Mário Nicolau da Silva realiza tratamento no Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem, em Joinville
O aposentado Mário Nicolau da Silva, 60 anos, aprendeu a enxergar a vida diferente. Há três anos, ele perdeu a visão de um dos olhos e quase ficou completamente cego por não cuidar corretamente do diabetes, com o qual convive desde 2001. Ele descobriu que o problema ocular ocorreu por causa da retinopatia diabética, uma doença do fundo do olho que atinge a retina, e passou a tratá-la, aprendendo a ter qualidade de vida novamente.
Tudo começou quando o morador de Camboriú passou a sentir dores na perna e muita sede. Ele também estava emagrecendo e procurou um médico para descobrir o que estava acontecendo. O aposentado foi diagnosticado com diabetes e logo iniciou o tratamento com insulina. No entanto, decidiu parar o processo e as complicações surgiram pouco tempo depois.
— Foi um relaxamento meu porque, se eu tivesse cuidado, acho que não teria sofrido nada, mas eu dizia que não ia perder tempo no médico. Acredito que poderia ter ido um pouquinho mais longe com a visão boa — reconhece.
Há cerca de três anos, logo após perder a visão do olho esquerdo, Mário procurou o Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem, de Joinville, para retomar o tratamento. A cada três meses, ele realizava as consultas com o oftalmologista e especialista em retina Dr. Evandro Luís Rosa e fazia procedimentos a laser para controlar a doença. Em dezembro do ano passado, fez uma cirurgia no olho direito e conseguiu recuperar a visão, que também já estava perdendo.
Apesar de muitas mudanças após a perda da visão, como a impossibilidade de dirigir durante a noite e a redução no número de viagens, ele reconhece que o problema foi causado pelo descuido no tratamento inicial. Para quem tem diabetes e não quer ter o mesmo destino, Mário deixa um recado simples: procure um médico.
— Quando perdi a visão, minha vida quebrou pela metade, mas eu não posso deitar em cima de uma cama e ficar lamentando. Então, se cuide, não relaxe e vá ao médico porque ele pode arrumar tudo direitinho — finaliza.
Mário em uma consulta com o Dr. Evandro (Foto: Salmo Duarte / Agência RBS)
Números são preocupantes
O oftalmologista Dr. Evandro Luís Rosa explica que 90% dos diabéticos que convivem com a doença por 20 anos vão ter algum problema no fundo do olho, como a retinopatia diabética. Os dados ficam mais preocupantes ao ressaltar que 13,4 milhões de brasileiros têm diabetes, sendo o quarto país com o maior número no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Atualmente, são 370 milhões em todo o planeta.
A doença vai causando lesões dos pequenos vasos da retina, que provocam rupturas, hemorragias e acúmulos de líquido no local. Essas alterações levam o paciente a perder gradativamente a visão, podendo chegar à cegueira total.
— O diabetes virou uma epidemia e quem tem a doença tem 25% mais chances de ficar cego do que quem não a tem. Todo diabético precisa procurar o oftalmologista e fazer o exame de fundo de olho — explica.
Hoje, a doença é a maior causa de cegueira em pessoas em idade produtiva e também pode ocasionar outros problemas oculares, como o glaucoma, a neuropatia óptica, a paralisia/paresia de músculos extraoculares e outras alterações refrativas.
Comparação entre a visão normal e de um paciente com retinopatia diabética
SINTOMAS
O diabetes vai causando lesões dos pequenos vasos da retina, que provocam pequenas rupturas, hemorragias e acúmulos de líquido na retina. Essas alterações levam o paciente a perder gradativamente a visão, podendo chegar à cegueira total.
PREVENÇÃO
O paciente precisa controlar o diabetes por meio de hábitos saudáveis, para manter os níveis adequados de glicose. Parar de fumar, acabar com o sedentarismo e ter uma alimentação equilibrada são medidas importantes para evitar o surgimento da retinopatia diabética.
DIAGNÓSTICO
Todo diabético deve fazer exames de fundo de olho anualmente e, quando diagnosticada a retinopatia diabética, o oftalmologista especializado em retina fará exames e tratamentos.
TRATAMENTO
O tratamento mais frequente e efetivo é a fotocoagulação com raio laser, que permite controlar a doença e impede a cegueira na grande maioria dos pacientes. Podem ser necessárias terapias intravítreas, que são injeções dentro do olho. É uma modalidade, embora de custo mais elevado, mais recente e permite melhoras visuais em grande parte dos casos. Quando há maior gravidade, com hemorragias e descolamento da retina, o paciente pode necessitar da vitrectomia, que é uma cirurgia em que se remove todo o gel dentro do olho, permitindo restaurar as estruturas intraoculares.
Fonte:
http://dc.clicrbs.com.br/sc/estilo-de-vida/noticia/2016/07/diabetes-pode...
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