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Brasil - Ribeirão instala sinal sonoro e distribui cardápios em braille

por Lerparaver

Adriana Ferraz Do Diário do Grande ABC

A Prefeitura de Ribeirão Pires começou a confeccionar cardápios em braile para distribuir em todos os restaurantes da cidade e instalou um semáforo sonoro - dos quatro previstos - na praça central. O projeto é comandado pela Coordenadoria de Políticas Públicas para pessoas portadoras de deficiência e faz parte do programa de inclusão social da Prefeitura.

Elizane Mecena, responsável pelo trabalho, diz que a idéia da Prefeitura é colocar em prática a legislação. "Temos uma lei municipal que garante ao deficiente visual o direito de ficar ciente das opções oferecidas nos estabelecimentos comerciais", afirma. Para conseguir despertar essa consciência entre os comerciantes, o município assume os custos e promove o serviço de tradução, como o apoio da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Ribeirão Pires. Para isso, basta que os restaurantes encaminhem os cardápios à Coordernadoria de Políticas Públicas. O não-cumprimento da lei prevê restrições, multas e até o fechamento do restaurante, mas, como não existe um serviço de fiscalização, apenas três estabelecimentos obedecem o determinado na cidade. "Estamos trabalhando para modificar essa realidade.

O restaurante Araki foi o primeiro a responder nosso chamado e deve servir de exemplo", garante Elizane. Para o proprietário, Emerson Araki, a iniciativa pode render mais clientes aos restaurantes. "A população não tem conhecimento desse direito. Esperamos, agora, atrair deficientes visuais para nosso comércio. Essa é uma prática efetiva de inclusão, que deve ser levada a sério", declara. O funcionário da Câmara Municipal José Nilton Barbosa Meira é o encarregado da tradução. Deficiente visual desde os 8 anos, Meira comemora a iniciativa da Prefeitura. "Nossa cidade é um exemplo para a região. Espero que os municípios vizinhos passem a adotar essa política, que só favorece os portadores de deficiência", diz. Semáforo sonoro - O semáforo sonoro é outro projeto que começa a ser colocado em prática. O primeiro, colocado na praça central de Ribeirão, é acionado por um botão, que deve ser apertado por três segundos. "A orientação é passada por meio de um aviso, em braile, colocado no aparelho", afirma Elizane. Quando acionado, o botão emite uma gravação que avisa o momento certo para o início da travessia. "O tempo é de 18 segundos, suficiente para qualquer pessoa, com deficiência ou não, atravessar a rua", completa Meira. A faixa de pedestre está posicionada embaixo de duas luminárias que oferecem a reflexão do percurso. "Esse recurso foi pensado para facilitar a passagem dos idosos, que também têm dificuldades visuais", conta Elizane.

A Prefeitura agora estuda a reforma do calçamento da cidade. "Mas esse trabalho terá que esperar a revisão do código de edificações e, por isso, não tem data para começar", completa. Quem já tem cardápio em braile: Restaurante Araki - rua Dr. Felício Laurito, 24, Centro.; Cantina do Tio Gê - rua Miguel Prisco, 162, Centro; Restaurante Portal 127 – Shopping Duaik, Centro.

Fonte: Diário do Grande ABC

Nota: contribuição, via e-mail, de Shirley.Candido.

Comentários

Fico feliz por constatar que muita coisa boa se vai realizando para benefício do invisual, mas receio que o povo português ainda não tenha tanta sorte quanto o povo irmão brasileiro, designadamente no tocante a menus em braille, nos restaurantes. Ouve-se falar de Autarcas interessados em corrigir obras públicas no sentido de melhorar as acessibilidades da população com necessidades especiais, já se vêm medicamentos com designação em braille e outros produtos, mas menus... francamente ainda não me deparei com nenhum. um dia que isso suceda, confesso que me sentirei no auge da alegria, por constatar que Portugal se preocupa consideravelmente mais com os invisuais do que no passado recente. Sejamos optimistas, muito se tem feito já nos últimos tempos e o exemplo do telemóvel no Metro fala por si. Haja esperança e não silêncio e as manifestações de progresso serão mais nítidas, quero acreditar!
Cumprimentos e tudo de bom para todos.

É muito triste saber que uma cidade distribui cardápio Braille e não distribui livros, falo isso porque tenho um filho de 10 anos cego que estuda na rede municipal de Ribeirão Pires e na escola onde ele estudo não existe um livro disponível em Braille(nem mesmo livro infantil, com poucas frases, ideal para a aprendizagem) e o sinal sonoro é um só em toda a cidade, quando deveria ser colocado em pontos estratégicos, principalmente em frente a escolas, hospitais e ruas de grande movimento.
Infelizmente o Brasil ainda não aprendeu a dar valor em educação e só pensa em ascensão política.

É com muita felicidade que vejo a noticia dos cardápios em braille ser vinculada neste site, ainda mais por não ter partido de nós da prefeitura a iniciativa da publicação.
Talvez seja interessante acrescentar que não somente produzimos os cardápios em braille e instalamos o semáforo sonoro nos pontos onde hoje temos condições financeira de fazê-lo ( a cidade é pequena numa área de proteção aos mananciais, o que repercute na arrecadação de impostos - porém isso não nos imobiliza a buascarmos recursos em outros lugares como por exemplo na futura instalação de uma rota acessível (a primeira da cidade); quero informar ainda que nas escolas municipais, quando da presença de alunos com deficiência visual os equipamentos ficam disponibilizados, mesmo que o aluno ou sua família optem por não utilizá-lo, equipamentos como lupa eletrônica, máquina de escrever em braille, ficando a impressora instalada no recém inaugurado Centro de Apoio a Inclusão Escolar, espaço este para o qual o professor pode encaminhar as tarefas a serem transcritas para o sistema braille, mais uma conquista para os deficientes visuais da cidade e a parceria estabelecida com o Instituto Benjamin Constant no Rio de Janeiro, reconhecida entidade de capacitação de professores, que até o final da próxima semana, termina a capacitação de 20 professores da rede municipal de ensino par atuar com alunos em escola regular. No espaço do centro de apoio, está disponível para estes 20 profissionais a thermoform, tactile e outros recursos para atuação junto a este público temos, também oferecido à comunidade curso de orientação e mobilidade (procurado, principalmente, por jovens e adultos que se tornaram cegos durante a vida), aulas de braille e sorobã.
É bem verdade que é pouco ainda, porém, este pouco tem feito diferença na vida de vários munícipes que nunca tiveram acesso a estes serviços.