Cinco mil euros para Escola de Cães-Guia

O maior donativo particular de sempre, no valor de cinco mil euros, foi entregue à Escola de Cães-Guia de Mortágua por uma empresa de Braga, onde trabalha um invisual candidato a receber um companheiro.

A empresa Domingos da Silva Teixeira, com sede em Braga e ligada ao ramo da Construção Civil e Obras Públicas, entre outros sectores, fez entrega de um donativo no valor de cinco mil euros à escola mortaguense. O cheque com aquele valor foi entregue no passado dia 31, em mão, por um representante daquela empresa ao presidente da direcção da Associação Beira Aguieira de Apoio ao Deficiente Visual (ABAADV).

O presidente da associação, João Fonseca, referiu que este é o maior donativo particular, não institucional, até hoje feito a favor da associação, e destacou o facto do gesto partir de uma empresa que nem sequer é da região, o que considerou ainda mais louvável e merecedor de reconhecimento.

A associação vive de alguns apoios oficiais (Município de Mortágua e Segurança Social), mas é no voluntariado e na envolvência da comunidade, nas pessoas e empresas, que residem os alicerces da associação, nomeadamente através do apoio das chamadas "famílias de acolhimento" dos cães-guia, patrocinadores, sócios e amigos, pessoas anónimas, que ajudam o projecto a manter-se e a crescer.

O representante da empresa estava acompanhado por Pedro Lima, 29 anos, ex-colaborador da empresa e que em 2005 foi vítima de um acidente de trabalho que lhe tirou a visão. É um dos cerca de 50 candidatos que estão inscritos na Escola de Cães-Guia de Mortágua, aguardando a sua vez de ser chamado para o estágio de formação.

Pedro Lima salienta as vantagens que um cão-guia lhe vai trazer na sua vida diária: rapidez de mobilidade, segurança, conforto, maior autonomia e independência.

"Hoje em dia não saio a pé para passear, ir dar uma volta. Às vezes tenho uma certa preguiça em sair de casa com a bengala, é um bocado cansativo. Acho que com um cão-guia vou poder sair mais vezes, vai ser diferente a minha vida", perspectiva.

Segundo Virgílio Silva, representante da empresa, não é a primeira vez que a Domingos da Silva Teixeira faz mecenato com instituições que prosseguem fins sociais e altruístas. Ao abrigo do Estatuto do Mecenato, os donativos das empresas a instituições particulares de solidariedade social dão direito a benefícios fiscais, até ao limite máximo de 8% do volume de vendas ou dos serviços prestados. Também os donativos feitos por pessoas singulares são susceptíveis de dedução à colecta em sede de IRS até ao limite de 15%.

Exemplo que não é único

Este exemplo de mecenato a favor da Escola de Cães-Gua de Mortágua não é único. Recentemente, o Curia Golfe foi palco de um torneio de solidariedade a favor da associação de Mortágua, patrocinado por várias empresas da região:Tria, Chama, Consulfogo, SISAF, Caixa de Crédito Agrícola e Critical Software. As escolas também se têm solidarizado com a associação, fazendo o apadrinhamento de cães-guia e desenvolvendo campanhas de angariação de fundos nas suas escolas e comunidades envolventes. Foi o que já fizeram o Colégio Sá de Miranda (Lisboa), a Escola Secundária de Tondela, Instituto Educativo de Souselas (Coimbra) e Instituto Pedro Hispano (Soure)..

"Nesses casos a entrega do cão-guia ao seu utilizador é feita simbolicamente a escola para que os alunos compreendam que o seu trabalho e o seu esforço serviu um fim de enorme relevância pessoal e social, que foram úteis à sociedade e que a solidariedade se traduz sobretudo em actos concretos e palpáveis como aqueles que praticam", explicou o presidente da ABAAD.

Fonte: Diário "As Beiras"