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Verdadeiro Olhar - blog de Sérgio Gonçalves

Portugal emprega menos incapacitados

por Sérgio Gonçalves

Emprego

Portugal emprega menos incapacitados

Cristina Oliveira Silva

Estudo da OCDE revela queda na taxa de atribuição de prestações.

Em dez anos, a taxa de emprego da população com incapacidade caiu quase sete pontos percentuais. A meio desta década, a taxa de emprego da população activa com deficiência rondava os 43%, avança o estudo da OCDE "Sickness, Disability and Work". Dez anos antes, cifrava-se nos 50%.

Portugal faz parte do grupo de países da OCDE onde é visível uma "queda moderada"- com uma taxa de crescimento médio anual negativo entre 0,75 e 2%- nos números do emprego da população com deficiência. Com resultado pior, só mesmo Alemanha, França e Polónia.

Fonte -

http://economico.sapo.pt/noticias/portugal-emprega-menos-incapacitados_1...

Comentários

Pois, se eles são incapacitados...
Seriia conveniente que quem se debruça sobre estes assuntos tivesse o mínimo de conhecimento dos termos que devem ser utilizados!

Incapacitados? Bem, o termo não me parece nada elegante. Mas fiquei a pensar que em espanhol, deficiente diz-se "descapacitado"; emitaliano, "disabile" e em inglês "disable" que, do mesmo modo, significa não capaz. Traduzindo assim, de forma crua, parecerá que espanhóis e ingleses não possuem uma imagem muito boados deficientes. Mas realmente não sei qual é a carga pejorativa que empregam no vocábulo. Se, ao falar, não associam deficientes a pessoas derrotadas, incapazes de conseguir qualquer coisa com o próprio esforço, então, a despeito de feio, o termo não causa maiores danos. Por vezes, as palavras começam sua história de um jeito e, depois de algum tempo, já não possuem vínculo com o significado original. Ao menos em português do Brasil, devo concordar que o vocábulo é pesado e desagradável.

Mas porque não dizemos o mesmo da palavra deficiente? Deficiente não é o contrário de eficiente? Então, deficiente não é pessoa a quem falta algo e que, portanto, está fora da expectativa? Sim, contudo sabemos que estamos a falar deumadeficiência específica: ou dos olhos, ou dos ouvidos, ou dos braços... Tachar de deficiente um indivíduo não o ofende porque restringimos sua ineficiência ao campo anatômico e, portanto, ao aspecto irrefutável de sua desvantagem.
O problema é que, no português, incapacitado não têm a mesma denotação. Se dizemos incapacitados, embora logicamente fosse possível restringir a incapacidade aos olhos, aos ouvidos e aos braços, não ofaríamos. O vocábulo comporta algo de reprovação. Quem é deficiente possui uma desvantagem, mas quemé incapaz parece culpado de alguma coisa. É o que os vocábulos sugerem. Por isso, um é aprovado e o outro não. É curioso, se procurarmos no dicionário, é provável que os termos sejam dados como sinônimos. Mas os dicionários não têm os ouvidos das ruas.

Pois... Eu vivo em Portugal e como sou cega possuo um documento que sem mencionar a minha deficiência, declara que eu tenho 95% de incapacidade. Se é assim, eu não merecia trabalhar... Pelo menos deviam reformar-me por invalidez. Pelo menos, em termos semânticos, fica tudo lá para as mesmas bandas. Para o povo, em geral, cego, deficiente, incapacitado, inválido e demais azares, são coisas tão iguais que nenhum dicionário escrito consegue definir porque é tudo uma barreira mental que não se compadece com questões linguísticas...

Distinção de conceitos segundo a OMS

À medida que os estudos relacionados com a integridade do ser humano são aprofundados surgem cada vez mais conceitos e, por conseguinte, mais dificuldades de distinção entre eles. Com o intuito de por fim a esta dificuldade e tornar claro o seu significado, a OMS propôz uma classificação onde se distingue: Doença, Deficiência, Incapacidade e Desvantagem/Handicap.

A doença aparece-nos como algo de anormal que ocorre no indivíduo ou à nascença [congénito] ou mais tarde, que tem uma duração variável e um carácter essencialmente intrínseco.

por deficiência entende-se a perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatómica que é exteriorizada.

Uma incapacidade (é sempre resultante de uma deficiência), e como tal é algo objectivada: uma redução ou uma falta da capacidade para exercer uma actividade dentro dos limites considerados normais para o ser humano.
A desvantagem/handicap, cuja principal característica distintiva é o seu carácter marcadamente social, pois determina-se face a outrem. O handicap resulta de uma deficiência ou incapacidade, e é impeditivo do desempenho de actividades consideradas normais para o indivíduo.

NSousa

Muito bom! Não conhecia estas definições. Então, vejamos se entendi corretamente.
Doença é uma anormalidade orgânica ou psicológica. Deficiência é uma redução decorrente de uma doença. Incapacidade decorre de uma deficiência orgânica e limita a interação social de um indivíduo. Desvantagem decorre de uma deficiência psicológica e também limita a interação social de indivíduo.
Quando mencionei interação social, considero família, escola, trabalho, bem como, outros espaços sociais. Para mim, não ficou perfeitamente clara a distinção entre incapacidade e desvantagem. A impressão que se tem ao falar, é que incapacidade é algo mais forte do que desvantagem. Parece-nos que incapacidade é barreira intransponível e que desvantagem é apenas o fardo de quem saiu correndo atrás, mas recuperou-se no meio do caminho e, ao fim, se seus meios não foram iguais, seus resultados, sim o foram. Mas isto são especulações de leigo.
Gostei muito das definições, pois gosto de utilizar as palavras certas. elas são muito mais exatas do que minha definição mal engendrada de leigo!

Olá Luís

Penso que a confusão está em ter definido incapacidade e desvantagem como limitação na interacção social. Na definição esta limitação só está associada à desvantagem.

A incapacidade é por exemplo: Uma pessoa cega tem a incapacidade de conduzir, a qual resulta da sua deficiência, neste caso, da visão.

Por sua vez, a desvantagem é resultante destas duas, e eu diria: e mais uma - a mentalidade da sociedade, o que, para além de colocar o indivíduo com deficiência em desvantagem, quando comparado com outro indivíduo sem deficiência, gera-lhe uma barreira na interacção social.

Tomara muitas pessoas fazerem os comentários que o Luís considera leigos! heheh
Abraço
NSousa