O último mês de 2013 trouxe boas novidades para a acessibilidade na Universidade Federal de São João del-Rei: a UFSJ é uma das instituições que formam a Rede Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento da área, instituída através de portaria, no dia 3 de dezembro, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Outra boa notícia é a renovação de recursos do Núcleo de Robótica e Tecnologia Assistiva da instituição - R$ 110 mil para os próximos dois anos.
Desde 2011, o Governo Federal já havia colocado em vigor o Viver sem Limite – Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que busca a promoção de programas e ações voltados a garantir que as pessoas com deficiências exerçam seus direitos. O programa foi inspirado "na força e no exemplo das próprias pessoas com deficiência, que historicamente estiveram condenadas à segregação". Também data de 2011 a criação, na UFSJ, de um dos quatro primeiros núcleos de pesquisa da área, no país - o Núcleo de Robótica e Tecnologia Assistiva. De acordo com dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Brasil tem 29 núcleos. Com a aprovação da portaria, prevê-se a instituição de um sistema composto por 90 núcleos de pesquisa ligados a 54 instituições, dentre universidades e institutos de ciência, tecnologia e educação.
Dentre os objetivos do Núcleo da UFSJ para os próximos anos estão o desenvolvimento de um carro para locomoção de cadeirantes dentro dos campi da instituição, de uma cadeira de rodas robótica que funcione de forma semiautônoma pela universidade ou outro espaço fechado e também um sistema de localização que informe para um deficiente visual, por meio de áudio, o local, trajeto e localização espacial de certas dependências da universidade.
O professor de Engenharia Elétrica da UFSJ e responsável pelo suporte e desenvolvimento na área de Robótica e Interfaces Homem-Máquina do Núcleo, Eduardo Bento, considera que a renovação das verbas foi “uma conquista muito grande, pois todos que participam deste projeto sabem da sua importância e urgência. Ter uma universidade plural e participativa é dar também a essas pessoas o acesso à educação de qualidade e permitir que elas tenham acesso as nossas instalações e aos materiais de apoio ao aluno e servidores com necessidades especiais.”
Eduardo conta que o projeto inicial, de três anos, terminará em outubro de 2014. A renovação proporcionará a garantia de mais dois anos de trabalhos. Alguns projetos, explica o professor, serão finalizados antes, por serem tecnologicamente menos complexos, mas outros, como o carro elétrico para transporte de pessoas com deficiências pelos campi, têm previsão de serem concluídos entre 2015 e 2016.
O professor destaca também a importância da Universidade realizar projetos como esse e ter a participação efetiva dos alunos. “Vale lembrar que o Núcleo atua de forma multidisciplinar. A parte técnica envolve áreas como Engenharia Elétrica, Mecânica, Mecatrônica e Ciência da Computação, e a parte humana, as áreas de Psicologia, Pedagogia e Educação Física.” Essa natureza, segundo Eduardo, faz com que “os alunos possam trabalhar em equipe, lidando com pessoas de áreas distintas, desenvolvendo neles habilidades interpessoais essenciais para o mercado de trabalho”. O professor ainda revela outro fator primordial: despertar nos alunos a consciência de construir um mundo sem barreiras e com oportunidades iguais para todos. “Nas engenharias, este contato é fundamental, para humanizar o engenheiro, de modo que seu olhar esteja sempre atento à necessidade do outro”, afirma.
A mobilidade reduzida ou a falta dela é um dos fatores que contribuem para a exclusão de pessoas com necessidades especiais, afastando-os ainda mais da sociedade. A intenção é que o Núcleo se torne uma referência em pesquisas, tendo a Robótica como tecnologia principal e contribuindo para a inclusão de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida na educação e no mercado de trabalho.
O Núcleo
No núcleo da UFSJ, são desenvolvidos diversos projetos na área, sempre com ênfase na robótica. Formado por integrantes de cursos distintos, como Engenharia Elétrica e Psicologia, apresenta uma heterogeneidade que permite ao projeto unir tecnologia aos cuidados necessários a cada usuário. Também em parceria com o Setor de Inclusão e Assuntos Comunitários da UFSJ (Sinac), modificações vêm sendo feitas nos laboratórios para que estes estejam aptos a atender o público-alvo do projeto, inclusive pesquisadores e alunos com alguma necessidade especial.
Em pouco mais de dois anos, o Núcleo de Robótica e Tecnologia Assistiva desenvolveu atividades de destaque, como, por exemplo, o projeto de um braço robótico para auxílio e inclusão de pessoas com limitações motoras no mercado de trabalho (em fase de usinagem e teste), a criação de um sistema de interface de comunicação libras para voz sintética ou texto, e o projeto de um kit didático de robótica educacional, para ser usado por pessoas com necessidades especiais (em fase de concepção).
Em 2013 começaram a ser ministradas aulas de robótica educacional para crianças com deficiências e, no final deste ano, haverá, dentro da competição de Robótica do Campo das Vertentes, uma categoria que engloba as tecnologias assistivas robóticas. Nessa categoria, crianças e adolescentes serão desafiados a criar um robô cadeira de rodas em miniatura, que passará por um trajeto com obstáculos. Com isso, estuda-se a possibilidade de levar a robótica assistiva para os grandes eventos nacionais de robótica, juntamente com seus coordenadores.
Link: http://www.ufsj.edu.br/noticias_ler.php?codigo_noticia=4363
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