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- blog de Anacristina

Descriminações em mobilidade... será que os professores estão preparados para ensinar alunos cegos?

por Anacristina

Olá,Decidi escrever a pedido de um amigo sobre as descriminações vividas por alguns alunos portadores de deficiência visual.
É importante pensarmos que ainda hoje há pessoas que fazem um emprego muito sério para pessoas portadoras de deficiência visual com alguma dificuldade, ou porque não gostam ou porque não tiraram o curso.
Esse meu amigo ligou-me na quarta-feira à noite para o instituto muito desanimado porque o professor de mobilidade disse-lhe que ele tinha um sentido de orientação horrível. Parece-me que um comentário desses não deve ser feito, porque em primeiro lugar fará com que um aluno fique inseguro, e porque não se sente apoiado por ele.
Outra coisa muito importante é a falta de descrição. É prejudicial em alguns casos, porque o aluno cego não consegue imaginar o caminho por onde anda. Dizer: segue em frente, viras à direita... e o que está ao lado? como é uma ponte? por vezes atravessam pontes e não sabem como é o formato.
Esse meu amigo é o Tiago Duarte, que está a ser acompanhado na Ariosa. Quando ele me falou disto, fiquei um pouco admirada e pensei: como é possível?
Corrige-me, Tiago, se estiver errada em alguma coisa.
Graças a Deus, sempre tive sorte com os professore de Mobilidade. Deram-me coragem para aprender novos trajectos, para aprender a andar nos transportes públicos... e acho que já disse aqui uma vez que foi dificil. Mas hoje sinto-me feliz por isso.
Mas nunca me disseram: o teu sentido de orientação é horrível! eu sabia por mim própria que era verdade. quando me ensinavam a ir para um sítio, por vezes enfiava-me por parques adentro, uma vez perdi-me num jardim... mas dava conta do erro. Umas vezes era eu própria que notava, outras vezes era o professor que me chamava... ufa! foi impressionante! Mas diziam que isso com o tempo ia desaparecendo... porque se naquele momento em que eu própria desanimava me dissessem que sentido de orientação horrível! nunca mais queria saír à rua. Acho que dificuldades já há q.b, não é preciso atirarem coisas desse género às pessoas.

Comentários

Olá Ana Cristina!
Olá Tiago Duarte!

Como já tive oportunidade de dizer, também sou deficiênte. Contudo n sou deficiente invisual. Quando n passo por a descriminação por ser deficiente, mulher e financeira, e estou a trabalhar, nunca me aconteceu ter de trabalhar com invisuais. Uma actividades que mais frequentemente exerco é lecionar, isto quando consigo ser colocada. Actualmente a politica de ensino refere e faz a integração das pessoas com deficiência no âmbito dos curriculuns escolares para os demais alunos. Acontece que as pessoas com deficiência são integrados nas escolas, com os demais alunos, e numa qualquer turma o dificulta a integração dos alunos na turma e com os demais colegas, n sendo a pessoa com deficiência a responsável por essa dificuldade de integração, mas sim a demais comunidade escolar constituída por professores, funcionários e alunos.
Eu falo por mim enquanto professora, e nas dificuldades que iria ter em leccionar para todos os alunos em simultâneo, e mesmo com aulas de compensação apenas com a pessoa com deficiência, eu n conseguiria ser bem sucedida, e por mais q me esforça-se e aplicasse estratégias, dificilmente conseguiria ser bem sucedida. Este insucesso, n seria fruto de uma baixa auto estima, seria fruto de ter qualquer formação, pedagógica para leccionar os curriculuns académicos de forma adequada. O ministério da educação esquece-se q ao ser importante promover a integração das pessoas com deficiência em escolas e turmas com os curriculuns escolares nornais iguais para todos, deveria facultar a adequada formação ao docente para poder leccionar as pessoas com deficiência e ainda definir curriculuns alternativos e adequados para pessoas com deficiência. Eu pessoalmente teria inúmeras dificuldades em leccionar, uma turma onde se encontram pessoas com deficiência, porque n tenho a formação adequada. Este tipo de experiência, seria pouco proveitosa, para ambos, sobretudo para mim que seguramente por n ter a formação adequada iria com certesa prerafresear comentários, os quais n seriam adequados, criando mais obstáculos no relacionamente professora aluno estabelecido, comprometendo seriamente o progresso do aluno, para além q iria originar prováveis problemas do psico no aluno.
As intensões são boas, mas contudo na prática e na aplicação das mesmas, o sucesso esperado n acontece, por falta de meios e sobretudo formação adequada para leccionar de forma integrada, ou em separado pessoas com deficiência. Sentir-me-ía completamente inoperacional, sem sucesso extemamente frustrada.
Recordo-me agora de uma notícia, da altura do início do ano lectivo, quando uma criança q tem um sindroma raro, que origina graves problemas, entre outros, de visão, estando numa fase de perder em definitivo a visão.
Recordo que a criança é de Barcelos e foi integrada numa escola do 1º cíclo do ensino bsico, onde nem sequer um professor do ensino especial existe. Pergunto-me agora como se sente esta criança q dificílmente se integrará naquela escola com os demais colegas, e o q sentirá a professora ao leccionar, sem qualquer sucesso, mesmo com q tenha utilizados todos os recursos possiveis para fazer o aluno progredir.
Bem haja para todos vóz.
Célia

anacristina
Sou estudante e a maior parte dos meus professores não teve qualquer contacto com alunos cegos, nem teve nenhuma formação. Mas tenho de confessar que alguns professores, apesar da falta da formação, não põem obstáculos. Talvez lá no seu íntimo não seja bem assim, mas não o mostram e fazem um óptimo trabalho!
Mas devia ser obrigatório todos os professores terem uma formação para estarem minimamente preparados para receber e adaptar as aulas a um aluno com qualquer deficiência.
Obrigada pelo comentário

anacristina

Ana Catarina Rocha RuaOlá Célia, essa criança por acaso não é um menino em que foi detectado a doença rara Síndrome de Alnstrom? se sim gostava de saber mais sobre ele e sua família visto que eu também sou portadora dessa deficiência. Pode escrever-me para: alanarocha@sapo.pt. bjs Ana Rocha

Ana Rocha

Oi !!

