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Entrevista

por Lerparaver

Nome: Elizabet Dias de Sá

Órgão que representa: Conselho Municipal das Pessoas Portadoras de Deficiência de Belo Horizonte/MG

Relate um pouco do seu processo de engajamento no movimento que você representa.

Minha trajetória de militância teve início quando me formei em psicologia e passei a participar do movimento de criação do Sindicato dos Psicólogos de Minas Gerais do qual tornei-me presidente. Fui também vice-presidente do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais e Espírito Santo.

Aprovada em concurso público para professora municipal da Prefeitura de Belo Horizonte, minha atuação tem-se voltado para a capacitação docente e gestão de politica educacional. Atualmente, faço parte da Coordenadoria de Política Pedagógica da Secretaria Municipal de Educação-SMED e a partir daí, fui indicada para representar a SMED junto ao Conselho.

Comecei inicialmente como conselheira-suplente, passando para membro efetivo, quando fui eleita pela plenária para participar da Mesa-Diretora e presidir o Conselho.

Como você vê a participação de pessoas com deficiência nos movimentos e nas diretorias deles ?

O movimento das pessoas com deficiência reflete as mesmas virtudes e vícios presentes na cultura política dos segmentos organizados e desorganizados do país. Caracteriza-se também pela tutela e influência de tendências assistencialistas e filantrópicas. Mostra-se como movimento corporativo, fragmentário e sem unidade no qual ainda prevalece certo personalismo e a projeção de lideranças isoladas, sem conseguir potencializar a participação efetiva e engajamento dos entes representados.

Você acredita que esses movimentos efetivam a conquista de direitos das pessoas com deficiência ? Explique a sua resposta.

Sim. Trata-se de movimentos de pressão com limites e possibilidades. Constituem formas legítimas de expressão e diálogo com a sociedade e de explicitação de interesses convergentes, conflitantes ou divergentes.

Você acha que os movimentos estão sendo realmente a voz das pessoas com deficiência ? Explique a sua resposta.

Não, por se tratar de vozes que por vezes se calam e aceitam passivamente as regras do jogo. O exercício de cidadania é um aprendizado constante e a democracia representativa tem revelado mais limites do que possibilidades.

Quais as estratégias que você sugere para manter ou ampliar a participação das pessoas com deficiência nesses movimentos ?

A presença e participação de pessoas com deficiência deveria ocorrer a partir de movimentos sociais, culturais, comunitários, por categorias profissionais, áreas de produção ou de interesse em diversos setores da sociedade e não apenas em organizações por áreas de deficiência.

A criação de Conselhos paritários no âmbito federal, estadual e municipal constitui estratégia adequada no sentido de possibilitar a ampliação do debate com a sociedade. Possibilita ainda o rompimento com a cultura política dos bastidores e dos monopólios de interesses. Permite romper com o segregacionismo e o corporativismo, possibilitando o embate e a negociação por meio dos quais torna-se possível construir consensos e elaborar diretrizes para o estabelecimento de políticas públicas com maior equidade e justiça social.

Entrevista concedida a Tânia Regina Levada