Os Jogos Paralímpicos de Pequim2008 estão na mente dos atletas portugueses que vão participar nos Campeonatos do Mundo de atletismo para portadores de deficiência, em Assen, Holanda, de onde não prometem trazer medalhas.
Os Mundiais, que se disputam de 02 a 10 de Setembro, serão uma das oportunidades para os atletas garantirem os mínimos de participação nos Paralímpicos de 2008, o grande objectivo para atletas e treinadores.
"Vamos ter 19 atletas e nove atletas-guia, que representam várias áreas de deficiência física e motora e intelectual, e têm como objectivo a competição top deste ano, que é o campeonato do Mundo, e também a qualificação para Pequim", disse o chefe da comitiva, Jorge Carvalho, à agência Lusa.
Para Jorge Carvalho, "as expectativas são boas", pois grande parte dos atletas que viajar até à Holanda já conseguiu bons resultados a nível internacional.
"O nosso objectivo é não só a qualificação para Pequim, mas também melhorar as nossas marcas em termos de participação desportiva", disse Jorge Carvalho.
Já o responsável técnico da selecção lusa refere que "é sempre muito difícil fazer uma expectativa das medalhas", pois "é completamente impossível" repetir as "vinte e tal medalhas" conseguidas "há quatro anos atrás, num Europeu".
"Obviamente que o objectivo é conquistar medalhas, mas não fazemos planos quanto a isso, e o mais importante é alcançar lugares nos Jogos Paralímpicos", afirmou José Costa Pereira.
Para o treinador - que treina sobretudo atletas da área mental - "é altamente gratificante" treinar estes atletas, pois "a metodologia de treino é a mesma, é atletismo".
"Eu que já treinei atletas ditos normais, digo que conquistar medalhas nestes ou noutros campeonatos é igual", concluiu José Costa Pereira.
Um dos mais experientes atletas portugueses presentes em Assen será Carlos Lopes, de 36 anos, que já conta no seu currículo com diversos títulos internacionais, entre os quais quatro medalhas de ouro paralímpicas.
"É um lugar comum o que vou dizer. Mas vou dar o meu melhor.
Vou participar em duas provas extremamente positivas, os 100 e 200 metros. Ficarei bastante satisfeito se ficar entre os finalistas", garantiu Carlos Lopes.
O atleta do Sporting garante que, apesar de já ser um veterano, se sente "muito bem" e que tem tido tempos "óptimos", quer me treinos, quer em provas, mas sabe que "a competição vai ser dura".
Os Mundiais de Assen serão a 19ª participação de Carlos Lopes em grandes provas internacionais, entre Mundiais, Europeus e Jogos Paralímpicos, depois de ter feito a sua estreia em 1989.
Nuno Alpiarça acompanha Carlos Lopes há 13 anos como atleta- guia e há sete como treinador e reconhece que, embora seja gratificante, esta é uma actividade "complicada" e que pede muito dele:
"Há alturas em que os temos totalmente dependentes de nós, principalmente quando estamos longe dos locais habituais.
"Espero (estar nos Jogos Paralímpicos). Com a idade do Carlos é uma questão que já começa a ser avaliada de ano para ano, mas com as indicações que temos tido, tudo indica que seja possível", confiou Nuno Alpiarça.
No ponto oposto de Carlos Lopes, está o jovem Luís Gonçalves, de apenas 18 anos, que faz a sua estreia em grandes competições e que começou a praticar atletismo há pouco tempo, quando veio estudar para Lisboa.
"Tudo começou de um gosto antigo que tinha pelo atletismo.
Quando vim estudar para Lisboa, decidi tornar-me atleta, comecei a praticar, comecei a conseguir bons resultados em provas", revelou.
Um dos sonhos de Luís Gonçalves é chegar aos Jogos Paralímpicos, mas não promete que o consiga fazer, deixando uma mensagem para os portugueses:
"O desporto traz tudo para toda a gente, conhecimentos, saúde, acima de tudo saúde e convívio com muita gente." Outra das veteranas da comitiva é Odete Fiúza, de 33 anos, que vai correr os 1.500 metros e espera "fazer marcas para estar no projecto Pequim2008", naquela que seria a sua terceira participação em Jogos Paralímpicos, tendo estado sempre perto das medalhas.
Quem também se estreia em Mundiais é João Correia, de 23 anos, que, apesar de ter sido medalha de prata nos 100 metros em cadeira de rodas nos Europeus, não garante resultados, uma vez que foi submetido a uma cirurgia complicada em Janeiro.
"Chegar aos Paralímpicos é o sonho de qualquer atleta, o nosso objectivo principal é trabalhar para concretizar o grande sonho de estarmos nos Paralímpicos", afirmou.
A comitiva portuguesa está desde quarta-feira em estágio de preparação para o Mundial, abandonando o Centro de Estágios de Rio Maior no sábado.
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