SÃO PAULO - O piso tátil para deficientes visuais da Rua 24 de Maio, no centro da capital, tem uma armadilha: no meio do caminho destinado a cegos, há um poste. Sem um orientador ou caso sua bengala não indique o "obstáculo", o deficiente poderá se machucar. Pisos táteis são alternativas encontradas pelo poder público para orientar os cegos nas grandes cidades. Emborrachados, coloridos e texturizados, eles são usados pelos cegos que encostam sua bengala no chão e sentem o piso especial. A população, por sua vez, deve deixar esse caminho livre para eles. Contudo, o piso da 24 de Maio, na esquina com a Avenida Ipiranga, em vez de nortear os deficientes visuais, pode levá-los a se ferir.
- Ter um poste no meio do meu caminho é algo muito grave. Se a bengala passa e não bate em nada, podemos bater o joelho, a cara e se machucar - disse a aposentada Joaquina de Souza Cruz, de 63 anos, que perdeu a visão aos 22 anos.
Na última quinta, Joaquina e mais três deficientes visuais caminhavam pela calçada da Rua 24 de Maio. O marido dela, Adairo de Souza Cruz, de 63, é deficiente visual desde os 14 anos e diz que não usa o piso tátil.
- Se você não me dissesse que aqui tinha um piso feito para eu acompanhar, não saberia. Não sinto ele e não uso - disse.
O ambulante Francisco Antônio Rodrigues, de 81, também reclamou.
- Colocar um poste no meio do meu caminho é um erro muito grande. Nós trombamos com orelhões e objetos que não nos dão referência, mas não com postes - reclamou.
Também ambulante, Francisco Lopes, de 48, reclamou de buracos e carros.
- É difícil andar em São Paulo. Tem muitos buracos na calçada, estacionamentos com manobristas que não nos respeitam. Mas eu não sabia de postes - contou.
Fonte: http://oglobo.globo.com/sp/mat/2006/10/01/285915791.asp
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