Continuação de história de uma princesa

Olá a todos, antes de mais quero pedir desculpa pela demora, mas tenho passado uma fase de desmotivação e não me sentia com vontade de escrever e de regraçar ao passado, mas hoje achei que era um bom dia para vos contar mais um pouco da minha vida conturbada e de me meter na máquina do tempo em direcção a um passado que, apesar de doloroso e cheio de problemas, também teve momentos bons!
Bem, eu deixei a minha história numa fase de transição, uma fase muito importante na minha vida, um momento de viragem, pois a minha vida jamais seria a mesma a partir do momento em que entrei na escola preparatória. Essa mudança começou no momento em que a minha professora primária pediu os papéis para a matrícula numa escola nova, a preparatória e então eu estava perante mais algumas dificuldades. Depois de ter arranjado tudo e de ter feito a minha primeira escolha, a língua estrangeira, lá ficou tudo pronto a enviar. Mas havia um pormenor, a escola era a 7 quilómetros da minha casa e o transporte público não era fácil de utilizar para mim naquela altura. Num primeiro momento, a minha mãe decidiu tirar a carta de condução, algo que sempre desejara, mas sempre faltou a motivação. Agora ela tinha todos os motivos, a necessidade de me levar à escola, mas não foi necessário, felizmente. Após algumas diligências, consegui transporte escolar que me ia buscar a casa, era um táxi, para os outros era um luxo, para mim um símbulo, uma marca da minha diferença, que não era transportada com as outras crianças.
Ultrapassada mais essa dificuldade, outras surgiram imediactamente! E vez de uma professora inexperiente e sem preparação, enfrentei, pela primeira vez, um grande grupo de professores em pânico, sem saberem muito bem o que fazer comigo, como me ensinar, olhando-me como se de um extra terrestre se tratasse! Eu, apesar do meu pequeno tamanho e da minha pouca experiência, lá ia desmistificando o meu problema e as máquinas misteriosas com que trabalhava, de forma a que eles entendessem como deveriam trabalhar comigo.
Um outro problema surgiu, a adaptação a um novo espaço, um sítio que não conhecia, uma nova escola, com novos colegas e mais dificuldades de compreensão, quer por parte dos alunos, quer dos professores, funcionários e pais. Tive de ensinar todos e sensibilizá-los para o meu problema e a maneira de o contornar. A falta de livros e de um computador só foram mais umas gotas no meu oceano de problemas. Também nisso a minha família teve um papel importante. A minha mãe tornou-se membro da assossiação de pais, numa tentativa de contornar algumas das minhas faltas de material.Depois de muita preção, passados meses, a dren colocou na escola um computador sem voz mas com uma impressora braille para a elaboração dos enunciados dos meus testes. Este já foi um salto de gigante, só completado com a atribuição de um braille-n-print, uma máquina adaptada à máquina braille, que convertia o que eu escrevia em letra a negro para os professores poderem corrigir mais facilmente os meus testes e trabalhos. Nessa altura, ultrapassados a maioria dos problemas, eu era uma aluna brilhante, alvo da admiração de todos. Todos os choques iniciais estavam ultrapassados e estava completamente integrada. Até foi criada uma sala de apoio com funcionárias especializadas para mim e para outros deficientes lá da escola, funcionárias essas que nos apoiavam nas tarefas mais simples como o almoço, as idas para a educação física, etc.
Mas agora que a minha integração estava perfeita, apesar de os meus colegas não lidarem bem comigo, que já tinha aulas de apoio e iniciação à informática, após uns longos dois anos, uma nova dificuldade surgiu, a necessidade de mudar tudo de novo, novamente tinha de mudar de escola, recomeçar tudo outra vez.
Foi um trauma para mim, mas foi mais uma vitória, pois tive de enfrentar as mesmas dificuldades, com um pouco mais de maturidade e experiência. Mas isso vou deixar para outra vez. Obrigada pela vossa atenção e paciência! Obrigada por tudo!