Prezados,
Agradeço aos e-mails que recebi em reconhecimento dos textos que antes compartilhei neste Blog. Reitero que o conhecimento é para que possamos dividir, de modo a somarmos. Então, podem contar comigo para a formação de tradutores visuais que estimem a ética a inclusão da pessoa com deficiência e a qualidade profissional da áudio-descrição.
Em respostas aos e-mails, pois, partilho agora mais alguns dos trechos que uso em minhas aulas.
E, respondendo ao gentil e-mail do colega de Portugal, sim, pode fazer perguntas sobre a áudio-descrição no espaço comentário do Blogo que eu responderei, na medida de minhas condições e parco conhecimento.
Abaixo, fiquem com a "Lição".
Cordialmente,
Francisco Lima
O Traço de União da Áudio-descrição
Versos e Controvérsias
Francisco J. Lima
Rosângela A. F. Lima
Paulo A. M. Vieira
Universidade Federal de Pernambuco
1. FUNDAMENTAÇÃO
A áudio-descrição
“...é um recurso de acessibilidade que permite que as pessoas com deficiência visual possam assistir e entender melhor filmes, peças de teatro, programas de TV, exposições, mostras, musicais, óperas e outros, ouvindo o que pode ser visto. É a arte de transformar aquilo que é visto no que é ouvido,o que abre muitas janelas para o mundo para as pessoas com deficiência visual. Com este recurso, é possível conhecer cenários, figurinos, expressões faciais, linguagem corporal, entrada e saída de personagens de cena, bem como outros tipos de ação, utilizados em televisão, cinema, teatro, museus e exposições” Lívia Mota (2008),
Segundo Quico (2005),
Num estudo realizado em 1998, a American Foundation for the Blind verificou que a maioria das pessoas com deficiências visuais que tinham utilizado o serviço de Áudio-Descrição consideraram este como muito útil, bem como davam preferência aos conteúdos com Áudio-Descrição.
Os principais benefícios do serviço citados por pessoas invisuais ou com deficiências visuais graves foram os seguintes:
- ficar a conhecer os ambientes visuais do programa,
- compreender melhor os materiais televisivos,
- sentir-se independente,
- sentir-se igual a uma pessoa sem deficiência visual,
- sentir satisfação,
- alívio dos espectadores sem deficiência visual com quem assistiam aos programas.
PORTARIA Nº 310, DE 27 DE JUNHO DE 2006 do Ministério das Comunicações como sendo 3.3. Áudio-descrição: uma locução, em língua portuguesa, sobreposta ao som original do programa, destinada a descrever imagens, sons, textos e demais informações que não poderiam ser percebidos ou compreendidos por pessoas com deficiência visual.
A cidade de Toronto, Canadá, decide:
A. Exigir dos legisladores que reconheçam o direito das pessoas com deficiência visual de usufruírem da televisão e que dediquem uma parte da capacidade de transmissão digital ao som da áudio-descrição à medida que e quando a televisão digital estiver sendo introduzida;
B. Exigir dos canais de televisão que assumam um compromisso para com seus espectadores com deficiência no sentido de introduzirem serviços tão logo um método de transmissão do som da áudio-descrição torne-se disponível; e
C. Exigir a cooperação dos fabricantes de receptores para que incorporem as necessidades das pessoas com deficiência visual ou com baixa visão no projeto dos receptores digitais. Quarta Assembléia da União Mundial de Cegos (WORLD BLIND UNION). TORONTO, CANADÁ. 26-30 AGOSTO 1996
No Caribe:
Em Cuba, filmes com sistema de áudio-descrição para pessoas com deficiência visual.
No Havaí:
O Teatro Diamond Head está oferecendo áudio-descrição para as pessoas com deficiência visual no segundo domingo de cada apresentação ao vivo do teatro
Na Catalunha:
No ano de 2003, também foi desenvolvido um sistema tecnológico próprio que permite legendar em tempo real programas ao vivo. O programa “Àgora” é oferecido com legendas, desde há quase dois anos, graças a este sistema, e em 2007, começou-se também a legendar o programa “El temps”.
