Estudantes querem eliminar barreiras Uma outra visão da deficiência
Projecto «Ver sem olhar» na Escola Secundária do Padrão da Légua.
Um grupo de alunas da turma B do 12º ano da Escola Secundária do Padrão da Légua desenvolveu, ao longo da última semana, um conjunto de actividades subordinadas ao tema «Ver sem olhar». As actividades estão relacionadas com a disciplina Área Projecto.
Júlia Leal, professora responsável pelas actividades, lembrou que segundo as normas do Ministério da Educação, a escolha das temáticas deve estar de acordo com os gostos e as vias profissionais dos estudantes.
No caso concreto, os estudantes da área da ciência e tecnologia escolheram como tema genérico «Um olhar sobre o século XXI», subdividindo-se pelo consumismo, deficiência auditiva, obesidade («Mexer-se.com») e as energias renováveis, para além de deficiência visual.
Catarina Carvalho, uma das alunas envolvidas, lembrou que este trabalho é uma consequência do concurso denominado «Escola Alerta» e tinha como um dos objectivos fundamentais tentar diminuir as diferentes barreiras existentes na área envolvente à escola, além de sensibilizar a comunidade escolar.
Ana Paiva lembrou que, após a planificação do trabalho a desenvolver, as estudantes do Padrão da Légua deslocaram-se à delegação Norte da ACAPO (Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal) aí tendo contactado com o seu presidente e com a técnica de braille. Deram-nos um grande impulso e até fizeram sugestões para as actividades que poderíamos desenvolver.
Cães-guia Marlene Moura aproveitou a ocasião para agradecer o apoio de Susana Gonçalves, invisual que trabalha na Biblioteca Municipal Florbela Espanca e de João Fernandes, do Clube Português de Utilizadores do Cão-Guia, instituição que esteve também presente nas actividades desenvolvidas durante a passada semana.
Quanto a actividades, Inês Rodrigues salientou o facto de terem conseguido o apoio de uma conhecida casa de óptica e que permitiu a realização de um rastreio visual. No início da semana, as alunas montaram a exposição dos trabalhos desenvolvidos pela comunidade escolar. Os trabalhos deveriam ter, obrigatoriamente, algum relevo.
Outra das actividades desenvolvidas foi um percurso de obstáculos e um lanche. Neste último participaram 30 pessoas, entre professores e funcionários, com andaram com os olhos vendados. Rita Rocha considera que o feed-back foi bastante positivo apesar do receio inicial pela comida.
A encerrar as actividades desenvolvidas, o grupo de alunas da Escola Secundária do Padrão da Légua promoveu, na sexta-feira, um jogo de goball. Tal como outras iniciativas, esta partida desportiva contou com o apoio da ACAPO.
Menus em braille Outro dos objectivos das estudantes da escola de Custóias foi a elaboração de um menu em braille. Para que isso se tornasse possível, refere Catarina Carvalho, as jovens contaram com o apoio de Susana Gonçalves.
Neste momento, referiu Ana Paiva, esta iniciativa contou já com a adesão 20 cafés e restaurantes, não só do Padrão da Légua, envolvente à escola, e mesmo da zona central de Matosinhos.
A adesão das pessoas foi muito boa. Toda a gente fala no projecto e passaram a ter uma perspectiva diferente da deficiência. Para nós, tivemos de seguir uma metodologia e experimentar o trabalho em grupo, refere Marlene Moura.
Júlia Leal considerou este trabalho bastante positivo uma vez que ele foi uma grande vantagem para o futuro, uma vez que, com o Tratado de Bolonha, os trabalhos incutem maiores responsabilidades. Terão que ser avaliados e fazer trabalhos e relatórios, lembrou.
Inês Rodrigues referiu ainda a parceria com o Centro de Saúde da Senhora da Hora e que um colega com experiência na área do voluntariado pretende expandir o projecto que, em Abril, será apresentado na Câmara de Matosinhos.
Eduardo Coelho
Sérgio Gonçalves E-mail/msn:
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