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Massagistas invisuais de alta precisão

por Lerparaver

Sporting, Casa do Artista, Clínica de Santa Maria de Belém ou Lar dos Inválidos do Comércio são alguns exemplos de quem já adoptou os serviços de pessoas invisuais auxiliares em fisioterapia. Com bons resultados.

Têm nas mãos um dos seus maiores tesouros e com elas tratam as mazelas físicas dos outros, através de massagens ‘milagrosas’. São cegos ou amblíopes que se integram perfeitamente no mercado de trabalho como massagistas auxiliares de fisioterapia. O Sporting, a Casa do Artista, a Clínica de Santa Maria de Belém ou o Lar dos Inválidos do Comércio são exemplos de instituições que têm nos seus quadros pessoas com deficiência visual que tiraram o curso de massagista na Associação Promotora de Emprego de Deficientes Visuais (APEDV), em Lisboa.

Os casos de sucesso fazem as delícias de quem lhes dá formação – ferramentas para construírem uma vida autónoma. Da turma de dez alunos que, em 2006, terminou o curso e estagiou em vários locais, apenas dois não ficaram colocados. Graça Hidalgo, coordenadora pedagógica da APEDV, não esconde o orgulho quando diz que “é uma boa percentagem de sucesso”.

O curso, dividido por sete módulos específicos, que vão desde a anatomia, das noções básicas de saúde, da cinesioterapia até à psicologia da saúde, tem a duração de um ano, com direito a estágio de oito meses. “São sete horas por dia de formação, dadas nas nossas instalações”, acrescenta Graça Hidalgo, lamentando o facto de a APEDV não ter uma bolsa de instituições para onde enviar os formandos: “Não temos uma carteira de clínicas e todos os anos temos de procurar novas. Quem nunca teve contacto com invisuais tem alguma dificuldade em aceitá-los, mas depois todos são conquistados pela qualidade e o profissionalismo que eles apresentam.”

Diploma

Nuno Amado e Luís Gonçalves são dois dos dez alunos da turma que está quase a terminar o curso. Com uma boa disposição contagiante, Nuno prontifica-se para ser o massagista de serviço, convocando de imediato um parceiro para uma breve aula de bem massajar.

“Tive algumas dificuldades com as teóricas. Houve umas disciplinas ou outras que foram mais complicadas, mas depois comecei a encaixar a matéria”, conta Nuno, de 22 anos, enquanto prepara a marquesa para Luís se deitar, dizendo que quer “fazer disto profissão”.

“Não quero ter o diploma de massagista só para pendurar no quarto. Já tirei o curso de auxiliar administrativo e de informática, mas era o de massagista que sempre quis”, explica, acrescentando: “Gosto muito de desporto. Ceguei a jogar à bola quando tinha oito anos e ser massagista permite-me estar próximo da área.”

Entretanto, Luís – o alvo da experiência – queixa-se de que as mãos de Nuno estão geladas, mas lá vai dizendo que as massagens “são muito boas”. Natural de Portalegre, aos 19 anos Luís também tem a ambição de ser massagista profissional e, “se tudo correr bem”, vai tirar o curso de shiatsu, uma terapia oriental. Graça Hidalgo não poupa elogios a esta turma, dizendo que é uma das mais animadas, esperando alcançar o mesmo êxito do que em 2006.

Objectivo

Graça Hidalgo é a coordenadora pedagógica da Associação Promotora de Emprego de Deficientes Visuais, instituição localizada em Marvila que, lamenta, tem algumas limitações. O objectivo, a longo prazo, é encontrar novas instalações.

Fonte: http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=228533&idselect=10&idCanal=10&...