nestas páginas.

Eu sei que estas coisas nem sempre são fáceis mas sempre é a nossa língua, o Português, seja ele escrito à moda de Portugal ou à moda do Brasil.

E depois, esta palavra, até foi recentemente alvo de grande polémica pois, num monumento evocativo da morte pela Inquisição dos judeus em Portugal, que se encontra agora no largo de S. Domingos em Lisboa, ali se escreveu (e ainda não emendou) que houve descriminação quando deveriam ter escrito discriminação.

Ouvidos bem abertos e sempre a pensar nas palavras é uma maneira de estar na vida! A Língua Portuguesa, por mais maltratada que seja será sempre um dos mais ricos legados culturais que deixaremos às gerações futuras. Procuremos tratá-la com o respeito que ele merece.

A Todos os meus agradecimentos pela atenção dispensada.

Luís Neto

Olá!

Pela parte que me toca, muito obrigado pela correcção. Não levei a mal, afinal, estamos sempre a aprender, e de facto nunca tinha pensado na diferença que havia entre essas duas palavras. Eu que até nem dou grandes erros a escrever, inclusive, a minha professora dessa língua elogiava-me pela maneira de o fazer!

Cumprimentos, e vamos ao assunto directo! Mas, mais uma vez, muito obrigado pela correcção!

Tiago Duarte

Tiago Duarte

Ana Catarina Rocha RuaOlá Aninhas, parabéns por estes posts. Eu no meu primeiro ano de faculdade não tinha materiais de nada. e numa cadeira que tinha fui um dia com um colega ao gabinete do profesor para lhe pedir os apontamentos das teóricas em formato digital que ele a primeira se recusou e ainda teve a lata de me dizer na cara que eu não tinha capacidades de estar num curso de faculdade ainda mais informática. O meu colega ficou abismado não queria acreditar como eu. Mas como falei com a comissão de curso ele teve de me dar os apontamentos mas nunca facilitou a vida. Graças a deus tinha uma prof das práticas espectacular q me ajudou bastante e eu no exame atirei-lhe com um 19 na cara. Bjs Ana

Ana Rocha

Olá Ana.
Eu ainda sou muito novo, só tenho 16 anos, mas também já tenho passado por más situações...
Por exemplo, eu tenho tido sempre professores excelentes, mas no meu 7º ano, tive uma professora de ciências que eu não sei o que é que eu fiz à mulher que ela nem me podia ver a frente e depois começava a comentar na sala dos profs: "Braille? Aquilo já não se usa. Agora o que se usa é computadores." Que sabia ela do braille?
E no 9º ano, a minha DT (Directora de Turma) era uma estúpida. Tratava-me com o maior despreso. Tal iqual como a minha outra professora de História que me devia odiar, sempre a mandar bocas do género:
"Os cegos não vêem." Claro que não, mas disso eu já sei. "Ah, os teus colegas parecem ser mais cegos do que tu." O que é que eu tinha a ver com aquilo? Parecia que queria mesmo evidenciar que eu era cego.
De resto os meus professores têm sido excelentes para mim.
Beijinhos.
André

anacristina
Desmotiva ouvirmos isto da boca de professores que deviam ser os principais a dar-nos força, uma vez que também pertencem à nossa "família". Mas sabe bem quando depois da descriminação estamos num lugar mais alto... e a admiração (ou raiva?) deles.
Pessoas injustas, pessoas que pensam que nós somos uns extraterrestres, que somos uns corações de pedra, abram esta página! ah! têm vergonha... pois bem, óptimo!
Desculpem... é a magia da escrita que me está a chamar.... adeus, senão sai disparate!

anacristina

Lol Ana. A cima de tudo tu és uma pessoa como as outras. Lembra-te disso. Tens todo o direito de dizeres o que pensas das outras pessoas. Porque estamos num país livre. Gosto muito de ti. Jinhos fofos.

anacristina
Olá, quero agradecer a todos vós o facto de terem participado neste espaço. Estou feliz porque isto já atingiu as 305 leituras e os comentários têm chovido! era esse o meu objectivo. Queria mostrar a todos que nós somos humanos e sobretudo dar força a quem passou por situações idênticas e que por algum motivo não puderam desabafar.
Este espaço continua em aberto!
Obrigada a todos

anacristina

Ana RochaEu tambem tive experiencias como as vossas, inclusive no 9ºano tinha uma professor de ingles que achava que eu não ia fazer mais estudos depois do 9ºano e nao me ajudava, quando um dia mais tarde ela soube por uma colega que e agora a minha explicadora de ingles que eu tinha ido para a faculdade ficou calada... Muito ja foi melhorado mas por outro lado ainda a muito a fazer tambem... E em todas as escolas existem pessoas fantasticas que nos ajudam como existe o contrário. bjs

Ana Rocha

A propósito deste assunto, lembremo-nos que existe um dispositivo legal, a Lei nº 46/2006, de 28 de Agosto, que proíbe e pune a discriminação em razão da deficiência e da existência de risco agravado de saúde, regulamentada pelo Decreto-Lei nº 34/2007, de 15 de Fevereiro.

