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www.lerparaver.com/blogs/luisferreira - blog de Luís Ferreira

Então e eu sou filho do Diabo?

por Luís Ferreira

Nas entradas anteriores, falei da discriminação e das ofensas que fui alvo por ser deficiente visual em algumas escolas da Madeira. Felizmente as coisas agora estão um pouco melhor, até porque consegui manter o destacamento na escola onde estava no ano passado.
Além dessa discriminação que fu8i alvo, frequento uma piscina em que a treinadora mal fala comigo, mas issso é um pormenor, pois eu sei nadar, no passado fui atleta da ACAPO, tendo mesmo ido a dois campeonatos nacionais para deficientes.
Como sou portador de baixa-visão, obviamente que tenho dificuldade em ler, sobretudo nos computadores, mesmo com letra ampliada. Tenho uma versão de demonstração do JAWS e para escrever não necessito de nada, pois escrevo depressa e quse sem erros de teclado.
Em 2003, entreguei a documentação para pedir ajudas técnicas na ACAPO, no entanto como até hoje não recebi nenhuma resposta,
Em Maio deste ano, decidi entregar de novo o pedido no Centro de Emprego da minha terra de origem que é no Continente Português, uma vez que é lá que tenho os meus documentos e a minha residência, muito embora por razões profissionais, tenha de estar muito tempo na Madeira.
Em Agosto ainda fui chamado a uma consulta de medicina no trabalho, tendo sido aprovado, ficando apenas à espera de da conclusão do processo e da disponibilidade orçamental.
Há cerca de duas semanas, recebi uma chamada telefónica da técnica que estava a tratar do meu assunto dizendo que eu não tinha direito, porque estava a trabalhar na Madeira logo residia lá. Se estivesse colocado no Continente tinha direito, mas assim não.
O mesmo já se passou com outros deficientes visuais que estando a trabalhar na Madeira ou que sendo naturais desta região não tiveram direito a ajudas técnicas.
Com tudo isto gostaria de lançar algumas interrogações? Porque é que em 2002 o governo português, à altura liderado por Durão Barroso não aplicou a quota de 5% ao ensino, no concurso de contratação? Foi por pura maldade e discriminação das pessoas com deficiência, desta forma alguns foram empurrados para o desemprego ou para as ilhas. Mas da parte do PSD, isso é normal,é um partido neoliberal que só se preocupa com o défice e com os bancos e nada com as pessoas, por isso, há-de estar na oposição muitos anos.
Para quê toda esta discriminação com a Madeira e as pessoas que cá vivem e/ou trabalham? Este governo do Continente dirigido por José Sócrates (que acabou com a minha mobilidade geográfica, criou o despedimento por inaptidão e aumentou-me o IRS) discrimina a Madeira, fazendo-lhe um bloqueio financeiro e pior do que isso tudo o que se refere com a Madeira fica logo bloqueado. Por exemplo, a TAP vende bilhetes caríssimos) podem chegar a 500 euros) para a Madeira e não baixou a taxa de combustível como fez para os outros lados. Alem disso temos já o preconceito contra à Madeira, ainda agora nos paraolímpicos impediram que fosse qualquer atleta da Madeira e havia vári9os e bons, a mim e a outros não nos deram ajudas técnicas. Estes ataques do governo do Continente às pessoas que estão na Madeira é pura demagogia, xenofobia e discriminação, depois alguns madeirenses com menos princípios atacam alguns continentais, principalmente os mais débeis como eu.
A ACAPO é uma instituição sem credibilidade nenhuma para mim. Já não acredito no associativismo, há dez anos cheguei a fazer parte da Assembleia de Representantes e de listas para a Direcção Nacional, agora já nem voto. Para mim, podem lutar todos pelo poder, que eu fico de camarote a assistir. Sou sócio desde 1990, e é por consideração para com as pessoas que me ajudaram a ser sócio que ainda o sou, mesmo com as quotas atrasadas há um ou dois anos. Eu sei bem que existe por parte de muitos cegos uma certa inveja em relação aos amblíopes, por isso, são poucos os que atingem as direcções nacionais, não se preocupem, que eu não irei roubar o poder a ninguém, tenho muito com que me preocupar, nem que seja mudar de vida, pois a minha vida é um inferno e não é por ver muito mal ou por causa de conflitos familiares, mas sim por estar desintegrado e desenraizado.
Podiam fazer como no Brasil, os bancos financiarem um leitor de écran para nós, mas com gestores de bancos como os que temos em Portugal que vêm para a televisão pedir sacrifícios para o défice e para os bancos é melhor nem pensarmos nisso.
Em tempos mais afortunados irei ter ajudas técnicas que eu irei conceder a mim mesmo, pois sei que nunca me irão dar, ou porque estou na Madeira, ou porque não há dinheiro, ou porque sou professor, logo um alvo a abater, maldita profissão, mas sem ela ninguém sabia uma letra. Só lamento que houvesse ajudas de dez, quinze mil euros para alguns, muitos dos quais reformados e que houvesse vinte mil milhões para ajudar os bancos e para mim nem cinco mil euros houve, a desculpa é porque estou na Madeira.
Eu sempre disse que um dia não iria ficar calado, por isso, é agora a minha vez, pois já tenho pouco a perder e desta vez a ACAPO e o governo de Lisboa não irão escapar. Vou passar ao ataque.
Luís Ferreira
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