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No mundo real dos invisuais os sentidos vêem a dobrar

por Lerparaver

A Associação de Apoio ao Deficiente Visual do Distrito de Braga comemora, amanhã, 11 anos de vida. Uma casa nova, outra estrutura, novas necessidades. Um trabalho dedicado aos outros num mundo onde as mãos vêem mais que os olhos...

Casa nova, vida bem diferente para melhor. A tónica da Associação de Apoio ao Deficiente Visual do Distrito de Braga, no início de 2007, é bem mais dominante que em anos anteriores. Novas condições, outra estrutura, melhor serviço aos utentes. Aliás, Domingos Silva, presidente, refere mesmo que os últimos três meses de 2006 e este ano são “memoráveis” na vida da instituição que tem sede na Póvoa de Lanhoso, de onde é natural. “Antes, não havia nada. Por isso, há 11 anos, começámos este projecto”, disse. Depois, seguiu-se um trabalho de fundo na criação da aassociação que passou a funcionar nos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso. Entretanto, apareceu o núcleo da delegação de Braga da ACAPO. “Esse facto não podia impedir a criação da nossa associação. Aliás, toda a gente nos dizia isso mesmo”, diz. A AADVDB comemora, amanhã, o seu aniversário, tendo ccomo público-alvo da sua actividade mais de 1500 deficientes visuais, segundo as estatísticas de 2001. Os atendimentos multiplicam-se (mais de 30 por mês), ficando o transporte a cargo da associação. Por isso é que este sábado, aquando da festa de aniversário, será apresentada uma nova viatura.

Domingos Silva explica que estaa associação trouxe uma nova vida para os invisuais do distrito, abrindo novos horizontes. “Todos precisam de conviver, o que lhes dá outra estabilidade, outra autonomia”, diz. “A Segurança Social, na pessoa da sua directora, Maria do Carmo, foi uma ajuda fantástica para a nossa instituição”, revela. “O Ano de 2006 foi de grande felicidade. Conseguimos o acordo de cooperação, nova sede, o donativo de 25 mil euros do Banco Montepio Geral, etc”, refere. O presidente esplica ainda que os apoios recebidos no ano passado permitiram pagar algumas dívidas pendentes do passado.

Domingos Silva explica ainda que as autarquias têm apoiado o trabalho da associação. “Mas é necessário muito mais”, diz, acrescentando que a Póvoa de Lanhoso tem que perceber que o facto da sede ser neste concelho é uma mais-valia para a região, até para o Norte do país já que pessoas que não são do distrito também nos procuram. No entanto, a nossa prioridade vai para o distrito”, diz. “Hoje, a nossa vida é diferente, muito mais exigente. Deste modo temos que ser ajudados de forma mais intensa para que possamos continuar a servir bem os invisuais do distrito”, desafia, não se escusando em destacar o apoio de “algumas autarquias” e do Instituto Superior de Saúde do Alto Ave (ISAVE), desafiando os restantes agentes do distrito a seguir o seu exemplo. Domingos Silva explica que a Segurança Social paga 80 por cento do valor do aluguer da nova casa, ficando o resto a cargo dos donativos de benfeitores, da quota anual de seis euros dos sócios.

O futuro preocupa Domingos Silva, mas não esconde a sua satisfação pelo trabalho desenvolvido. “Vamos sempre depender a boa-vontade das pessoas. Mas temos fé para continuar a fazer coisas bonitas nesta área. Vamos andando e vamos vendo”, diz. O presidente fala ainda do desejo de ver concretizados alguns projectos, explicando que quer mais pessoas a procurar os serviços da associação. Como prenda para os 11 anos de história da associação Domingos Silva revela um ‘olhar’ de esperança, insistindo no facto do distrito ter a necessidade de crescer mais no apoio aos invisuais. A comemoração do aniversário da AADVDB decorre sábado, na sua sede, a partir das 15h00, momento que servirá igualmente para agradecer aos amigos da associação. Exemplo disso é o Grupo ‘Vaticanos’cujas verbas da venda do seu novo CD revertem a favor desta nobre causa.

Encontro de Deficientes Visuais decorre na Póvoa de Lanhoso

A Associação de Apoio aos Deficientes Visuais do Distrito de Braga procura envolver os seus utentes na sociedade e, simultaneamente, despertar a sociedade para as problemáticas que estas pessoas vivem. Neste sentido, os responsáveis pela associação têm apostado no trabalho com jovens, encontrando-se em fase de implementação um protocolo de colaboração com a delegação do Instituto Português da Juventude, que poderá permitir a instalação de um Ponto de Informação Juvenil (PIJ) da AADVDB, representando uma ponte para a mudança de atitudes face à deficiência visual. Por outro lado, procura também incutir nos invisuais o sentido de pertença numa lógica de inclusão familiar, associativa, cultural e social, promovendo a autonomia, a auto-estima, a aceitação da condição física, a mobilidade e orientação, o bem-estar psicológico e a sociabilização.

