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ACAPO mostra que cegueira não é incurável nem "o fim de tudo"

por Lerparaver

A delegação de Viana do Castelo da ACAPO promoveu, ontem, um rasteio óptico e uma acção de sensibilização dos serviços prestados aos invisuais, na freguesia de montanha de Montaria. "Se para os cidadãos normais a distância aos centros urbanos é muitas vezes um entrave nas suas deslocações, muito mais será para cidadãos invisuais e, por isso, queremos efectuar um trabalho de proximidade com as juntas de freguesia e as populações locais", justificou a presidente da delegação, Ana Paula Pereira.

Montaria foi o primeiro local seleccionado porque, num levantamento realizado anteriormente, e "de acordo com a densidade populacional, a percentagem de pessoas com deficiência visual era significativa", disse Ana Paula Pereira. "Pretendemos abranger outras freguesias, mas alargando progressivamente a iniciativa a outros municípios, como Ponte de Lima, onde estaremos no próximo dia 16", anunciou.

Equipamento informático

"Para esta sessão, trouxemos alguns equipamentos para que as pessoas possam experimentar, desde computadores com programas específicos, passando pelo "workshop" do braille - que inclui equipamentos que são utilizados para esse tipo de escrita próprio para invisuais - de forma a que as pessoas tenham um maior conhecimento dessa linguagem, até um circuito onde se pode ter a sensação de andar, recorrendo apenas à ajuda da bengala, pois vão vendadas". Com essas sessões, a ACAPO quer transmitir, também, "uma mensagem positiva às pessoas que se deparam com problemas visuais, de que há soluções e que o mundo não acaba pela existência da cegueira".

Não acaba, mas continuam a existir problemas para aqueles cidadãos, nomeadamente ao nível de mobilidade. "Já muito melhorou, mas há muito ainda por fazer", refere Ana Paula Pereira. "Se os passeios estão melhor pavimentados em Viana do Castelo, por outro lado, os carros continuam a estacionar em cima deles e passadeiras", exemplificou.

Actualmente, a ACAPO está a desenvolver um trabalho que ajude os invisuais a localizar as passadeiras "Estamos a trabalhar no sentido de criarmos uma sinalética que permita a sua identificação. Foi recentemente realizada uma experiência numa passadeira na Praça 1º de Maio, juntamente com a autarquia, em que criámos uma sinalização com relevo no solo. Foi uma experiência, mas o objectivo é criar uma sinalética que seja perceptível e eficaz para toda a cidade".

Semáforos

Também os semáforos têm preocupado a ACAPO. A questão já foi levada à equipa de acessibilidades do Gabinete Cidade Saudável, alertando para o facto da "sonorização e funcionamento dos que não eram realmente seguros para os invisuais", revelou Ana Paula Pereira. No caso do jardim marginal, o sinal sonoro não estava a funcionar em simultâneo para as duas faixas de rodagem, o que "poderia ser altamente enganador, colocando em causa a segurança das pessoas".

Fonte: http://jn.sapo.pt/2006/10/02/minho/acapo_mostra_cegueira_e_incuravel_o_....