Obviamente que não se encaixam aqui uma série de situações desagradáveis do dia-a-dia por que passam, designadamente, as pessoas com deficiência, situações essas que só se resolvem com sensibilização e educação dos cidadãos, mas abarca uma panóplia de casos graves e inaceitáveis de discriminação.

Veja-se a enumeração exemplificativa de práticas tidas como discriminatórias (artigo 4º da Lei nº 46/2006):

”a) A recusa de fornecimento ou o impedimento de fruição de bens ou serviços;
b) O impedimento ou a limitação ao acesso e exercício normal de uma actividade económica;
c) A recusa ou o condicionamento de venda, arrendamento ou subarrendamento de imóveis, bem como o acesso ao crédito bancário para compra de habitação, assim como a recusa ou penalização na celebração de contratos de seguros;
d) A recusa ou o impedimento da utilização e divulgação da língua gestual;
e) A recusa ou a limitação de acesso ao meio edificado ou a locais públicos ou abertos ao público;
f) A recusa ou a limitação de acesso aos transportes públicos, quer sejam aéreos, terrestres ou marítimos;
g) A recusa ou a limitação de acesso aos cuidados de saúde prestados em estabelecimentos de saúde públicos ou privados;
h) A recusa ou a limitação de acesso a estabelecimentos de ensino, públicos ou privados, assim como a qualquer meio de compensação/apoio adequado às necessidades específicas dos alunos com deficiência;
i) A constituição de turmas ou a adopção de outras medidas de organização interna nos estabelecimentos de ensino público ou privado, segundo critérios de discriminação em razão da deficiência, salvo se tais critérios forem justificados pelos objectivos referidos no n.º 2 do artigo 2.º;
j) A adopção de prática ou medida por parte de qualquer empresa, entidade, órgão, serviço, funcionário ou agente da administração directa ou indirecta do Estado, das Regiões Autónomas ou das autarquias locais, que condicione ou limite a prática do exercício de qualquer direito;
l) A adopção de acto em que, publicamente ou com intenção de ampla divulgação, pessoa singular ou colectiva, pública ou privada, emita uma declaração ou transmita uma informação em virtude da qual um grupo de pessoas seja ameaçado, insultado ou aviltado por motivos de discriminação em razão da deficiência;
m) A adopção de medidas que limitem o acesso às novas tecnologias.”

Há, pois, que utilizar este dispositivo legal quando for realmente caso disso, até para que, de futuro, nenhuma outra pessoa, nas mesmas circunstâncias e com o mesmo infractor, se depare com idêntica prática discriminatória. Por outro lado, a condenação deste tipo de práticas inibe sempre a sociedade em geral de assumir comportamento similar.

Aconselha-se o pedido de ajuda ou a apresentação de reclamação junto, por exemplo, do Instituto Nacional para a Reabilitação, I. P. (www.inr.pt).
Mariana Rocha.

olá Ana Cristina, Eu chamo-me Ana Rita,
e adorei ler este post.
comigo tambem ouveram descriminações e outras coisas boas.
na primária os meus colegas iam todos brincar e eu ficava sosinha nos bancos da escola e ajudava uma menina Chamada Joana Maria que era Mangoloide.
e que andava no mesmo atl que eu.
eramos optimas amigas
e passava-mos todoos os intervalos juntas.
depois no5º ano tive uma prof de Ciências super parva que dizia que o logar dos segos era no Keller e que não era aluna para estar na quela escola.
eu ficava de tal modo que eu chegava aos testes e não conseguia estudar inervava-me de uma tal maneira que não conseguia só me dava ataque de choro.
foi então que depois descobri que os filhos dela tambem andaram no Keller.
nesse mesmo ano tambem tive uma setora de História que tambem me desprezava e etc mas eça teve a lata de ir ao trabalho da m mãe com a m ptof de insino expecial e falar mal de mim.
epois no keller foi uma professora que me poz a gostar de ciências.
e no 8º ano, o meu pai desapareseu a 27 de desembro. fez este mêz 1 ano e 8 meses.
e eu estava super mal todos os professores foram super queridos ajudaram-me
e mesmo quando depois na primeira ronda de testes aseguir a isso ter tirado muitas negas,
eles deram-me sempre força para não desistir e para continuar em frente visto que sou uma grande aluna e que tinha muito potencial que não podia ser estragado.
e digo-te se não fosem eles eu hj não savia o que seria feito de mim.
.
desde o meu 8º ano a m prof de inglês ficou sempre como uma amiga.
porque ela persevia sempre quando tava mal, e ela obrigava-me a desavafar com ela.
só sei que ficamos grandes amigas que falava-mos de tudo e quee quando estava mal e ia falar com ela saia de lá muito milhor.
só para veres a m turma e professores o ano passado como saviam que eu andava triste pegaram e organizaram-me uma festa sopreza com direito a bolo de anos.
e uma prenda que fui um peluche que era um cão castanho e branco com um laço atrás e com um osso na boca muito fofito.
bem vou-me calar se não isto fica muito masante.

