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PME´s excluem cegos e ciganos e dificultam liderança às mulheres

por Norberto Sousa

Estudo sobre justiça social e diversidade nas empresas

Amanhã celebra-se o Dia Mundial da Justiça Social. Trabalho do IPAM analisa disparidade de género, etnia e deficiência no mercado de trabalho

Há falta de diversidade nas pequenas e médias empresas (PME’s) portuguesas. Esta é a principal conclusão de um estudo “Justiça Social, Gestão da Diversidade em PME’s Europeias”, coordenado pelo IPAM – The Marketing School. Numa análise a um universo de 63 PME’s certificadas pela ISO 9001, o IPAM detectou disparidade ao nível do género, da nacionalidade e do tipo de deficiência dos trabalhadores.

Relativamente ao género, o estudo indica que a média de colaboradores das empresas situa os homens nos 59 por cento e as mulheres nos 41 por cento. Uma diferença pouco acentuada ao nível da contratação. No entanto, o abismo entre homens e mulheres é visível nos postos ocupados por cada género. Assim, os homens ocupam 78 por cento dos lugares de “dirigentes”, contra os 21 por cento ocupados pelas mulheres. No outro extremo da tabela surgem os postos de “praticantes e aprendizes”, onde as mulheres ocupam 82 por cento dos lugares e os homens 18 por cento.

A disparidade não acontece só nos postos de trabalho ocupados por homens e mulheres. Segundos dados do INE relativos a 2010, a conversão para euros destas diferenças de género beneficiam os homens em 128 euros – o salário médio deles ronda os 849 euros e, no caso delas, os 721 euros. Esta diferença aumenta nos quadros superiores, com os homens a ganhar em média mais 228 euros que as mulheres.

Etnia e deficiência continuam a ser um entrave ao emprego

A falta de diversidade aparece também na questão da nacionalidade dos trabalhadores, já que 97 por cento destes são portugueses. Por outro lado, os estigmas sociais associados à deficiência, raça e etnia contribuem para uma menor integração dos candidatos. Na tabela dedicada à raça e etnia, os ciganos lideram, já que 47 por cento das PME’s considera dificilmente integráveis ou definitivamente não integráveis os potenciais colaboradores desta etnia.

No que concerne às deficiências, o estudo revela que sete em cada 10 PME’s consideram que os candidatos cegos serão dificilmente integráveis nas empresas, devido à deficiência visual. No caso dos surdos, a dificuldade de integração situa-se nos 45 por cento. Para justificar estes dados, cerca de metade das empresas inquiridas afirma que nunca teve candidatos com deficiência e 19 por cento admite que a empresa não está preparada – ao nível da acessibilidade física – para receber trabalhadores com deficiência. Tal realidade denota falta de informação sobre apoios existentes e tipos de deficiência.

Dia Mundial da Justiça Social

Segundo Sandra Gomes, coordenadora do curso de Gestão de Marketing do IPAM e coordenadora do estudo, existem várias vantagens para organizações que apostem numa gestão estratégica da diversidade laboral. Desde logo, o aumento da criatividade e inovação, a melhoria da comunicação interna e externa, o desenvolvimento de competências de trabalho em equipa e em rede, ou mesmo a exploração de outros nichos de mercado ou a expansão de oportunidades globais.

Amanhã, domingo, 20 de Fevereiro, celebra-se o Dia Mundial da Justiça Social. Em Portugal ainda há muito a fazer neste campo. Sandra Gomes refere que “embora a realidade das PME’s portuguesas ainda revele falta de diversidade em relação aos trabalhadores, a responsabilidade social tem sido fortemente incluída nas estratégias e nos discursos das empresas portuguesas”. “E é nos cenários de crise como o actual que as empresas devem apostar na responsabilidade social enquanto factor de diferenciação e competitividade”, conclui.

Escrito por CienciaPT
19-Feb-2011

Fonte:
http://www.cienciapt.net/pt/index.php?option=com_content&task=view&id=10...

Comentários

Olá Norberto!

Discriminar as pessoas porque têm uma limitação é uma estupidez, porque cada pessoa tem o seu potencial, mas é triste que só vejam o superficial... Se é que as empresas não empregam cegos ou surdos, então pior é para os surdocegos, cujas chances de emprego são muito remotas...

E depois aquela tanga dos homens terem mais sorte que as mulheres... As mulheres trabalham as mesmas horas que os homens e ganham menos... É absurdo, e parece que ainda persiste a cultura ancestral de que o homem é superior à mulher...

Ah, pois... somos um país que se diz democrático, mas que na hora da verdade se revela racista e xenófobo... Tamanha hipocrisia!

Raça só existe uma que é a raça humana! Depois dela são as etnias que não é sinónimo de raças, mas sim de características de um povo que dão origem à diversidade humana.

Cumprimentos

Marco Poeta

Olá Norberto !

No dia mundial da justiça, continuam haver tantas mas tantas injustiças ! :-(
A Justiça em Portugal tarda muito a chegar ... !
Um caso extremo é daquele menino q tá a ser investigado há 13 anos, é mto tempo ! :-(

A discriminação, embora tenha diminuido, mas continua .... !
Caramba tamos em pleno sec XXI, já era tempo de acabar com isso !
Mas enfim ... a discriminação e a injustiça continuam a marcar pontos ... infelizmente ! :-(

Cabe a cada um de nós denunciar todas essas injustiças !
Abraços