Citando Tim Berners-Lee, inventor da World Wide Web: "O poder da Web está na sua universalidade. O acesso por todos não olhando à incapacidade é um aspeto essencial", as Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web 2.0 (WCAG 2.0) são padrões que os conteúdos web devem seguir de forma a tornar a World Wide Web acessível a todos os cidadãos. A respetiva tradução para a língua portuguesa foi reconhecida pelo Consórcio World Wide Web (W3C), a 24 de outubro.
Este consórcio tem por missão conduzir a World Wide Web ao seu máximo potencial, através do desenvolvimento de protocolos e diretrizes que assegurem o crescimento a longo prazo da Web, transformando-os em padrões mundialmente aceites.
As Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web são um destes exemplos, e a tradução portuguesa, já na sua versão 2.0, foi a primeira a ser registada na base de dados do Consórcio W3C, em 2009. Nesta tradução existem dois documentos que correspondem às variantes Português europeu e Português do Brasil. Os dois núcleos técnicos destas variantes juntaram-se para os consolidar tecnicamente, facto inédito na história das Diretrizes. Na variante do Português Europeu, o núcleo técnico foi liderado pela equipa do DSI/Unidade ACESSO da FCT; na variante do Português do Brasil, foi liderado pelo escritório do W3C Brasil. No total, participaram cerca de 40 peritos em acessibilidade, sendo 21 os peritos portugueses intervenientes no processo de revisão, de diversos setores: Academia, Administração Pública, Organizações representativas de pessoas com deficiência e também empresas do setor das TIC.
As Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web 2.0 já faziam parte da legislação nacional, através do Regulamento Nacional de Interoperabilidade Digital (RCM n.º 91/2012 de 8 de novembro) e têm como alvo os órgãos de soberania, os serviços da administração pública central, incluindo institutos públicos bem como os serviços desconcentrados do Estado, os serviços da administração pública regional e o setor empresarial do Estado.
Segundo Pedro Carneiro, vice-presidente da FCT, “a publicação destes documentos é um passo marcante: a versão portuguesa das WCAG 2.0 ganha um novo estatuto internacional, passando a ser referência do W3C para a língua portuguesa.”
Ana Neves, Diretora do Departamento da Sociedade de Informação da FCT, explica: “Ao contrário da acessibilidade física, as barreiras no digital não se resolvem com intervenções pontuais de retificação da estrutura ou das plataformas de edição e gestão dos sítios Web. É um trabalho que implica atenção diária por parte de todos aqueles que são responsáveis pela edição de conteúdos. Cada conteúdo novo inserido num sítio Web tem de obedecer a um conjunto de critérios que dependem do conhecimento de quem os edita e não das plataformas digitais – geralmente uma má plataforma digital não produz um bom conteúdo, mas uma boa plataforma digital não é o garante de um conteúdo digital sem barreiras.”
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