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Verdadeiro Olhar - blog de Sérgio Gonçalves

Dança: "O Aqui" aborda o tempo e o medo das pessoas com necessidades especiais, no Teatro Camões

por Sérgio Gonçalves

Lisboa, 11 Abr (Lusa) - O espectáculo de dança "O Aqui", onde são abordadas as noções de tempo e de medo, será apresentado no Teatro Camões pela Companhia
Integrada Multidisciplinar (CIM) que integra no elenco algumas pessoas portadoras de paralisia cerebral. 

O espectáculo - o primeiro de maior dimensão protagonizado pela CIM - estará em palco nos dias 16 e 17 de Abril, às 21:00, resultado de uma co-produção
entre várias entidades, explicou hoje à Agência Lusa Ana Rita Barata, coreógrafa e directora artística da companhia. 

Em "O Aqui", a noção de tempo e de medo "é muito pessoal, tem a ver com a realidade destas pessoas, portadoras de uma deficiência, mas em primeiro lugar
humanas", observou Ana Rita Barata. 

"Há certamente um contraste muito forte com a forma como o tempo é vivido actualmente, na nossa sociedade, em que tudo corre. Quando se é portador de uma
deficiência como a paralisia cerebral, tudo acontece de forma mais lenta", apontou ainda. 

A coreógrafa esclareceu que nesta companhia, criada há dois anos, a intenção não é fazer dança-terapia, mas sim concretizar um objectivo artístico: "No
entanto, o processo e o resultado acaba por ser terapêutico para todos nós", admitiu. 

Composta por 13 pessoas, quatro bailarinos profissionais, dois técnicos da área da deficiência e sete pessoas portadoras de paralisia cerebral, a companhia
tem recebido apoios do Centro de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian (CPRCCG), da Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa (APCL) e do Instituto de
Inserção Social. 

Para a criação deste espectáculo, houve uma co-produção com o Teatro Municipal de São Luiz (onde o espectáculo, afinal, não pôde ser apresentado por o espaço
se encontrar em obras), a Vo´arte e com a co-apresentação do Teatro Camões. 

Bailarinos, técnicos e pessoas com necessidades especiais com idades entre os 15 e os 41 anos, juntam-se em palco para abordar as noções de tempo e de medo,
por exemplo, "de perder a autonomia, de perder pessoas amadas, medos comuns, afinal, a toda gente". 

O desafio maior, segundo Ana Rita Barata, foi "não cair num falso sensacionalismo do triste e do coitado portador de deficiência e, em vez disso, conseguir
potenciar a forma de estas pessoas se exprimirem, canalizando-a para o espectáculo". 

Os objectivos da CIM envolvem, além da realização de espectáculos, fazer formação, abrir o trabalho da companhia à comunidade, e "fazer várias experiências
do ponto de vista da dança, cruzando diferentes linguagens, das artes plásticas e visuais à música". 

"O Aqui" tem ainda Pedro Sena Nunes na coordenação artística e imagem, Natália Luíza na dramaturgia e João Gil como responsável pela música original.  

Os bailarinos profissionais são António Cabrita, Carolina Ramos, Catarina Gonçalves e Pedro Ramos, os técnicos são António Paiva e Carolina Santos e os
intérpretes da APCL e CRPCCG são Adelaide Oliveira, Jorge Granadas, José Marques, Maria João Pereira, Paulo Benavente, Sílvia Pedroso, Yete Borges e Zaida
Pugliese. 

Os figurinos e adereços são de Marta Carreiras, a pintura e desenho de João Ribeiro, o desenho de espaço de Wilson Galvão, o desenho de luz de Cristina
Piedade, a voz de Natália Luiza, imagens sub-aquáticas de Vasco Pinhol, vídeo de Fábio Martins e Petar Toskovic. 

AG. 

Lusa/Fim  

Sérgio Gonçalves
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