Muitos obstáculos para cegos

Patrícia Abrantes

Uma quase ausência de passadeiras com desnivelamento no acesso à travessia e de passeios com baixamento, bem como a inexistência de informação acerca de horários dos autocarros ou preços dos produtos nos supermercados em braile são alguns dos obstáculos que os invisuais residentes na cidade de Aveiro têm de enfrentar diariamente.

São estas as conclusões a que chegaram sete alunos da Escola Profissional de Aveiro após realizarem um trabalho, junto de uma família de cegos que habitam na cidade, sobre as barreiras físicas impostas a pessoas portadoras desta deficiência.

O trabalho surgiu no âmbito do concurso "Escola Alerta", no qual a Escola Profissional de Aveiro arrecadou, pelo segundo ano consecutivo, o primeiro prémio a nível distrital. Esta é uma iniciativa anual posta em prática junto das Escolas do 1º, 2º e 3º ciclo do Ensino Básico que visa "chamar a atenção dos jovens e da sociedade para pormenores que dificultam a vida das pessoas portadoras de deficiências", como afirmou, ontem, Helena Libório, coordenadora da Área Educativa de Aveiro, na cerimónia de entrega do "Prémio Escola Alerta" (no valor de 600 euros), que decorreu no Governo Civil.

Rosário Morais, invisual que trabalha como telefonista na Câmara de Aveiro, disponibilizou-se a si e à sua família (sobrinha, cunhada e irmão, todos eles cegos) para serem acompanhados diariamente por estes alunos.

Após contactar com a realidade dos cegos, Samuel Almeida, um dos sete alunos envolvidos neste trabalho, espera que a cidade sofra alterações que facilitem a vida dos invisuais.

Sem escola na cidade

Inês Morais, de 10 anos, residente em Aveiro, é, como toda a sua família, cega. Sob o argumento da falta de recursos técnicos e humanos, a menina não foi aceite em nenhuma escola da cidade. A frequentar o 4º ano no Porto, Inês Morais está durante toda a semana afastada dos pais. Quando chega ao fim-de-semana a mãe vai ao Porto, de comboio, buscá-la e posteriormente levá-la.

A coordenadora da Área Educativa do Centro prometeu que a situação será resolvida.

Fonte: http://jn.sapo.pt/2006/05/27/centro/muitos_obstaculos_para_cegos.html