17 pessoas perderam a visão em mutirão de cirurgias de catarata em São Bernardo do Campo
O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) abriu sindicância para investigar as circunstâncias que ocasionaram cegueira em 17 pessoas em um mutirão de cirurgias de catarata no Hospital das Clínicas de São Bernardo do Campo (ABC Paulista), no último dia 30. As operações foram realizadas por uma clínica com sede em Santos.
Ao todo, 21 pacientes foram infectados por uma bactéria, cuja procedência ainda é apurada. As cirurgias ocorreram sob responsabilidade do Instituto de Oftalmologia da Baixada Santista, que possui um convênio com a Secretaria de Saúde daquela cidade desde 2014.
A empresa já atuou em São Vicente e hoje tem sede em Santos, na Avenida Senador Pinheiro Machado (Canal 1), no Campo Grande, com o nome fantasia de Instituto Kleinpaul de Oftalmologia.
No total, 27 pessoas haviam previamente agendado o procedimento. Dos que perderam a visão, pelo menos 10 precisaram retirar o globo ocular.
É o caso da dona de casa Maria da Glória Batista Almeida, de 72 anos. “Ela ainda não está acreditando. Foi a única alternativa, já que a infecção poderia chegar até o cérebro e ela vir a óbito”, informa a filha da paciente, a vendedora Evani dos Santos.
Quem também perdeu a visão após a cirurgia foi a dona de casa Genesil da Silva Koga, de 65 anos. “Ela já é míope de um olho e quase não enxerga. Agora perdeu a visão do outro”, diz, revoltada, a advogada Letícia Koga, filha da paciente.
Para o aposentado Expedito Batista, 66, estar sem a visão do olho direito “é a morte”. O morador de São Bernardo está desolado com o fato de não poder mais dirigir. “Gosto muito de viajar para Minas (Gerais) com a minha mulher”, lamenta.
Logo após as intervenções
As reações nos pacientes começaram um dia após as intervenções médicas. Os moradores procuraram atendimento no Pronto-Socorro Central de São Bernardo, sendo encaminhados para novas análises em hospital especializado e unidades de saúde e, então, a outros procedimentos cirúrgicos naquela cidade.
As cirurgias de catarata em São Bernardo foram realizadas sob o comando do oftalmologista Paulo Barição, funcionário terceirizado do Instituto de Oftalmologia da Baixada Santista. O médico não foi localizado nessa sexta-feira por A Tribuna, mas o Cremesp afirma que a situação do profissional é regular, sem dar maiores detalhes.
O Conselho informa também que a sindicância aberta apurará os fatos que culminaram na perda de visão dos pacientes e na entrada da bactéria no centro cirúrgico.
Uma equipe deverá fiscalizar a unidade nos próximos dias e, ainda, identificar todos os médicos e profissionais que participaram das cirurgias. Responsabilidades e sanções serão determinadas posteriormente.
Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de São Bernardo do Campo informa que suspendeu o contrato com a empresa de Santos até que as investigações sejam concluídas.
Em paralelo, garante que está fornecendo assistência aos pacientes afetados e às famílias, com equipamentos e atendimento multidisciplinar nas unidades de saúde da cidade e até de São Paulo.
A Administração Municipal da cidade do ABC também esclarece que exames realizados pelo Laboratório Central do Hospital São Paulo identificaram que a contaminação se deu pela bactéria Pseudomonas aeruginosa resistente a antibióticos. Também afirma que o micro-organismo não está presente na já existente fauna bacteriana do Hospital das Clínicas Municipal.
* Com informações do Diário do Grande ABC
Fonte:
http://www.atribuna.com.br/noticias/noticias-detalhe/cidades/conselho-de...
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