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- blog de abrahao

Construção íntima da sabedoria e do amor

por abrahao

Não é incomum que os portadores de deficiência física sejam tomados por sofrimento psicológico diante das barreiras para a realização de obras externas. Em dia de semelhante padecer, deparei-me com o texto abaixo que gostaria de partilhar com os amigos do Lerparaver. Espero que seja útil!

“(...) Muitas vezes, as criaturas menos favorecidas de faculdades orgânicas, qual o cego ou o aleijado, acreditam-se aniquiladas ou inúteis, ante conceituação dessa natureza.
É que, comumente, se esquece o homem das obras de santificação que lhe
compete efetuar no próprio espírito.
Raros entendem que é necessário manobrar pesados instrumentos da vontade a
fim de conquistar terreno ao egoísmo; usar enxada de esforço pessoal para o
estabelecimento definitivo da harmonia no coração. Poucos se recordam de que possuem idéias frágeis e pequeninas acerca do bem e que é imprescindível manter recursos íntimos de proteção a esses germens para que frutifiquem mais tarde.
É lógico que as palavras dos que não vivem inchados de personalismo serão
objeto das atenções do Mestre, em todos os tempos, mesmo porque o verbo é também
força sagrada que esclarece e edifica. Urge, todavia, fugir aos abusos do palavrório
improdutivo que menospreza o tempo na "vaidade das vaidades".
Não olvides, pois, que, antes das obras externas de qualquer natureza, sempre
fáceis e transitórias, tens por fazer a construção íntima da sabedoria e do amor, muito
difícil de ser realizada, na verdade, mas, por isto mesmo, sublimada e eterna.” (Emmanuel)

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OS CEGOS E O ELEFANTE

(História do Folclore Hindu)

Numa cidade da Índia viviam sete sábios cegos. Como os seus conselhos eram sempreexcelentes, todas as pessoas que tinham problemas recorriam à sua ajuda. Emborafossem amigos, havia uma certa rivalidade entre eles que, de vez em quando, discutiamsobre qual seria o mais sábio.Certa noite, depois de muito conversarem acerca da verdade da vida e não chegarem aum acordo, o sétimo sábio ficou tão aborrecido que resolveu ir morar sozinho numacaverna da montanha. Disse aos companheiros:- Somos cegos para que possamos ouvir e entender melhor que as outras pessoas averdade da vida. E, em vez de aconselhar os necessitados, vocês ficam aí discutindocomo se quisessem ganhar uma competição. Não aguento mais! Vou-me embora.No dia seguinte, chegou à cidade um comerciante montado num enorme elefante. Os cegos nunca tinham tocado nesse animal e correram para a rua ao encontro dele.O primeiro sábio apalpou a barriga do animal e declarou:- Trata-se de um ser gigantesco e muito forte! Posso tocar nos seus músculos e eles nãose movem; parecem paredes...- Que palermice! - disse o segundo sábio, tocando nas presas do elefante. - Este animal épontiagudo como uma lança, uma arma de guerra...- Ambos se enganam - retorquiu o terceiro sábio, que apertava a tromba do elefante. -Este animal é idêntico a uma serpente! Mas não morde, porque não tem dentes na boca.É uma cobra mansa e macia...- Vocês estão totalmente alucinados! - gritou o quinto sábio, que mexia nas orelhas doelefante. - Este animal não se parece com nenhum outro. Os seus movimentos sãobamboleantes, como se o seu corpo fosse uma enorme cortina ambulante...- Vejam só! - Todos vocês, mas todos mesmos, estão completamente errados! - irritou-seo sexto sábio, tocando a pequena cauda do elefante. - Este animal é como uma rochacom uma corda presa no corpo. Posso até pendurar-me nele.E assim ficaram horas debatendo, aos gritos, os seis sábios. Até que o sétimo sábio cego,o que agora habitava a montanha, apareceu conduzido por uma criança.Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante.Quando tateou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos eenganados ao mesmo tempo.Agradeceu ao menino e afirmou:-
É assim que os homens se comportam perante a verdade. Pegam apenas numa parte, pensam que é o todo!