Desde o passado mês de Outubro que está em funcionamento o Centro de Atendimento, Acolhimento e Animação, ao abrigo de um acordo atípico estabelecido com o Centro Distrital de Segurança Social, uma psicóloga, um técnico superior de motricidade e reabilitação e uma técnica superior de educação/animadora socio-cultural, para além de variadas actividades de sociabilização, deporto e lazer, permitindo, segundo os responsáveis pela AADVDB, dar respostas sucessivas e em simultâneo às inúmeras solicitações resultantes da deficiência visual, sendo que o transporte dos utentes é assegurado pela associação. O plano de actividades para este ano assume como principais objectivos dinamizar actividades terapêuticas, ocupacionais e de lazer que possam trazer novos comportamentos de vida; promover a integração e sociabilização dos utentes, reduzindo as taxas de exclusão social; sensibilizar parceiros sociais bem como a comunidade em geral para os direitos das pessoas com deficiência; e incentivar a consciencialização acerca das medidas necessárias à promoção da igualdade de oportunidades para as pessoas com deficiência.

As actividades desenvolvidas pela AADVDB assumem-se como manifestações do nobre trabalho por ela realizado. Agora que a nova sede ganhou expressão, estas podem-se realizar de forma mais sustentada. No passado dia 4 de Janeiro a associação assinalou o Dia Mundial do Braille. O dia 19, tal como já foi referido, assinala o aniversário da AADVDB. Em Fevereiro, Baile de Máscaras (dia 19) e visita ao Estádio do Dragão (dia 28). Em Março, Dia do Pai (dia 19) e em Maio, possivelmente na Póvoa de Lanhoso, o Encontro Nacional de Deficientes Visuais. Depois, seguem-se outras actividades de cariz cultural, como a festa das famílias, as comemorações do S. João. Os meses de Verão assumem uma das actividades mais marcantes: férias desportivas, de 25 de Agosto a 2 de Setembro. Segue-se, em Outubro, a comemoração do Dia Mun-dial da Bengala Branca e, já em Novembro, a comemoração do Dia de S. Martinho. No último mês do ano, Dia Internacional da Pessoa com deficiência (dia 3) e a Festa e Ceia de Natal (no dia 16).

Nova sede: outras necessidades

A visita à sede da associação é rápida, mas marcante. Cada canto, um espaço diferente para servir os outros. Além das salas normais de trabalho administrativo e atendimento dos cerca de 30 utentes que pro-curam mensalmente os serviços da AADVDB, a nova sede apresenta um saalão polivalente, ainda em fase de estruturação. Falta o mobiliário, algo que pode chegar dentro de dias, mas para o qual a associação ainda precisa de apoio. Esta sala assume-se como uma mais-valia ao nível da realização das actividades, bem como das várias terapias de reabilitação dos utentes.

O mesmo de passa com a sala de informática, um dos espaços com maior utilização por parte dos utentes. Os equipamentos são escassos e os que existem são obsoletos. Para reforçar os instrumentos deste espaço a AADVDB ainda não tem solução, aguardando que possa ser encontrada uma forma de adequar os equipamentos às necessidades da população.

Ainda que a nova sede da associação, instalada junto ao Campo dos Moinhos Novos, onde joga o Sport Clube Maria da Fon-te, possa ser uma mais-valia para o trabalho da associação, Domingos Silva revela que ainda não desistiu da ideia de construir uma de raz. O terreno já existe, e está localizado na freguesia de Fontarcada, também na Póvoa de Lanhoso. O empresário povoense Ferreira Martins doou o espaço em 2006 para que este pudesse servir as necessidades da AADVDB, aguardando-se que os apoios possam surgir e a saúde financeira possa dar o mote para a ‘eterna’ sede da associação.

Fonte: http://www.correiodominho.com/noticias.php?&IDTema=8&IDNoticia=26757

Comentários

é comalegria que vus dou os parabens e que esta data seja o ponto de partida para novos desafios que a formação proficional seja uma realidade. não queirão ser mais uma asociação para festas mas que seja uma asociação com um caminho onde a formação seja maior bandeira.

maciel