Objectos visam integração através de 'design'
Peças foram testadas por crianças do distrito de Aveiro.São brinquedos coloridos, com texturas e materiais diferentes que foram concebidos expressamente a pensar em crianças com dificuldades visuais, explica Leonor Pereira, mestre em Engenharia Têxtil pela Universidade do Minho (UMinho), que desenvolveu a dissertação «Design Inclusivo: Tocar para Ver Brinquedos para Crianças Cegas e de Baixa Visão».
Esta linha de divertimentos infantis visa ajudar as crianças a interagir de forma saudável com os restantes colegas. É incluí-las a todos os níveis, proporcionar-lhes maneiras de brincar, conviver e interagir entre as duas realidades, explica. Não basta criar peças de design por si só, esclarece Leonor Pereira, que é professora do ensino básico há vários anos. O objectivo principal é conceber produtos com qualidade estética e táctil, que visa proporcionar uma maior integração das crianças com problemas visuais no meio envolvente.
O desenvolvimento da motricidade fina e da percepção de texturas por parte das crianças envolvidas é notório: São brinquedos que elas podem explorar com as mãos, descobrindo as diferentes texturas, reconhecendo as formas, os pormenores, as semelhanças e as diferenças, bem como estimular a coordenação e a integração dos sentidos.
Estas peças foram testadas por crianças de um jardim-de-infância do distrito de Aveiro, com idades compreendidas entre os três e seis anos. O feedback foi muito positivo e os resultados decorrentes desta nova forma de inclusão social foram vantajosos: A interacção entre as crianças foi extremamente engraçada e enriquecedor verificar que elas perceberam o sentido da brincadeira e partilharam a mesma experiência que as restantes, certifica a professora.
As peças foram construídas com base nas texturas, relevos e cores recorrendo, por isso, a diferentes malhas e bordados, perceptíveis através do tacto. Leonor Pereira aproveita para referir a escassez de brinquedos adaptados, obrigando os educadores a construir do zero objectos didácticos, sem terem muitas vezes formação para tal. A comercialização é uma possibilidade: Ficamos com uma forte vontade de concretizar este projecto e torná-lo mais real, à disposição de todos, assinalou ainda.
A pouca formação dos professores relativamente à educação especial é uma das críticas apontadas pela antiga aluna da UMinho. É muito difícil conseguirmos perceber as necessidades das crianças cegas, autistas ou surdas. Temos sempre o apoio dos professores do ensino especial, que trabalham especificamente com eles, mas nem sempre é suficiente, explica.
A formação inicial, a aposta em equipamentos e a adaptação dos espaços nas escolas são algumas das sugestões. Esta não é, segundo Leonor Pereira, uma sociedade completamente inclusiva, porque ainda há muitas barreiras: As crianças com deficiências não usufruem das mesmas oportunidades do que as restantes, conclui.
-
Partilhe no Facebook
no Twitter
- 3186 leituras
Comentários
Interessante, mas limitado
Sem dúvida uma notícia interessante e encorajadora no que respeita ao desenvolvimento e estimulação de crianças cegas e com baixa visão. Contudo, até que ponto isto se tornará generalizado? Até que ponto alguém quererá comercializar estes produtos direccionados a um número tão pequeno de potenciais clientes? Bem, todas estas iniciativas são abafadas pelos desígnios da produção maciva. Digo isto com mágoa e tristeza e sei que todas as crianças vão continuar a ter objectos improvisados para manipular e brinquedos idênticos aos das outras crianças, podendo correr riscos inerentes à sua falta de percepção visual.
visão empresarial
Olá Madalena !
Pois Madalena, acho q infelizmente tens razão !
As empresas têm uma visão mais empresarial, só prduzem um produto, quando produzido em massa e em grandes quantidades, para lhes dar algum ou bastante retorno económico !
E mto poucas têm essa visão mais humanista ... mas enfim ... !
Beijinhos