Está aqui

Brasil - Instituições dão apoio e qualificação ao deficiente visual

por Lerparaver

O professor de educação física da rede do ensino estadual, José Fernando Santos, perdeu a visão há 16 anos por causa de um glaucoma. Há seis anos ele conheceu o Centro de Apoio Pedagógico para Deficientes Visuais (CAP Visual) onde aperfeiçoou sua técnica de usar a bengala para se locomover e se interessou pela música.

“Atualmente, continuo as aulas de violão, faço musculação e participo das competições de atletismo”, diz o professor, entusiasmado.

De acordo com ele, o maior problema que enfrenta por causa de sua deficiência é o de locomoção. Além das calçadas e praças estarem bastante deterioradas, Fernando comenta que a dificuldade de atravessar as ruas é grande.

“São muitos buracos e desníveis nas calçadas e isto dificulta muito para quem tem deficiência visual. Aquele que sabe andar de bengala, quer ter uma independência e gosta de ir para os lugares sozinho sofre bastante. Já para atravessarmos avenidas necessitamos da boa vontade e ajuda de alguém, mas algumas ruas de pouco tráfego eu ainda me arrisco”, comenta.

Em Aracaju, existem quatro sinais sonoros no centro da cidade e raríssimas ruas são sinalizadas com placas e refletivos (‘olhos de gatos’) para que o motorista fique atento à passagem destes pedestres.

Este é um dos diversos problemas que o deficiente visual enfrenta diariamente. E por causa destes riscos que muitos deles têm dificuldades de se tornar mais ‘independentes’. “Alguns alunos se matriculam no início do ano, mas depois saem. Alguns casos, porque necessitam dos parentes para se deslocar de casa até o CAP e muitas vezes estes não podem acompanhá-lo ou até mesmo não dão importância ao assunto”, explica a coordenadora do CAP Visual, Margarida Maria Teles.

De acordo com ela, o centro ajuda com que estes deficientes tenham uma melhor qualidade de vida, mas ressalta que o processo de inclusão escolar ainda está caminhando. “Não podemos pegar uma pessoa com deficiência e colocá-la em uma escola, com colegas e professores que não foram preparados para recebê-lo. E um dos nossos papeis aqui no CAP é preparar este aluno para o ensino regular”, comenta.

CAP Visual

O aluno com deficiência visual que chega ao CAP pela primeira vez irá ser cadastrado e depois chamado para a avaliação funcional. “Um professor irá avaliar aquele aluno, saber do seu histórico médico, fazer testes de cores e tamanhos, pois temos aquele que é totalmente cego, mas também temos aqueles com baixa visão. Isto para saber se ele poderá ir para uma escola regular e não necessitará aprender braile, podendo usar outro recurso, a exemplo da lupa. Ou se terá que ficar primeiramente conosco e aprender a transcrição em braile para depois ser incluído na escola”, explica.

No CAP Visual o deficiente visual também tem acesso aos livros, textos e provas que são passados nas escolas, sejam elas das redes de ensino estadual, municipal ou particular. No local, também existe uma biblioteca com um bom acervo de livros em braile para atender aos alunos.

No ano de 2006, o Centro teve 151 alunos matriculados e 126 fecharam o ano freqüentando regularmente a escola. Destes, 64 são cegos, 59 tem baixa visão, dois são surdos-cegos e um é deficiente múltiplo. No total, 35 destes alunos freqüentam hoje o ensino regular, mas também recebem orientação pedagógica no centro.

“Infelizmente temos alunos que só se matriculam porque querem a carteirinha de passe-livre, outros não têm como vir às aulas e têm aqueles que as famílias não podem ou não querem trazer. São diversos os motivos que fazem com que exista este número de evasão escolar – que este ano foi pequeno”, explica Margarida Teles.

Para ajudar neste processo de inclusão, o CAP além de contar com a alfabetização em braile, técnica de uso do sorobã (cálculo matemático), aulas de orientação e mobilidade, por meio de técnicas para utilização da bengala e do apoio pedagógico àqueles que estão no ensino regular, também existem as atividades de apoio. “Música, educação física adaptada com exercícios de atletismo, natação e as atividades de solo como aeróbica e musculação são algumas de nossas atividades”, completa.

Para os que foram alunos do CAP ou perdeu a visão na faixa etária mais avançada existe a oficina de arte. “Muitos dos nossos alunos não querem se afastar da escola então criamos a oficina de arte onde o pessoal da melhor idade participa de atividades complementares como confecção de livros em braile para os mais novos, artesanato e jogos”, conta.

Outra idade que também é assistida no CAP é a Sala de Estimulação Precoce que atende crianças de 0 a 6 anos. “Quanto mais cedo a família traz a criança com deficiência visual para um ensino especialmente voltado para ela, mas cedo e melhor ela se desenvolverá em seu meio. Aqui nós temos todos os trabalhos que os professores fazem nas escolas de estimulação para a educação infantil, mas voltados especialmente para os deficientes visuais, com aparelhos adaptados”, diz.

Adevise

A Associação dos Deficientes Visuais de Sergipe (Adevise) também é outro órgão que trabalha com deficientes visuais. Segundo o assessor de comunicação da associação, Evanilson Vieira da Silva, a instituição surgiu da necessidade de um órgão para lutar em prol das causas dos deficientes visuais. Contando hoje com aproximadamente 360, a associação também procura buscar algumas parcerias para ajudar ao deficiente. “Fizemos parceria com a clínica da Universidade Tiradentes para tratamento odontológico, temos outro com a Unimed – um projeto chamado Vida Iluminada onde professores voluntários estruturaram e estão oferecendo curso de braile, informática, bijuterias e atividades terapêuticas ocupacionais”, diz.

Evanilson Silva fez questão de ressaltar que não existem mais parcerias e novas ações em decorrência do espaço. “O espaço que temos é pequeno para expandir nossas atividades”, comenta.

Sobre as dificuldades que um cego enfrenta, Silva enfatizou a educação precária e a acessibilidade. “As escolas não estão aparelhadas para atender um aluno com deficiência visual, para haver inclusão necessita-se de um professor preparado, mas este aluno deve estar englobado como um todo. E outro problema grave é para aqueles que querem andar de bengala e não têm ruas e calçadas adequadas”, enfatiza.

Fonte: http://www.infonet.com.br/noticias/ler.asp?id=53156&titulo=solidariedade

Nota: contribuição, via e-mail, de Pedro Afonso.

Comentários

É muito bom saber que existe mais um espaço para os deficientes visuais, e quanto mais cedo procuram o recurso, melhor irão evoluir, é fato que para a pessoa que perde a visão posteriormente não é fácil a adaptação mas quanto mais cedo ela aceitar melhor para ela seguir sua vida, e se readaptar.