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Verdadeiro Olhar - blog de Sérgio Gonçalves

Escolas do concelho sem acessos para deficientes

por Sérgio Gonçalves

Guimarães

Escolas do concelho sem acessos para deficientes Professora do ensino especial fez levantamento em 156 escolas CARLOS RUI ABREU Mais de metade dos 112 estabelecimentos de ensino, do pré-escolar ao 3.º Ciclo, do concelho de Guimarães, apresenta constrangimentos no acesso, dificultando a mobilidade aos alunos portadores de deficiência motora.

Esta é a grande conclusão da tese de doutoramento da professora Gracinda Machado Sousa, que partiu para este estudo para tentar apurar em que medida as instituições educativas garantem às crianças e jovens com deficiência motora condições de acessibilidade que permitam a concretização do princípio consignado na Lei de Bases do Sistema Educativo de um ensino básico universal e obrigatório.

"As dificuldades começam logo à entrada da escola, no portão, e depois seguem pelas rampas que não têm inclinação adequada, são maioritariamente descobertas e os pisos não favorecem o deslizamento das rodas. Nas salas de aula não têm abertura para uma cadeira de rodas. Rampas de acesso aos pisos não existem e há determinadas aulas que são no primeiro andar e eles não podem assistir", explicou. Mas o rol de vicissitudes que afectam estes alunos não se fica por aqui, já que as casas-de-banho são pequenas, os lavatórios, saboneteiras e toalheiros estão inacessíveis o que tira a autonomia a estas crianças e leva esta docente a concluir que "o sucesso educativo para esses alunos não é efectivo", ainda para mais quando o caso de estudo foca o ensino que é básico e obrigatório. Apesar do cenário não se apresentar muito animador para a realidade destas crianças, Gracinda Sousa realça que ainda há alguns bons exemplos e que alguns determinados problemas têm sido resolvidos com a criação dos novos centros escolares. "Havia escolas que não tinham condições mínimas e esta reorganização da rede escolar é fundamental para termos avanços nesta área das acessibilidades", vaticinou.

Pelo conhecimento adquirido, tanto neste estudo como no dia-a-dia escolar, a docente entende que cabe "ao órgão de gestão das escolas, mais do que à administração central, estar atento, sensibilizado, e ter a responsabilidade de resolver estes problemas". As conclusões deste estudo foram já enviadas para a Direcção Regional de Educação do Norte e para o Município de Guimarães com o intuito de "consciencializar as entidades competentes rumo a uma escola capaz de proporcionar uma educação verdadeiramente inclusiva".

Dos 156 estabelecimentos de ensino estudados, a docente concluiu que "as lacunas existentes em acessibilidades a espaços fundamentais para o desenvolvimento do aluno como um todo, que atendem aos aspectos académicos, sociais, emocionais e culturais, em igualdade de oportunidades de aprender não se verifica na grande maioria".

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