Associação de Manteigas apoia pessoas portadoras de deficiência desde 2001.

Associação de Manteigas apoia pessoas portadoras de deficiência desde 2001

AFACIDASE aposta na criação de unidades de vida autónoma

foto
A Associação de Familiares e Amigos do Cidadão com Dificuldade de Adaptação da Serra da Estrela, em Manteigas, tem estimulado a integração da pessoa portadora
de deficiência na sociedade. Um trabalho que já tem nove anos e que poderá vir a ser reforçado com a criação de unidades de vida autónoma. Um projecto
que a direcção da Afacidase, presidida por Maria José Garcez, pretende pôr no terreno, a pensar numa maior autonomia do deficiente.

Em actividade há nove anos, a AFACIDASE – Associação de Familiares e Amigos do Cidadão com Dificuldade de Adaptação da Serra da Estrela, sedeada em Manteigas,
quer agora apostar na criação de unidades de vida autónoma. Uma ideia que deverá ser vertida em projecto até ao final deste ano, de modo a que a obra possa
depois ser concretizada no terreno.

A criação destas unidades tanto poderá passar pela recuperação de imóveis, como por construções de raiz.

Maria José Garcez, fundadora e presidente da direcção da Afacidase, diz que o trabalho está a ser feito para, a curto/médio prazo, a instituição passar
a funcionar com mais uma valência. Neste momento, acolhe 12 utentes na valência de Centro de Actividades Ocupacionais (CAO), dos quais oito são apoiados
pela Segurança Social. Além disso, recebe ainda crianças e jovens em idade escolar no serviço de Actividades de Tempos Livres (ATL), tanto em período lectivo
como durante as férias. “É uma resposta que nós damos sem qualquer subsídio. O único protocolo que temos com a Segurança Social é para integrar oito jovens
em CAO, e neste momento já temos 12”, refere.

A mesma responsável afirma a que a instituição não tem mais utentes pelo facto de apenas ter uma valência diurna: “Daí a nossa grande preocupação em estarmos
já a trabalhar no projecto para a criação de unidades autónomas, num conceito de casa/lar, onde estejam quatro (cinco no máximo), cada um com o seu quarto,
com acompanhamento”.

Aquisição de nova carrinha

Outra necessidade tem a ver com o transporte. Actualmente com apenas uma carrinha de nove lugares, a Afacidase precisa de uma nova viatura. O pedido deu
entrada na Segurança Social e já terá sido aceite, segundo resposta dada à instituição, pelo que em breve deverá adquirir uma nova carrinha. Esta será
mais uma despesa, que se irá juntar ao montante de 20 mil euros que ainda falta pagar relativamente aos trabalhos de adaptação e equipamento do edifício
onde está instalada a Associação. Em relação a esta dívida, Maria José Garcez adianta que a Câmara de Manteigas já disse que vai ajudar.

Várias parcerias e actividades

Durante o ano são várias as actividades em que se envolve e que ajudam à integração e desenvolvimento dos seus utentes. A Afacidase tenta responder aos
desafios que surgem, numa perspectiva de bem-estar e envolvimento com a comunidade.

Além de parcerias com várias entidades, para garantir sessões de terapia da fala, piscina ou a prática do esqui, entre outras, a instituição tem participado
na ExpoEstrela e realizado desfiles de moda, e também já lançou o livro “O Melhor do Mundo”, com testemunhos dos utentes, familiares e colaboradores.

Ver o mar, visitar museus e centros comerciais, fazer compras, ir ao cinema, são outras experiências proporcionadas aos utentes, que também usufruem de
momentos dedicados à música.

“Posso dizer, indiscutivelmente, que somos a instituição que mais parcerias estabelece com a comunidade, porque entendemos que tem que ser assim”, declara
Maria José Garcez, considerando que “é impensável, no presente e no futuro, vivermos isolados”. “Temos que nos abrir, e a Afacidase pauta-se por estar
aberta ao exterior, à comunidade. É importante que os nossos jovens estejam presentes em tudo aquilo a que têm direito, porque eles têm que ser pessoas
integradas na sociedade”, reforça a presidente da direcção.

Reforço da auto-confiança

As actividades desenvolvidas com os utentes recaem no ensino de competências básicas ao nível das actividades domésticas, dos hábitos de higiene pessoal
e das competências sociais. Os jovens têm também a oportunidade de participar em diversos ateliers, aprendendo, consoante os seus gostos e capacidade,
a desempenhar alguns trabalhos, como: fazer flores em papel, tecelagem, bordados, costura, doçaria ou pintura.

A Afacidase salienta que “o trabalho desenvolvido nestes ateliers permite aos jovens adquirirem competências úteis e, simultaneamente, contribui para o
reforço da sua auto-confiança, incutindo-lhes um sentido de valor próprio”.

