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APEC - Convite para participação no 1.º Laboratório MUSICAR

por Norberto Sousa

Direção da Associação Promotora do Ensino dos Cegos vem por este meio divulgar com os seus beneficiários e associados o e-mail infra da Metropolitana.
A Metropolitana, Associação que tutela a Orquestra Metropolitana de Lisboa e três escolas de ensino da música, está agora a dar início a um projeto focado na Prática Musical para Comunidades com Deficiência Visual e Auditiva com apoio do MusicAIRE, ação co-financiada pela Acção Preparatória Music Moves Europe da União Europeia, a decorrer entre fevereiro e novembro de 2023. A fim de dar a conhecer melhor este projeto a que chamámos MUSICAR, mas sobretudo para aproximar o mais possível as comunidades interessadas em matérias de inclusão cívica, iremos realizar um primeiro encontro informal no dia 24 de fevereiro pelas 18h00 na Sede da Metropolitana, no qual gostaríamos muito de contar com a participação da Associação Promotora do Ensino dos Cegos.
Este convite estende-se a todos os potenciais interessados, pelo que agradecemos a divulgação do mesmo junto das vossas relações e parcerias. Será assim possível angariar mais contributos, reunir testemunhos que permitam retratar sumariamente a atual oferta formativa no domínio da música para estas comunidades, identificar metodologias e experiências já anteriormente ensaiadas por diferentes agentes nesta área e, sobretudo, assinalar boas práticas para serem implementadas ao longo do projeto.
Por razões logísticas, estamos a solicitar a inscrição prévia neste curto formulário. Deixamos em baixo uma descrição mais detalhada do projeto.
MUSICAR
Coordenação do Projeto: Rui Campos Leitão, Rui Magno Pinto e Sérgio Peixoto
Contacto: musicar@metropolitana.pt
Sede da Metropolitana: Travessa da Galé 36, 1349-028 Lisboa
Telefone: 21 361 73 20
Apresentação
Com apoio do MusicAIRE, ação co-financiada pela União Europeia para apoio à indústria da Música, o projeto MUSICAR é uma iniciativa da Metropolitana que decorre entre fevereiro e novembro de 2023 e visa contribuir para o pleno acesso às artes a indivíduos cegos e surdos por intermédio da promoção do ensino da teoria musical e da prática musical de conjunto nestas comunidades. Em parceria com profissionais e entidades com experiência demonstrada em ações genericamente vocacionadas para a deficiência visual e auditiva, a proposta assume um intento exploratório e prospetivo de boas práticas. Entre ações complementares e diversas, compreende primeiro a sensibilização e a formação especializada de professores de música e, seguidamente, aulas teóricas e práticas dirigidas a alunos cegos e surdos. Tudo culmina num concerto público que reunirá no palco do Teatro São Luiz, no dia 29 de novembro, os participantes, a Orquestra Metropolitana de Lisboa e músicos convidados.
A designação do projeto, MUSICAR, faz ressonância do conceito desenvolvido pelo músico e pedagogo neozelandês Christopher Small, o qual defendeu que a Música é um fenómeno eminentemente relacional e que a sua essência não reside na obra enquanto objeto, mas sim na ação, naquilo que cada um de nós faz com ela.
Convite para o Primeiro Laboratório Informal
O primeiro encontro com todos os que estejam interessados em acompanhar de perto o desenvolvimento desta experiência de natureza didática, artística e inclusiva acontece já no próximo dia 24 de fevereiro, entre as 18h00 e as 20h00, na Sede da Metropolitana. Nesta ocasião, pretende-se apresentar brevemente o projeto, angariar contributos para a sua implementação, reunir testemunhos que permitam retratar sumariamente a atual oferta formativa no domínio da música para estas comunidades, identificar metodologias e experiências já anteriormente ensaiadas por diferentes agentes nesta área e, sobretudo, assinalar boas práticas para serem implementadas ao longo do processo.