Tiago Duarte, um grande amigo meu há longa data !! loooool
Um forte abraço pra ti Tiago, se vires esta mensagem !!! loooool

Realmente, ele (o Tiago) falou-me das aulas de mobilidade .... !!
Acho q as pessoas que dão orientação a esse nível deviam ter um mínimo de sensibilidade e de bom senso ... !! loool
O q pelos vistos nem sempre aconrtece .... !! É pena q assim seja ... !! :-(
E é por isso q não podemos baixar os braços ou cruzá-los, há muito trabalho que nos espera, .... e quem sabe um deles é sensibilizar estas pessoas q dão aulas de mobilidade ??

Olá Ana Cristina infelizmente os professores não estão preparados para dar mobilidade isto é verdade e as verdades são para ser ditas...
BJS Marciel

maciel

Os professores têm de estar preparados para lidar com todo o tipo de alunos, sobretudo se são professores de apoio a alunos com deficiências. Enquanto fui aluno nunca tive razões de queixa dos professores, nem do ensino especial, nem do ensino regular.
No Ribatejo uma professora de Português-Francês com horário zero foi encaminhada para apoiar um aluno com deficiência, ficou horrorizada e para ela o domingo era um dia horrível, porque na segunda-feira iria ter um aluno com uma deficiência grave para apoiar.
Em Lisboa uma professora foi colocada para dar aulas durante todo o primeiro período, numa das turmas tinha dois alunos com deficiência, diz que foi terrível para ela e o maior gosto que teve foi ter ter terminado o contrato e ir para casa, para deixar de ter aquela turma.
Eu sou amblíope e professor e tal como digo no meu Blog, fui alvo de discriminação no ano passado e no início deste ano por parte dos Conselhos Executivos, felizmente deram-me destacamento e pelo menos estou a dar apoio a alunos com dificuldades de aprendizagem. porém os preconceitos de muitos colegas são muitos e já sei que com a avaliação dos docentes serei um a ser expulso do ensino.
No dia 11 de Abril quando ia a dobrar o corredor que ao fundo dá acesso à sala de professores, eram 13:15h. um colega e uma colega iam saindo sda sala e conversando quando ele exclama para ela: já o cego! Tal afirmação provocou em mim sorrisos estampados no rosto, pois um cego total não anda sozinho, leva sempre uma bengala ou um cão. E depois vêm esses professores demonstrar arrogância julgando que pertencem a uma elite.
É claro que nunca se diz a um aluno cego: a tua mobilidade é horrível! Nem nunca se chama burro ou ignorante a um aluno, independentemente de ele ser cego ou dito normal.

anacristinaOlá, eu em relação a mobilidade nunca tive razão de queixa. Tive sempre óptimos professores.
Mas nas aulas às vezes ainda acontece vir um professor que não sabe lidar com uma pessoa cega ou com outra deficiência e simplesmente não quer se irritar... e deixa-nos de lado. Alguns sensibilizam-se com isso, eu própria senti-me uma vez ignorada... mas sou uma pessoa que não consegue estar calada porque não consigo esconder o que vai cá dentro... e cá vai disto. Acabou-se a aula. Fiquei sozinha com o professor em questão e falei... não da maneira melhor, infelizmente... mas foi complicado aguentar até àquela altura. Os meus colegas tinham os apontamentos todos, passava tudo no quadro, eu pedia... mas fingia que não me ouvia. E quando algum colega se disponibilizava...
- senta-te!
E os apontamentos vinham-me parar às mãos na véspera do teste... montões de folhas... isto aguentei muito tempo calada até que tudo acabou... porque ela viu que eu a topava...
- a partir de hoje não vai ser mais assim.
- assim espero.
E pronto... ao menos aceitou a conversa! outros infelizmente têm a ideia fixa de que estão a fazer uma grande coisa...

anacristina

Ana Catarina Rocha RuaOlá Ana, em primeiro logar parabéns por este teu comentário. Eu tambem no ensino básico fui várias vezes ignorada por professores e colegas mas como também não sou de ficar calada mas sim dizer aquilo que penso lá fui conseguindo o que queria. bjs Ana

Ana Rocha

anacristina
Continua assim! pois se não és de ficar calada, és como eu. Talvez arranjemos alguns inimigos, mas as verdades são para se dizer. Isso é um dom e uma grande coragem.
Continua!
E mais uma vez obrigada pelo teu comentário

anacristina

Ana Catarina Rocha RuaOlá Ana, eu falo agora por experiência própria o quanto é frustrante um professor de mobilidade nos dizer que o nosso sentido de orientação é horrível e de gritar quando nos enganamos no caminho porque ainda não fizemos o desenho mental, isso infelizmente acontece comigo. Mas como eu tenho força de vontade de ser autónoma aos poucos la vou conseguindo. Outra coisa que me frustra é quando a minha professora me atira a cara que sou comodista. Mesmo asim digo ao Tiago e a todos sigam em frente! bjs Ana Rocha

Ana Rocha

anacristina
Apesar de tudo, temos de mostrar que somos capazes. Pode ser que assim consigamos acalmar as feras.
Força para ti!
Obrigada pelo teu comentário

anacristina