Tapete valeu 560 euros. Governador Civil deu 260 e Lemos Santos mais 300

MAIS DE MIL EUROS ANGARIADOS EM LEILÃO

Para assinalar o nono aniversário, comemorado no passado sábado, 15 de Maio, a Afacidase organizou um jantar solidário na Casa da Roda, em Manteigas, que
contou com a adesão de cerca de 120 pessoas. Um dos participantes foi o Governador Civil da Guarda, que acabou por entregar àquela Associação uma quantia
de 260 euros, na sequência da arrematação de um tapete de arraiolos, embora não tivesse ficado na mão de Santinho Pacheco. O objectivo foi ajudar a instituição.
O mesmo tapete acabou por valer um total de 560 euros, já que Lemos Santos, actual presidente da Assembleia Municipal de Manteigas, deu mais 300 euros
para ficar com a peça.

Outra peça em leilão foi uma toalha de mesa, bordada pela utente Fátima Rabaça, a que todos chamam Fatinha. Uma jovem com paralisia cerebral, mas que “tem
umas mãos de fada”. Esta toalha rendeu 150 euros e foi para uma pessoa da família da utente.

Foram ainda leiloadas seis t-shirts com aplicações em tecido bordado, que permitiram somar mais 300 euros aos fundos já angariados, reunindo mais de mil
euros nessa noite.

Todos artigos leiloados foram feitos por utentes e colaboradores da Afacidase.

Na realização do jantar, a instituição contou com o apoio e colaboração da Fundação Inatel, que disponibilizou as instalações, dos chefes Óscar e Ana Mendes,
professores na Escola de Hotelaria de Manteigas, e também de alguns alunos.

“Sentimos muita necessidade do apoio das pessoas”

A presidente da Associação considera fundamental celebrar o aniversário, como forma de reunir as pessoas: “É necessário marcar cada ano que passa e fazer
um pequeno balanço, sentindo as pessoas junto de nós”. “A instituição é para as pessoas, e nós sentimos muita necessidade do apoio das pessoas”, diz Maria
José Garcez, acrescentando que “a maior parte do trabalho é feito em regime de voluntariado e com parcerias com diversas entidades e associações”.

BOLOS E COMPOTAS DA INSTITUIÇÃO VENDIDOS EM LOJAS DE MANTEIGAS

O Atelier de Doçaria da Associação tem sido um sucesso, sendo já uma âncora em termos financeiros, que permite pagar muitas das despesas do dia-a-dia. “O
que nos pedirem, nós fazemos, como compotas, bolos de aniversário e todo o tipo de doçaria. Há já uma produção que a população conhece. Temos muitas encomendas
e nós abastecemos lojas na vila de Manteigas, dando a possibilidade a todas as pessoas de adquirirem os nossos produtos”, dá conta Maria José Garcez.

A presidente destaca a participação activa dos utentes no Atelier: “Eles sabem fazer as coisas e sentem-se úteis, porque estão a participar num projecto
de progresso da Associação. É um projecto pedagógico e é útil”.

120 SÓCIOS E QUASE DUAS DEZENAS DE VOLUNTÁRIOS

A Associação de Familiares e Amigos do Cidadão com Dificuldade de Adaptação da Serra da Estrela é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS),
criada em 2001, que apoia pessoas portadoras de deficiência. Tem cerca de 120 sócios, perto de 20 colaboram voluntariamente nas várias actividades.

Como Centro de Actividades Ocupacionais (CAO), a Afacidase tem como objectivos promover a integração social e laboral da pessoa deficiente, defender os
direitos do deficiente perante as instituições públicas e privadas, orientar e formar pais e familiares do deficiente e sensibilizar a comunidade das necessidades
deste colectivo, tanto a nível social, como a nível humano.

A instituição está instalada no Edifício do Beiral, no Bairro de São Domingos, um imóvel de quatro andares cedido pelo Instituto de S. Miguel e que, entretanto,
foi alvo de obras de remodelação e adaptação para acolhimento de pessoas portadoras de deficiência.

Os espaços

Entre os espaços que compõem o edifício encontram-se um ginásio, sala do Atelier de Trabalhos Manuais, cozinha e refeitório para 30 pessoas, salão, Sala
de Atendimento às famílias e apoio psicossocial, Sala de Actividades, Sala de Música, Biblioteca e Sala de Estudo, oito casas-de-banho adaptadas, capela,
Sala para Unidade Multideficiência, sala de exposição dos produtos realizados pelos jovens, colaboradores e voluntários; gabinete dos serviços administrativos,
gabinete da equipa técnica, Sala de Voluntariado e Sala de Atelier de Costura.

A equipa

O quadro da Associação é integrado por quatro pessoas: directora de Serviços e Técnico de Reabilitação e Educação Especial, Assistente Social, Administrativa
e Monitora de Atelier de Doçaria. Ao trabalho na instituição juntam-se mais uma Animadora Sócio-Cultural (em estágio profissional) e perto de duas dezenas
de voluntários.

Por:
Fátima Monteiro

--
Ver para crer, é um espaço onde se pretende discotir o associativismo de e para pessoas deficientes em Portugal.
Se quer fazer parte deste, escreva-me para:
reallaguia@gmail.com
Ou entre no seguinte link:
http://groups.google.pt/group/ver_para_crer?hl=pt-PT?hl=pt-PT
Agradeço que o respeito e a boa educação prevaleçam aqui.
Sérgio Gonçalves