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Off-topic - Memorial dos livros ou o ensaio sobre a cegueira digital

por Norberto Sousa

O mercado dos e-books em Portugal está a crescer, mas ainda é muito reduzido, não devendo ultrapassar 3% do total
Para a escritora Lídia Jorge, os livros eletrónicos são uma espécie de prova de degustação. Servem para petiscar a prosa e avaliar-lhe o sabor antes de mandar vir a dose verdadeira. "Nunca li um e-book até ao fim. Se não estou a gostar, paro de ler. Se estou a gostar, vou a correr comprá-lo em papel para continuar. E quanto mais gosto mais quero a versão em papel. Tenho sempre a sensação de que um livro digital não é um livro verdadeiro. Mas admito que este seja um vício geracional."
Talvez seja. Mário de Carvalho, autor do romance Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde, não teme nem critica os e-books. "Não costumo ler livros digitais, mas não tenho nada contra, até porque me recordo do tempo em que os homens liam e exprimiam-se em tabuinhas de barro, papiros ou folhas de oliveira. Ao longo dos tempos, o livro já tomou as mais diversas formas. Se passarmos a usar livros eletrónicos não me parece que seja um drama, desde que a memória não desapareça. Claro que a experiência de leitura será diferente, mas o facto de lermos num papel envelhecido ou num papel mais brilhante também muda essa experiência".
Mercado com poucos números
Deitando um olho ao mercado português de e-books e auscultando os responsáveis editoriais, conclui-se que, por cá, os livros eletrónicos representam apenas algumas migalhas do bolo. "É um mercado que em Portugal ainda não tem muita expressão. Não havendo estatísticas, atrevo-me a dizer que, a nível de vendas, os e-books representarão cerca de 3% do mercado de livros", arrisca Bruno Pacheco, secretário-geral da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL).
Uma estimativa percentual que bate certo com o caso concreto partilhado com o DN por Maria do Rosário Pedreira, editora do grupo Leya. "O Teu Rosto Será o Último, o romance do João Ricardo Pedro que venceu o Prémio Leya, vendeu cerca de 35 mil exemplares em papel e talvez uns 1200 e-books."
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Fonte:
Reuters
José Fialho Gouveia
http://www.dn.pt/artes/interior/memorial-dos-livros-ou-o-ensaio-sobre-a-...