Em Portugal:
TV Cabo e Canal Lusomundo Gallery adaptam filmes Portugueses para pessoas cegas
A um ritmo de um filme por mês, o leque dos filmes portugueses vão desde os clássicos, sendo o mais velho de 1935 ("As Pupilas do Senhor Reitor"), até aos filmes contemporâneos, com realizações datadas de 2003, como é o caso de "A Selva" de Leonel Vieira.
No Brasil:
Imagine o que não se pode ver
A experiência pernambucana
Espetáculo O menino que contava estrelas foi o primeiro a disponibilizar a áudio-descrição no Recife. A áudio-descrição da peça foi realizada pelos alunos do curso Imagens que falam, de tradução visual com ênfase em áudio-descrição, que foi ministrado pelo professor Francisco Lima.
HÍFEM
Áudio: a parte sonora de um filme.
Descrição: ato ou efeito de descrever. 2. Exposição circunstanciada feita pela palavra falada ou escrita. (FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda,2004).
Descrição: discurso por meio do qual se descreve ou representa alguma coisa ou pessoa; narração circunstanciada; enumeração dos caracteres que distinguem uma pessoa ou coisa.(Aulete, 1968).
Justifica-se o hífen em algumas das palavras compostas por justaposição, a saber, naquelas formadas por dois termos que têm significação própria quando isolados e, no se unirem para formar o composto, conservam ambos, além da significação, a grafia e a prosódia que lhes são peculiares: guarda-chuva, couve-flor, papel-moeda, amor-perfeito. “Justifica-se” ficou dito, mas não nos esqueçamos de que esse enfeite existe quase que exclusivamente no nosso idioma. (Almeida, 1996:244-245)
ÁUDIO-DESCRIÇÃO
Ao termo descrição é adequadamente aplicado o hífem na construção do vocábulo para melhor determinar que a descrição não seja confundida com interpretação. Com efeito, na áudio-descrição, descreve-se o que se vê e não o que se pensa ou que se acha ter visto.
A áudio-descrição vem completar, ampliar o conhecimento que se pode alcançar de uma dada cena ou filme, mas será a cognição que fará a diferença, de fato. Assim, o papel do áudio-descritor é levar à mente do usuário do serviço, por meio da descrição, oral ou escrita, aquilo que ele vê, da forma que vê, com a maior completude e exatidão que o tempo lhe permitir, dentro de regras e premissas profissionais, sólidas e éticas.
Segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, apresentado por Ernani Terra, o emprego do hífen (-) continua a ser usado nas palavras compostas, na ligação dos pronomes oblíquos enclíticos (colocados depois da forma verbal) e mesoclíticos (colocados no meio da forma verbal) ao verbo e na ligação dos sufixos de origem tupi: couve-flor, segunda-feira, entregá-lo, entregá-lo-íamos, sabiá- guaçu.
2. OBJETIVO
Demonstrar que a áudio-descrição é um meio de acessibilidade à informação, à comunicação, à educação e à cultura para as pessoas com deficiência visual.
Apresentar as razões para que se escreva áudio-descrição com o hífen, colocando em debate a controvérsia sobre a grafia desse vocábulo, quando grafado sem o hífen.
3. METODOLOGIA
Análise dos dados:
Documentos
áudio-descrição tem sido requerida pelas pessoas com deficiência em alguns países.
se escreva áudio-descrição com o hífen ou sem o hífen.
4. RESULTADOS
Que a áudio-descrição possibilita acessibilidade à informação, à comunicação, à educação e à cultura,e que o cidadão possui esse direito a ter acessibilidade, promovendo a cidadania, dignidade e respeito aos direitos da pessoa humana, incluindo museus, cinema, teatros e televisão.
5. CONCLUSÕES
Concluíram que a áudio-descrição é recurso para a acessibilidade e que “Acessibilidade” no cinema, no teatro e na televisão implica na oferta de áudio-descrição às pessoas com deficiência visual.
O Traço de União da Áudio-descrição
Versos e Controvérsias
Francisco J. Lima
Rosângela A. F. Lima
Paulo A. M. Vieira
Universidade Federal de Pernambuco
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