PS apresenta o primeiro candidato invisual a uma eleição autárquica no Porto
Elogiado por Marcelo Rebelo de Sousa pela coragem de avançar contra os preconceitos, António Mourão teve apoio esmagador em Cedofeita
O socialista António Mourão é o primeiro invisual a disputar umas eleições autárquicas na cidade do Porto, procurando retirar a Junta de Freguesia de Cedofeita à coligação PSD-CDS. A entrada de António Mourão na política, em 2006, foi na ocasião saudada por Marcelo Rebelo de Sousa, no seu programa dominical, como um acto de coragem, dados os preconceitos ainda existentes na sociedade portuguesa.
"Marcelo falou com muita propriedade. Só quem cá anda é que sabe. Há de facto ainda muita dificuldade em aceitar a diferença, muito preconceito", disse ontem à Lusa António Mourão. Este professor de Filosofia no ensino secundário foi em 2006 eleito presidente da secção de Cedofeita do PS com mais de 60 por cento dos votos.
Desta vez, a estrutura deu-lhe um apoio esmagador, com apenas um branco, deixando o seu adversário na disputa pelo cargo, o "alegrista" Ernesto Silva, sem um único voto. António Mourão justificou a sua candidatura com "uma vontade de intervir, de participar na vida colectiva e poder pôr em prática o discurso" que tem proferido em vários momentos dentro do partido.
O último "palco" de uma intervenção deste dirigente foi o Congresso de Espinho, onde Mourão viu transmitida na TVI a sua comparação entre o Sócrates grego e aquele que lidera o PS. Recordando que o Sócrates grego "fez descer a filosofia do céu para a terra", Mourão elogiou o Sócrates português por "fazer descer a política da ideologia para a acção".
António Mourão admite ter pela frente um desafio difícil, já que nas últimas autárquicas o PS ficou-se naquela freguesia pelos 27,8 por cento, enquanto a coligação PSD-CDS obteve 50,5 por cento. Mas o candidato diz confiar no facto de haver já muita gente que o conhece na freguesia - nomeadamente porque deu aulas em dois dos seus principais liceus, o Carolina Michaëlis e o Rodrigues de Freitas - e na sua capacidade de convencer os mais de 24 mil eleitores de Cedofeita na ronda de contactos que pretende fazer porta-a-porta.
Noutra freguesia do Porto, a de Ramalde, o PS avança com o "histórico" Alfredo Fontinha, que liderou a junta entre 1994 e 2001. Com esta escolha os socialistas tentam recuperar a autarquia liderada por Manuel Maio, do CDS/PP, que concorreu em coligação com o PSD.
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Fim
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Comentários
Sobre a apresentação de um candidato cego pela lista do PS para
Caros amigos, dirijo-me a todos os que lerem este comentário.
A minha primeira palavra é de parabéns e saudação para o Sr. António Mourão, que ainda não tenho o prazer de conhecer. No entanto, está de parabéns, e é devida uma palavra de felicitação e apreço para ele.
Também saúdo o Partido Socialista que, a tomar atitudes destas, de integração, de novas e iguais oportunidades para todos, se afirma como verdadeiro partido de esquerda moderna e democrática. De facto, ser socialista ou, mais especificamente, ser de esquerda não é fazer grandes proclamações e escolher temas "Picantes" para se afirmar; mas é apostar dos mais carenciados, promover as reformas e a igualdade de oportunidades entre todos.
Se o António Mourão é o primeiro candidato autárquico no Porto, isso eu não sei; o que sei, isso sim, é que não é o primeiro candidato autárquico cego. Essa situação ocorreu, que tenha conhecimento, com a Ana Sofia Antunes e, modestamente, comigo próprio, que temos a honra de "verear" na Câmara Municipal de Lisboa, como vereadores substitutos. Até se deu o caso de, numa das reuniões, termos "vereado" juntos, o que não deixou de ser curioso. A Ana Sofia não me deixará mentir, quando afirmo que lutámos pela reabilitação ou requalificação da R. de S. José, ela através da apresentação de uma proposta do seu Movimento "cidadãos por Lisboa", enquanto eu tive oportunidade de secundar e defender a proposta.
Em suma, os meus parabéns e espero que haja outros candidatos, outros políticos cegos e amblíopes, empenhados e que defendam os interesses dos ceogos e, em geral, de toda a Comunidade. Manuel Ramos