Guimarães
Escolas do concelho sem acessos para deficientes Professora do ensino especial fez levantamento em 156 escolas CARLOS RUI ABREU Mais de metade dos 112 estabelecimentos de ensino, do pré-escolar ao 3.º Ciclo, do concelho de Guimarães, apresenta constrangimentos no acesso, dificultando a mobilidade aos alunos portadores de deficiência motora.
Esta é a grande conclusão da tese de doutoramento da professora Gracinda Machado Sousa, que partiu para este estudo para tentar apurar em que medida as instituições educativas garantem às crianças e jovens com deficiência motora condições de acessibilidade que permitam a concretização do princípio consignado na Lei de Bases do Sistema Educativo de um ensino básico universal e obrigatório.
"As dificuldades começam logo à entrada da escola, no portão, e depois seguem pelas rampas que não têm inclinação adequada, são maioritariamente descobertas e os pisos não favorecem o deslizamento das rodas. Nas salas de aula não têm abertura para uma cadeira de rodas. Rampas de acesso aos pisos não existem e há determinadas aulas que são no primeiro andar e eles não podem assistir", explicou. Mas o rol de vicissitudes que afectam estes alunos não se fica por aqui, já que as casas-de-banho são pequenas, os lavatórios, saboneteiras e toalheiros estão inacessíveis o que tira a autonomia a estas crianças e leva esta docente a concluir que "o sucesso educativo para esses alunos não é efectivo", ainda para mais quando o caso de estudo foca o ensino que é básico e obrigatório. Apesar do cenário não se apresentar muito animador para a realidade destas crianças, Gracinda Sousa realça que ainda há alguns bons exemplos e que alguns determinados problemas têm sido resolvidos com a criação dos novos centros escolares. "Havia escolas que não tinham condições mínimas e esta reorganização da rede escolar é fundamental para termos avanços nesta área das acessibilidades", vaticinou.
Pelo conhecimento adquirido, tanto neste estudo como no dia-a-dia escolar, a docente entende que cabe "ao órgão de gestão das escolas, mais do que à administração central, estar atento, sensibilizado, e ter a responsabilidade de resolver estes problemas". As conclusões deste estudo foram já enviadas para a Direcção Regional de Educação do Norte e para o Município de Guimarães com o intuito de "consciencializar as entidades competentes rumo a uma escola capaz de proporcionar uma educação verdadeiramente inclusiva".
Dos 156 estabelecimentos de ensino estudados, a docente concluiu que "as lacunas existentes em acessibilidades a espaços fundamentais para o desenvolvimento do aluno como um todo, que atendem aos aspectos académicos, sociais, emocionais e culturais, em igualdade de oportunidades de aprender não se verifica na grande maioria".
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