Prezados,
Confiram mais esta oficina que o Enades-2016 proporcionará aos participantes do II Encontro Nacional de Áudio-descrição em Estudo (www.enades.com.br).Terça-feira, 03/05/16, 14:00h-18:00h
"Técnicas de Redação requeridas na áudio-descrição" - (teórico-prática, 4h,16 vagas)
Rosângela A. Ferreira Lima - rose.ferreira.lima@gmail.com
A oficina de técnicas de redação requeridas na áudio-descrição tem como objetivo tratar dos principais tópicos exigidos para produzir um roteiro de áudio-descrição empoderativo, coeso e coerente, que apresente clareza, correção, concisão, especificidade e vividez.
Othon Garcia, no livro “Comunicação em Prosa Moderna”, diz: “dentro da liberdade de combinações que é própria da fala ou discurso - liberdade que permite a cada qual expressar seu pensamento de maneira pessoal, sem ter de repetir sempre, servilmente, frases já feitas, já estereotipadas -- há certos limites impostos pela gramática, limites que impedem a invenção de uma nova língua cada vez que se fala”.
Em outras palavras, a liberdade que cada usuário da língua tem para construir seu discurso está limitada pela necessidade de normatização dessa mesma língua. No entanto, essa preocupação com um registro padrão necessariamente não garante que o discurso vai ser realmente compreendido pelo outro. Afinal, para o entendimento de um texto, outras condições precisam ser superadas: a limitação semântica, o tipo de registro (se oral ou escrito), além do uso da língua naquele contexto empregada. Assim, uma frase como “o homem se enforcou num pé de alface”, embora tenha correção gramatical, com sujeito e predicado, não é um discurso aceitável, pois entra em desconformidade com nosso conhecimento de mundo. Sabemos o que é a ação de enforcamento e sabemos que isso é impossível se conhecermos o que é um pé de alface.
Como em todo texto, também no roteiro de uma áudio-descrição, nada pode ser comunicado se o discurso não for compreendido, e para o compreender são necessários cuidados com a pontuação, com a acentuação, com a concordância, verbal e nominal etc. É necessário observar a coesão (marcas formais que dão sequência ao texto), bem como a coerência textual (relação de sentido que se estabelece entre os enunciados, de sorte que se alcance um script pleno de sentido), com requintes de clareza (livre de ambiguidades, obscuridades, imprecisões) com concisão (redigido com o mínimo de palavras, garantindo o máximo de informações), promovendo o empoderamento do cliente.
Não observados esses quesitos mínimos de correção no uso da língua, o áudio-descritor poderá incorrer em erros como por exemplo: “João leva Tereza para sua casa”, o “sua” pode indicar a casa de João, a casa de Tereza, ou ainda a casa do ouvinte (a segunda pessoa “tua casa”). Essa falta de clareza quanto ao referente de “casa”, faz com que o usuário tenha de desprender energia para solucionar algo que o discurso poderia ter deixado claro desde o início.
A fim de se alcançar a clareza no texto áudio-descritivo é necessário evitar a incongruência, estrutura caótica (confusa). Assim, um conjunto de informações apresentadas de forma desordenada, sem que nos atentemos para as orientações básicas da áudio-descrição, por exemplo a logicidade (descrever da esquerda para a direita, de cima para baixo, entre outras), torna o texto confuso e atrapalha grandemente a compreensão. Se nos é apresentado um roteiro áudio-descrito como: “Joana tem o queixo fino, os cabelos vermelhos e usa uma presilha de rosa amarela”. Do que foi descrito podemos construir a imagem de Joana, mas a apresentação está confusa, pois não segue a orientação de cima para baixo, além disso como está posto não sabemos o que é amarela (a presilha do cabelo ou a rosa?).
Na oficina, serão retomados pontos básicos para a composição do roteiro de áudio-descrição, como a importância da pontuação, a concordância, regência e elementos de coesão (referenciação e progressão), sempre por meio de exercícios práticos para o trabalho com o roteiro áudio-descritivo.
Rosângela Ferreira Lima
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