olha se me quiseres adicionar no msn:
o meu mail é:
anasaraiva92@gmail.com
continuação de umas boas postagens.
beijocas fofas Rita Saraiva.

olá Ana
foi assim a 2 anos no meu 8º ano nós estava-mos a dar a segunda aula de umas formulas mas propriamente umas equações que se podia por uns números por sima enquanto se resolvia para depois quando se foce a asertar não nos inganasemos.
mas depois apagava-se esses números.
então o meu professor, pos uma no quadro para o meu colega Enarni resolver.
depois ele acavou e o setor disse não está completamente bem
mas nãoapagues nada.
e ele perguntou quase aquele turno todo.
e eu depois disse:
posso tentar dizer ok é.
e o setor disse Sim podes.
então vasta apagar os números de sima para ficar bem.
e o setor virou-se para eles aqui se vê quem está com atenção
e se vê que a rita mesmo não podendo utelizar isso save que ele isiste.
não era para dizer que eu sou nais intelegente que eles.
ele só queria deixar sublinhado que nós asvezes conseguimos ser caixinhas de soprezas
e supriendemos tudo e todos.
eu nunca tive a tabela periodica a m frente e no intanto não tinha apontamentos nem livro.
e so sei com o que ouvia nas aulas e os exercicios que fazia oralmente com o professor.
sei que chegou o dia.
fiz o teste horal tirei 90% e o prof foi dizer na reunião intercalar que não tirei o 100% porque não quiz.
e saves oque é que ele e a m prof de matenática e mais alguns professores concluiram.
foi assim, que as duas coisas que me caracterizam é uma optima memoria, e um grande rasocinio lógico.
bem vou fugir
se não não me calo
beijos.

É com muito prazer e satisfação pessoal que tenho acompanhado estes comentários, em boa hora iniciados pela Ana Cristina à qual apresento desde já as minhas felicitações pela iniciativa que estendo a todos os outros que entretanto têm e muito, contribuído para esta discussão.

Quero desde já pedir desculpa pela “entrada a matar” com que iniciei a minha intervenção nesta discussão, mas devia de estar num daqueles dias em que, uma soma de disparates linguísticos emitidos por gente com alguma responsabilidade ao nível da opinião pública, assim me colocaram. “Númaro” em vez de número; frases sem acordo entre o sujeito e o verbo ou entre tempos verbais no mesmo período; utilização de “invento” em vez de evento quando se quer dizer que se realizou determinado acontecimento…

Mas, voltemos ao que aqui me trouxe, de novo, à discussão.

Sou professor de educação especial, problemas de visão (dou apoio a alunos cegos) numa escola da linha de Sintra. Tenho a meu encargo, para além da produção de muitos materiais em relevo – principalmente textos e outros exercícios em código Braille - , o apoio directo a dois alunos, que transitaram, este ano, para o 6.º e 7.º ano respectivamente.

Tenho lido com muita atenção todos os comentários. Encontro neles muita matéria importantíssima para reflectir e para modificar as minhas atitudes para com os meus alunos.
Melhor do que qualquer grande estudioso da matéria, são os próprios alunos ou as pessoas cegas que sabem o que lhes é melhor, o que lhes vai na alma, o que precisam e o que já têm.
Mais do qualquer manual de apoio à prática docente com alunos cegos, a experiência de quem se vê diariamente confrontado com situações de aprendizagem com maior ou menor qualidade é um aporte significativo para o “saber ensinar”.

Quero aqui deixar o meu pedido sincero de que continuem a colaborar nesta discussão e que aquilo que escrevam seja o reflexo das vossas necessidades, obstáculos, experiências e como pensam que deveriam poder ultrapassar essas limitações e ao mesmo tempo partilhar essas ideias com quem por aqui passar e possa sentir-se em condições de dar sugestões ou “palpites” de como ajudar nesta área.

Eu continuarei a passar por aqui para “ouvir” o que têm para dizer mas, se acharem melhor podem sempre escrever-me directamente, colocando questões ou dando sugestões.
lufineto@gmail.com

Um abraço a todos e votos de bom regresso ao trabalho.
Luís Neto

sabes isto também me aconteceu quando entrei para o quinto ano , eu tinha entrado naquela escola sozinha tinha sido transferida mudei de cidade e eu não conheçia absolutamente ninguem e as raparigas que ficaram na minha turma eram bastantes , quando eu ia para as aulas de educação fisica elas batiamme , sujavam-me a m