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No Dia Mundial da Infância, HOB chama atenção para a cegueira evitável

por Norberto Sousa

O dia 21 de março é dedicado a chamar a atenção para os problemas que atingem crianças de todo o mundo. O Dia Mundial da Infância foi instituído pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Cegueira - Entre os problemas que roubam parte dos prazeres da infância e levam uma criança a viver com deficiência toda a sua vida é a cegueira. Considerada de atenção prioritária, pelo número de anos a serem vividos com esta importante deficiência, quase a metade dos 1,4 milhão de casos de cegueira infantil existentes no mundo, atualmente, poderiam ser evitados e tratados.

A Organização Mundial da Saúde estima que 500 mil crianças fiquem cegas todos os anos e a maioria delas perde a visão no primeiro ano de vida. Só no Brasil, cerca de 33 mil crianças são cegas por doenças oculares que poderiam ser evitadas ou tratadas precocemente.

De acordo com o último relatório do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a maioria das crianças cegas nascem com a deficiência visual ou a adquirem no primeiro ano de vida e as causas que levam a este quadro são em 28% preveníveis e 15% tratáveis.

A oftalmopediatra do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), Dorotéia Matsuura, lista algumas das causas que levam à cegueira infantil e são evitáveis.

Fases - Entre os motivos que levam a cegueira a instalar-se na vida de uma criança estão os erros de refração, a retinopatia da prematuridade, o glaucoma congênito, a catarata congênita, as cicatrizes retinianas e corneanas, além do retinoblastoma e malformações oculares, relaciona a médica ao destacar algumas peculiaridades das fases de desenvolvimento de casos específicos. Ainda na fase intrauterina, a rubéola, toxoplasmose e outras doenças infecciosas podem levar um bebê a nascer com deficiência visual. E como fator genético, a médica lista a aniridia, o albinismo e a distrofia retiniana.

Também a ambliopia ou estrabismo, são situações que, quando não corrigidas até os seis anos de idade, resultam no não desenvolvimento adequado da visão, adverte.

Lei nacional - Para evitar que casos de cegueira tratáveis se desenvolvam, no Senado Federal, é discutida nova redação para o Artigo 10 da Lei nº 8.069, que institui a obrigatoriedade da realização do Teste do Olhinho, ainda na maternidade.

Após 2 anos de espera para a designação de um relator, no dia 6 deste mês de março, o artigo, registrou movimentação em seu trâmite e o senador do DF, Gim Argello (PTB) foi escolhido relator da matéria naquela Casa.

O teste do olhinho deve ser realizado ainda na maternidade em todos os recém-nascidos. O exame pode ser feito por qualquer profissional médico e é capaz de identificar alteração do reflexo de luz no fundo do olho, permitindo detectar precocemente diversas doenças, explica a especialista Dorotéia Matsuura.

A médica lembra que vários problemas oculares podem ser evidenciados com o exame que dura poucos segundos. Casos de catarata e glaucoma congênitos, má formação ocular, opacidades na córnea, tumores intraoculares ou hemorragias vítreas são alguns dos mais perigosos acometimentos que ocorrem em bebês. Nestas doenças, o teste do olhinho acusa que algo não está normal, explica. E neste o caso, o bebê deverá ser encaminhado com urgência para o especialista.

Sinais - A especialista do HOB ressalta que muitos pais não conhecem o Teste do Olhinho e, por isso, não exigem sua realização quando o bebê nasce.

Dorotéia ressalta que existem sinais ou sintomas apresentados pelos olhos das crianças que merecem atenção diferenciada em cada fase da infância.

Bebês - Bebês com até dois anos de idade que apresentarem lacrimejamento constante, fotofobia (sensibilidade à luz), olhos com cor acinzentada ou opaca, pouco interesse pelo ambiente em que estão ou pelas pessoas que o rodeiam, bem como vermelhidão ocular devem ser levados a um especialista com urgência, aconselha. A suspeita é de glaucoma congênito.

Sete anos - As crianças que têm entre três e sete anos de idade podem apresentar outros sintomas. Dorotéia informa que se a criança tomba muito ou esbarra com muita frequência, reclama de dor de cabeça ou nos olhos, costuma assistir TV muito próxima da tela, apresenta olhos desviados, tem o hábito de esfregar os olhos após algum esforço visual ou fecha um dos olhos em locais ensolarados deve ser encaminhada a um oftalmologista para exames também. Pode ser estrabismo e ambliopia.

Detectar e corrigir esse problema já na fase pré-escolar pode ser crucial já que é nessa faixa etária, em geral até os sete anos, que os nossos olhos se desenvolvem. Assim, cabe aos pais, babás, professores ou todas as pessoas responsáveis ficarem atentos aos sintomas que a criança pode apresentar, completa a médica.

Escola - Já na idade escolar, o baixo rendimento em sala de aula muitas vezes está relacionado a algum problema de visão e o estudante, pais e professores nem se dão conta disso. Quanto menor a idade desse aluno, maior é a dificuldade para identificar essa deficiência, porque a criança não sabe avaliar que enxerga mal. Dor de cabeça, lacrimejamento e vermelhidão nos olhos durante e após as aulas são alguns sinais de que pode ter alguma alteração visual. A melhora da visão pode ocorrer com a prescrição de óculos, conclui Dorotéia.

Fonte:
Teresa Cristina Machado
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