A felicidade é um conceito difícil de definir (por mais que se possa dizer que é o "estado de agradável satisfação espiritual e física") ou se busque na wikipedia há ainda muito mais a contar. Como somos dados para quantificar tudo, colocar números que nos permitem para fazer uma classificação em todas as áreas da vida. Fazer uma escala no grau de felicidade parece uma missão impossível. É preciso levar em conta tantas variáveis (dentro dos campos da saúde, do dinheiro e do amor, como dizia a música) que nada do que se distorce vai estragar aquela chamada "agradável satisfação".
E, nesse ponto, uma leve dor de dente, o menor desprezo de um ente querido, ou a demora insignificante em receber o salário, mesmo momentaneamente estraga a felicidade desejada.
No dia 20 de março, quando se comemora o Dia Internacional da Felicidade, de origem tão recente como romântica ou, melhor dizendo, poética, que para aquele um dia depois, dia 21, acaba de nascer a primavera, desde 1998, o Dia Mundial da Poesia é comemorado. Primavera e poesia. Tem sua lógica.
Mas vamos para a festa que leva à felicidade. Dizem que foi o Rei do Butão quem inspirou esta celebração ao decidir que em seu pequeno país do Himalaia, de apenas 800.000 habitantes, o conceito de Felicidade Nacional Bruta (FIB) deveria ser estabelecido como se fosse Produto Interno Bruto (PIB) e assim foi reconhecido pela Unesco em 2013, instituindo este dia especial. Não sei se desta vez a data escolhida é tão bem trazida quanto a da poesia.
Sim, consegui saber (a enciclopédia da internet é infinita) como a felicidade pode ser medida. Para obter o índice FNB, nove aspetos são avaliados: saúde, educação, cultura, meio ambiente, bem-estar psicológico, uso do tempo, união comunitária, padrão de vida e a honestidade e integridade do governo. . Vamos ver qual país é capaz de atender a essas nove condições. A partir de agora, com esses critérios, posso garantir que não haja uma nação, país, estado, cidade, município, vila ou comunidade de vizinhos que possa se declarar feliz. Além disso, estou convencido de que nenhum grupo humano jamais teve sucesso desde a pré-história paleolítica. Pode haver momentos, concretos e breves, em que um indivíduo (sim, indivíduo também), chega a esse momento de felicidade e o mostra com um sorriso. Naquele milésimo de segundo os lábios são capazes de mostrar um sopro de felicidade que atinge o aprovado no FNB pessoal. Para que um parêntese tão feliz ocorra em nossas vidas, cada dia mais incomum, é sem dúvida necessário abstrair de mais da metade das cláusulas de medição da felicidade butanesa.
Talvez seja uma coincidência, da qual não gosto, o facto de essa mesma data ter sido também dedicada à celebração do Dia Mundial da Saúde Oral, desta vez por proposta da International Dental Federation (FDI), que decidiu apostar nos dias 20 e abandonar o 12 de setembro, que até 2012 era a data 'deles', em comemoração ao nascimento de Charles Godon, fundador do International Dental Institution, embrião do atual FDI. Tanto é que as duas comemorações começaram em 2013, sem saber ao certo se antes era o ovo do FNB ou a galinha do IDF, ou vice-versa. A verdade é que a felicidade e a saúde bucal, tão complementares e unidas pelo sorriso, são comemoradas no mesmo dia.
Embora a argumentação dos dentistas seja clara, para promover a saúde bucal no mundo, a escolha da data é curiosa. A boca sã de um adulto é composta por 32 dentes e 0 cáries, ou seja, o mês (3 de março) e o dia (20) da festa, que é como se marcam as datas no mundo anglo-saxão. E aqui o ovo anglófilo está antes de qualquer galinha.
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