Em virtude do caráter pioneiro da proposta, esta é uma vertente de atuação inteiramente nova também para os profissionais da Metropolitana; incluindo músicos, professores, administrativos e auxiliares de educação. É, por isso, com o intuito de sensibilizar e desenvolver competências específicas para intervir com critério e oportunidade nesta área que se promove este momento de partilha, convidando aqueles que já desbravaram caminhos e os potenciais beneficiários cujas necessidades e expectativas são orientação determinante. Neste mesmo sentido, a Metropolitana conta desde início com a «cumplicidade» de duas entidades que em passados anos iniciaram atividades desta natureza: a Filarmónica Enarmonia da Associação Bengala Mágica e; Mãos que Cantam, às quais se junta ainda o Teatro São Luiz. Pretende-se, todavia, alargar o mais possível o leque de parcerias, não somente para captação de conhecimento avalizado, mas também para que o próprio projeto Musicar consiga retribuir amplamente os resultados alcançados, nomeadamente através da descrição crítica das suas atividades, da partilha de testemunhos dos participantes, da compilação de boas práticas, de um vídeo documentário e de futuros encontros a organizar do formato de laboratórios informais.
Ações de Formação para Professores
A primeira fase de implementação prática do projeto decorre a partir do início de março até meados de maio, quando irão decorrer na Sede da Metropolitana nove ações de formação com periodicidade semanal, no final da tarde de sexta-feira, destinadas a todos os músicos da OML, aos alunos da Academia Nacional Superior de Orquestra e aos docentes das três escolas da Metropolitana, independentemente da disciplina que lecionem. Os conteúdos destas sessões consistem em noções básicas de musicografia braille, metodologias de memorização e treino auditivo para cegos, noções básicas de língua gestual portuguesa, orientações para o ensino coral e de instrumentos de cordas, sopros e percussão a pessoas com deficiência visual, e o ensino de instrumentos de percussão a pessoas com deficiência auditiva. No final será constituído um Núcleo de Educação Especial na Metropolitana que permitirá, ainda em maio, assistir a três ateliês práticos de experimentação de instrumentos musicais participados por alunos cegos e surdos.
Estão a ser envidados esforços para que estas formações sejam devidamente certificadas.
Núcleo de Ensino Especial
Decorrida a primeira fase será criado um Núcleo de Educação Especial integrado por entidades parceiras e os formandos interessados para prestar assistência e um regular acompanhamento dos alunos com deficiência na fase seguinte, bem como a criação dos materiais de música necessários à sua prática coral ou de percussão, tendo também em vista a preparação do Concerto Final.
Aulas Teóricas e Classes de Conjunto para Cegos e Surdos
A segunda fase decorre na Sede da Metropolitana entre maio e novembro com periodicidade semanal, sempre aos sábados (calendário por definir em função do número de participantes). Haverá então duas classes de formação distintas, uma dedicada a alunos cegos outra a alunos surdos. Para o efeito, serão contratados professores especialistas nas respetivas áreas de ensino, eminentemente focadas na teoria da música e na prática musical de conjunto. Sempre que necessário, serão também contratados docentes de educação especial e técnicos que garantam o regular funcionamento das sessões. Poderão ainda assistir a estas aulas representantes das entidades parceiras assim como os participantes das ações de formação decorridas na fase anterior.
Estas aulas para cegos consistem fundamentalmente em formação em musicografia braille, prática coral e, mais restritamente, numa iniciação à prática de instrumento. Por seu turno, as aulas para surdos consistem na exploração expressiva da linguagem musical em associação à Língua Gestual Portuguesa e na teorização do ritmo e da sintaxe musicais. As aulas são de participação gratuita. Conta-se com o envolvimento das entidades parceiras para divulgação das mesmas junto dos potenciais beneficiários.
Concerto Final
No final da fase de formação, os agrupamentos das Classes de Conjunto para Cegos e Surdos juntar-se-ão à Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML) em ensaios para um concerto público a realizar-se no palco do Teatro São Luiz no dia 29 de novembro. No mesmo concerto participarão ainda dois artistas cegos, um pianista e um maestro, que interpretarão obras de repertório orquestral corrente com a OML. Será este um concerto inclusivo, onde haverá igualdade de oportunidades para a prática artística com as comunidades com deficiência. Este concerto tem como objetivo sensibilizar a comunidade musical do nosso país, mas também, e sobretudo, o público em geral, procurando através da demonstração do talento artístico substituir as manifestações de complacência pelo respeito pela pessoa com deficiência.

Fonte:
Newsletter Associação Promotora do Ensino dos Cegos