Como é que continua a conversa que durante o capítulo 19 Wes iniciou ao telefone com a jornalista Lisbeth e deixei por aqui partilhada na passada Segunda-feira? É isso que poderão ver já a seguir por via desta minha nova postagem e aviso-vos desde já que é tudo demasiadamente surpreendente. Lizbeth pode ser muito espertinha enquanto jornalista e sabe demonstrar isso muito bem ao telefone enquanto conversa com ele, mas ele acaba por se lhe revelar muito superior, conseguindo passar-lhe a perna quase literalmente por forma a convencê-la a não publicar nada na sua coluna que se relacione com o seu café da manhã na companhia do amigo Dreidel tal como este último lhe solicitara logo desde o início que tentasse fazer!
21
Palm Beach, Flórida
“De todo jeito, é apenas uma pequena nota sarcástica com você e Dreidel comendo no Four Seasons", diz Lisbeth, enquanto Rogo se aproxima e coloca o ouvido no telefone. "É
como fazer do restaurante o local de uma reunião da Casa Branca no Sul ensolarado. Os rapazes do presidente e tudo o mais."
"Isso soa engraçado", digo a ela, esperando mantê-la feliz. "Embora não tenha certeza de que isto constitua notícia."
"Espantoso", diz ela, de modo sarcástico. "Foi exatamente isso que Dreidel disse. Vocês são rapazes que foram separados quando nasceram, ou isso vem naturalmente com a profissão?"
Eu conheço Lisbeth desde o dia em que assumiu a coluna de mexe¬ricos do Post. Temos um acordo claro. Ela telefona e educadamente pede uma declaração do presidente. Eu educadamente lhe digo que sentimos muito, mas não fazemos mais isso. É uma simples valsa. O problema é que, se eu não faço esse jogo com cuidado, acabo lhe dando algo para uma dança extravagante.
"Ora, Lisbeth, ninguém mais sabe quem eu e Dreidel somos."
"Opa, Dreidel tentou essa também. Logo antes de perguntar se po¬dia me telefonar dentro em pouco, o que também é um sinal garantido de que não irá me ligar de novo. Quero dizer, considerando que Dreidel tem aquele levantamento de fundos hoje à noite, eu poderia achar que ele gostaria de ter o nome no jornal local. Agora, você quer me descrever como foi ótimo para você e seu amigo se encontrarem para lembrar dos velhos dias na Casa Branca, ou quer que eu comece a achar que há algo de errado em 'Manninlópolis'?" Ela ri enquanto diz essas palavras, mas con¬vivi bastante com repórteres para saber que, quando se trata de preencher suas colunas, nada é engraçado.
Cuidado, escreve Rogo em um pedaço de papel. A garota não é tola.
Eu faço que sim e volto para o telefone. "Ouça, fico feliz em lhe dar qualquer descrição que você queira, mas honestamente ficamos no res¬taurante apenas por poucos minutos...”
"E esta é oficialmente a terceira vez que você tenta minimizar uma história para que ela pareça sem graça. Você sabe o que ensinam na escola de jornalismo quando alguém tenta minimizar algo, Wes?"
No pedaço de papel, Rogo acrescenta um ponto de exclamação ao A garota não é tola.
"Ok, está bem. Você quer saber a história real?", pergunto.
"Não, eu prefiro muito mais a evasiva falsa."
"Mas isto é confidencial", aviso. Ela fica em silêncio, esperando que eu continue a falar. Este é um velho truque de repórter, assim ela pode dizer que nunca concordou. Eu caí nessa na minha primeira semana na Casa Branca. Aquela foi a última vez. "Lisbeth..."
"Muito bem... sim... confidencial. Agora, qual é o grande rebu?"
"O aniversário de Manning", falo sem pensar. "Sua festa de aniver¬sário surpresa ao completar sessenta e cinco anos, para ser exato. Dreidel e eu estávamos encarregados da festa surpresa até você telefonar nesta manhã. Eu disse a Manning que tinha de fazer compras. Dreidel estava na cidade e disse-lhe a mesma coisa. Se Manning ler amanhã no jornal que estávamos juntos..." faço uma pausa para maior efeito. É uma mentira deslavada, mas seu silêncio me diz que ela está engolindo a trapaça. "Você sabe que nunca pedi nada, Lisbeth, mas se puder não publicar apenas essa notícia..." Faço outra pausa para o grande final. "Fico lhe devendo uma."
Posso praticamente ouvir o seu sorriso do outro lado da linha. Em uma cidade de eventos sociais, este é o melhor para servir de barganha: um favor concedido pelo antigo presidente dos Estados Unidos.
"Dê-me dez minutos face a face com Manning na noite da festa surpresa", diz Lisbeth.
"Cinco minutos é o máximo que ele irá conceder."
Rogo sacode a cabeça. Não é suficiente, ele fala sem pronunciar as palavras.
"Fechado", diz ela.
Rogo faz um duplo sinal de o.k. com os dedos. Perfeito, sussurra.
"Então o meu café-da-manhã com Dreidel...?" Pergunto.
"Café-da-manhã? Ora, Wes — por que alguém se interessaria pelo que dois antigos assessores comem no seu café matinal? Considere o assunto oficialmente morto."
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