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Verdadeiro Olhar - blog de Sérgio Gonçalves

Quando as mãos espelham a alma

por Sérgio Gonçalves

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Vera Batista Martins

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Dezoito trabalhos em madeira, criados pelas hábeis mãos de António Capela Lopes, podem ser apreciados no Museu Etnográfico de Vilarinho das Furnas, na Porta
do Campo do Gerês do Parque Nacional, em Terras de Bouro.
‘Madeira à Minha Maneira’ podia ser uma simples exposição de artesanato, não fosse o artista cego desde os 9 anos de idade, devido a um tumor cerebral.
Apesar da volta de 360º que a sua vida deu, foi no Instituto dos Cegos São Manuel, no Porto, onde aprendeu braille descobriu o gosto pelos trabalhos manuais,
sobretudo pelo manusear da madeira e do barro, um dos seus maiores prazeres da vida.
“Há mais de 20 anos que faço estas peças. Comecei a gostar de trabalhar a madeira durante as aulas que tínhamos no Instituto São Manuel”, disse António
Lopes ao ‘Correio do Minho’, durante a inauguração da exposição, em Terras de Bouro.
É um trabalho “difícil” mas com “muito empenho” tudo se consegue, salientou o artista de 42 anos, natural de Carvalheira.
Ao longo dos últimos dois anos, António dedicou-se à construção da maior parte das peças de madeira em exposição, como é o caso do moinho, espigueiro,
carro das vacas, arado, espadas e taramelas, entre outros inventos que baptizou de ‘geringonça sem nome’, ‘gira e toca’ e ‘bufagatos’.
“Nunca tinha pensado em expôr e fui incentivado pela doutora Paula da ACAPO e pela minha cunhada”, contou emocionado e satisfeito por poder partilhar com
os amigos, e com o público em geral, a sua arte e o seu saber.

Município incentiva artista a divulgar o seu talento

Promovida pela Câmara Municipal de Terras de Bouro, em parceria com a delegação de Braga da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), a exposição
‘Madeira à Minha Maneira’ é o resultado de anos de trabalho de António Lopes, que pretende continuar o percurso.
“O município teve conhecimento do trabalho desenvolvido pelo António e decidiu convidá-lo a divulgar as suas obras”, disse o presidente da câmara, Joaquim
Cracel Viana, referindo que a autarquia tem “apoiado o António nas suas deslocações a Braga”. Desejando que o artista dê continuidade à sua arte, o edil
garantiu que “ao longo de 8 meses de presidência de câmara, este é o momento mais emotivo do meu trabalho”.
De salinetar que a exposição pode ser visitada até 30 de Setembro.
Fonte: Correio do minho

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Perder tempo em aprender coisas que não interessam, priva-nos de descobrir coisas interessantes.

Carlos Drummond.

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Sérgio Gonçalves

Comentários

Parabéns ao sérgio por nos ter dado a conhecer mais um vencedor! E parabéns ao António, pois tem mãos de um verdadeiro artista! Fico muito feliz por saber que muita gente o apoia e o incentive para a divulgação do seu talento!!!

Cumprimentos

Céu

Caros amigos, essa matéria postada pelo amigo Sérgio vem mais uma vez provar aquilo que não precisa ser mais provado: que as pessoas com deficiência são como quaisquer outras, têm o direito de sonhar e ver seus sonhos realizados. Para a pessoa com deficiência que luta, que não quer viver uma realidade de "coitadinho", como o nosso caro António, essa visibilidade é a coisa mais natural do mundo, a consagração de um período de dedicação. É de se parabenizar aqueles que o apóiam, que acreditam num trabalho desenvolvido com afinco. Abraço.Michel

Michel

+Filipe Azevedo
Caros amigos.
Tive o grato prazer de estar presente na inauguração desta exposição do António Capela, que se chama Madeira à minha maneira.
Em boa ora, o museu Etnográfico de Vilarinho das furnas, deu oportunidade ao nosso amigo Capela de expor o seu trabalho.
Digo-vos sinceramente que vale bem apena ir visitar a exposição e comungar do talento, da criatividade, do perfeccionismo e do carinho que o António Capela empresta aos trabalhos que faz.
Estão expostos trabalhos de grande qualidade, que comprovam bem a classe que sai das mãos do António.
Costuma dizer-se que um homem, para deixar a sua marca na humanidade, ou tem de escrever um livro, plantar uma árvore, ou ter um filho.
O António nem escreveu um livro, nem teve um filho. Mas esta exposição que foi inaugurada no passado Sábado, representa a plantação de uma árvore. E o que eu desejo mesmo é que isto dê início à abertura de uma imensa floresta, cheia de árvores carregadas de bons frutos.
Eu por mim, sei que não posso ajudar o António a preencher a floresta, plantando mais e mais árvores, mas tenho imensa vontade de continuar a apreciar o seu trabalho.
Após ter visto esta exposição, a minha ideia do António ficou muito clara. Ele é um verdadeiro artista.
Todos pudemos ouvir as palavras do António, que nos prometeu que ia fazer mais trabalhos. E que bem que me soube ouvir essas palavras, e como eu anseio por esse momento.
Espero que daqui para o futuro, mais museus possam dar oportunidade ao Capela de expor o seu talento, para que possamos todos ver a floresta a crescer e as árvores de fruto a florirem.
Abraços para todos.
Filipe.

+Filipe Azevedo