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"Nenhum pessimista jamais descobriu os segredos das estrelas, nem velejou a uma terra inexplorada, nem abriu um novo céu para o espírito." (Helen Keller) - blog de Marco Poeta

O que um cego vê

por Marco Poeta

O que um cego vê

Aprendi a ver o interior das pessoas e a não avaliá-las apenas pela sua aparência física. Os seus gestos, a sua postura, a sua sensibilidade são o que eu vejo nelas e o que mais me dizem sobre as mesmas.

O seu carinho, a sua humildade e a sua sensibilidade fazem-me ver o quanto é bela e doce. Perante esta revelação, o facto de ser fisicamente bonita ou feia, alta ou baixa, magra ou gorda, branca ou de outra cor, rica ou pobre, sã ou doente, tornam-se completamente irrelevantes.

O que importa para um cego é o interior da pessoa.

É amá-la como ela é.

É guiá-la com os olhos do coração.

É perdoá-la pelas suas fraquezas e dúvidas.

E é ver nela o que mais ninguém vê!

Marco Branco

Comentários

Olá Marco!

Acho que todos nós, cegos ou normovisuais quando queremos encontrar o parceiro ideal desejamos que tenha um interior "belo", enfim, perfeito interiormente. É claro que quando vemos a pessoa pela primeira vez, desperta-nos pela sua beleza exterior. Até mesmo o cego pergunta a um amigo que vê se " ela é bonita". Isso é normal acontecer, pois é o primeiro contacto que temos...com aspeto exterior, a partir daí pode ou não criar-se uma amizade, conhecerem-se melhor e depois até surgir uma relação, um namoro...

Sabes, muitos casais cometem um grande erro, namoram meia dúzia de dias e depois querem logo fazer vida juntos. Nem sequer têm tempo para se conhecerem melhor antes de iniciar um compromisso sério. Aconselho todos os casais de namorados: namorem, conheçam-se melhor antes de embarcarem num compromisso mais sério: a união. Namorem muito, conheçam as qualidades mas principalmente os defeitos do parceiro...sejam verdadeiros um com o outro e zanguem-se também, faz parte do namoro. Sejam quem são, não sejam o que parecem ser só para não magoarem o outro. Mais tarde ou mais cedo as pessoas revelam-se!

É uma grande responsabilidade escolher a pessoa ideal, aquela que vai partilhar sua vida connosco! Por isso construam primeiro a relação, sem stress, sem ansiedade, mas não se precipitem . Namorem e sejam felizes.

Mas voltando à tua reflexão, não procures a pessoa perfeita, mas sim aquela que com todos os seus defeitos e qualidades, é a pessoa que preenche o teu coração...que te faz sentir bem, que te acompanha nos bons e maus momentos, que te aceita tal como és, mas que também seja frontal, que diga as verdades, mesmo que te magoem..!

Sê feliz!

Olá Céu!

A minha reflexão não se referia apenas ao amor a dois, mas entre amigos, pais e filhos, etc. Mas agradeço-te pelo comentário.

Sabes, para escrever este pensamento, basiei-me na história do Principezinho. Depois de ele cativar a raposa ela disse-lhe o seguinte:

" Eis o meu segredo. É muito simples:
só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos."

Agora respondendo ao teu comentário.

Um cego não se apaixona pela beleza exterior da outra pessoa, mas pelo modo singular como ela fala com ele, o modo como o toca, o modo como se dirige a ele em especial, etc. Pelo menos esse é o modo como conheço as pessoas, uma vez que estou privado da visão. A beleza exterior vem depois, porque se formos atentos o amor é muito mais que uma simples atração física. Ele resulta de um sentimento recíproco e da interação entre duas pessoas que partilham sentimentos um pelo outro em comum.

As relações a dois podem evoluir do fascínio e paixão para o amor quando ambas as partes se aceitam tal e qual, e respeitam a sua maneira de ser. Infelizmente, são muitos poucos os casais que chegam à fase do amor, que não tem nada a ver com uma paixoneta aguda.

O amor é como uma viagem. O casal conhece-se, começa a trocar contatos, tornam-se amigos, com o tempo descobrem que se sentem apaixonados um pelo outro e vão morar juntos; passado um tempo feliz, conhecem-se profundamente, descobrem que não são assim tão perfeitos como imaginavam, mostram os seus defeitos, mas se uma ou ambas as partes não se aceitarem plenamente, e não souberem aprender com a vida, a viagem pode chegar ao fim.

Há casos de amor à primeira vista, embora sejam raros. Quando isso acontece, não têm dúvidas do que sentem um pelo outro e não conseguem viver um sem o outro. Zangarem-se e terem as suas crises faz parte da relação e se o amor for verdadeiro superam juntos qualquer barreira.

Sem os erros jamais um casal terá uma relação de maturidade. Fugir dos problemas é uma péssima solução.

Defendo que é o interior da pessoa que me diz com segurança o que ela é, mesmo que ela tenha os seus defeitos, os seus medos e as suas dúvidas. Não estou interessado na sua perfeição, pois só Deus é perfeito. Estou mais interessado na sua pessoa, na sua humanidade, no seu coração, na sua humildade, na sua sinceridade mesmo que me magoe muito, na sua simplicidade e na sua imperfeição.

As nossas imperfeições é que nos tornam mais humanos e sensíveis, que nos tornam mais maduros e responsáveis pelas pessoas que amamos. Quando as estamos para perder ou as perdemos, compreendemos o quanto Elas significam para nós e nos fizeram crescer. Sem as nossas imperfeições e os contratempos jamais compreenderíamos que o verdadeiro amor é aquele que cresce com as dificuldades e que resiste a todos os testes. Se a vida nos testa é para provar a se realmente amanos essa pessoa.

Beijos