João Viana, invisual de Antas, no concelho de Esposende, está presente pela primeira vez, na Feira de Artesanato de Esposende, com as suas bolsas em fio de macramé, que constituem uma marca do próprio artista e cuja venda tem sido muito boa, segundo confessou ao Correio do Minho.
Quem participa na IV Feira de Artesanato de Esposende depara-se com um artista que, com apenas as suas mãos, dedilha os fios de macramé e faz combinações que dão um produto final que encanta qualquer pessoa. Pelo menos, as meninas ficam maravilhadas com as bolsas em macramé pois constituem um objecto de adorno algo diferente e sempre na moda. João Viana, de 27 anos, natural de Antas, no concelho de Esposende, sofre de rinite pigmentada congénita, doença que não tem cura e evolui com a idade e, neste caso, já o fez perder a vista por completo. A adaptação à nova situação não foi fácil, já que teve de mudar por completo a sua vida.
Fez os estudos básicos na sua terra natal e depois foi viver para Matosinhos. Mais tarde regressou novamente a Antas. Ainda frequentou um curso da ACAPO, no Porto. Actualmente frequenta a Associação Criança Diferente, na Abelheira, em Viana do Castelo, onde gosta de estar das nove às dezassete horas e onde trabalha na arte que aprendeu na Areosa. O artista conta que após aprender a técnica do trabalhar as bolsas em fio macramé, esteve um tempo parado. Depois, uma colega pediu-lhe para fazer uma bolsa. Ele aceitou e a colega adorou-a e ficou muito contente. A partir daqui, começaram a chover os pedidos. Comecei a apontar numa agenda os pedidos e quase não tinha tempo para as encomendas. Eram só encomendas!, diz João Viana, satisfeito com a actual situação. E, continuou: tenho vendido muito e já fiz centenas de bolsas. Quanto a preços, João Viana responde: as pequenas custam 3 euros; as médias, 7 e as maiores custam 10 euros.
Início da actividade
João escolhe as cores para confeccionar as bolsas e pede ajuda à mãe para cortar os fios de acordo com o tamanho de cada peça. Os desenhos e a combinação para dar graça e vida a cada peça são por conta do João. A perfeição e a beleza são, efectivamente, as marcas deste jovem artista, que trabalha apenas com os dedos das mãos. Apesar de estar no princípio da actividade, o artesão confessou sentir-se recompensado e muito animado. Quanto ao futuro, adianta que é para continuar porque gosto de fazer este trabalho e dá-me gozo, conclui João Viana que tem ainda a paixão da pintura em cerâmica.
A mãe do João, Maria das Dores, é o seu braço direito. Reconhece que às vezes, o João sente-se frustrado, mas neste momento sente-se realizado porque não é a deficiência que tem que deixa de ser uma pessoa normal. Somos todos diferentes e todos iguais, adianta a mãe. Ao mesmo tempo, Maria das Dores que trabalha na Escola Rosa Ramalho, de Barcelinhos, reclama mais apoios para o filho. Neste momento os apoios são apenas da família. Aguardo a ajuda da Câmara pelo menos para o transporte para Viana do Castelo e já não tanto para a mensalidade da frequência da Associação, rematou a mãe que espera que a presença do João na Feira constitua um incentivo e motivação para a continuidade do trabalho do filho, pois ele precisa de muito apoio e do apoio de todos.
Fonte: http://www.correiodominho.com/noticia.ler.php?IDTema=8&ID=24927
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