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Blog de Michel

Comentário - "O ônus da audiodescrição"

por Michel

Saudações! Tenho registro neste portal há mais de ano, mas só agora resolvi publicar um conteúdo. Para inalgurar minhas publicações neste espaço, optei por tecer algumas considerações acerca do texto postado há dois dias no ler para ver com o título "o ônus da audiodescrição", cujo link se encontra no final desta mensagem.
Caros amigos, sempre que um telejornal ou qualquer programa de televisão rodar alguma matéria sobre uma determinada instituição que produz livros gratuitos para cegos devemos acender o sinal de alerta. Por mais bem intencionadas que sejam as pessoas que desenvolvem esse tipo de trabalho, tais materiais já deveriam ser disponibilizados pelas editoras para quem quisesse adquiri-los, se é que desejamos a igualdade real. Neste ponto, aproveito para relatar minha experiência pessoal.
Cursei os ensinos fundamental e médio em escola regular. O tratamento que me era dispensado poderia ser considerado muito bom, dentro dos padrões das escolas brasileiras. Entretanto, quando o assunto era livros didáticos, enfrentava uma verdadeira epopeia. Ao final de cada ano a escola deveria enviar uma relação dos livros que seriam utilizados para uma fundação de São José (aqui no estado de Santa Catarina) para que fossem transcritos em braile. Nem sempre a relação de livros era enviada, e quando isso ocorria, passavam-se pelo menos dois meses até que as primeiras partes do livro começassem a chegar nas minhas mãos´, quando o conteúdo ali contido já havia sido estudado em sala de aula. Tal não ocorreria se as editoras já disponibilizassem material em braile ou digitalizado, poderia ter acesso aos textos juntamente com os demais colegas.
Entretanto, vejo que a questão não deve ser mais encarada no âmbito da boa vontade, da solidariedade. Bem sei que vivemos em um estado que privilegia a livre iniciativa; tenho consciência de que as pessoas têm o direito de empreenderem o que lhes der na telha, mas sinto que o governo deve se impor e regulamentar a lei que obriga a produção de livros em braile pelas editoras, para que tenhamos conhecimento e possamos ser competitivos, até porque, ao contrário do que muitos pensam, o índice de empregabilidade de cegos no Brasil é menor que o de pessoas com deficiência física e mental.
Bem, este foi meu primeiro conteúdo, mais um espaço aberto ao debate. Até mais!

Para lerem o texto mencionado acima acessem o link abaixo.

http://www.lerparaver.com/node/10649

Comentários

Muito melhor seria, se as editoras colocassem a disposição livros acessíveis, pois antes da impressão, os livros ja estão digitalizados, e portanto, acessíveis a nós, os deficientes visuais. Porém enquanto esta boa hora não chega, devemos contar com estas instituições que nos fazem os livros e passar por esta tão grande demora, que também passei por ocasião do ensino fundamental e médio e não passo muito agora, pois a fundação Dorina me envia os livros jurídicos no formato digital acessível dentro de vinte, trinta dias, bastando eu conseguir a relação antes, mas quando cursava a terceira, quarta série, os livros em braille, quando chegavam, os outros alunos ja tinham visto o conteúdo, tal como acontece com você. Um grande abraço e continue postando, enriquessendo nosso espaço!

Olá Diego, também sou estudante de Direito e utilizo dos livros digitais acessíveis fornecidos pela Fundação Dorina Nowill. Tal fato representou um avanço sem precedentes no meu desempenho acadêmico, pois em nada fico devendo ao que é exigido na bibliografia das disciplinas. Entretanto, quero ter a possibilidade de ter acesso a uma obra sem intermediação, quero ter a oportunidade de comprar ou encomendar da editora uma versão digitalizada de um livro que pretendo ler.
Não é raro ouvir pessoas dizendo que o fato de termos iniciativas como a da Fundação Dorina torna nossa vida mais fácil, ou até melhor do que a dos videntes. Se é assim, por que razão não somos campeões em empregabilidade, uma vez que, pelo senso comum, nossa deficiência é a menos difícil de se enfrentar? A igualdade por que luto é aquela que me permite dizer que não tenho privilégios ou desvantagens em relação a qualquer outro indivíduo, salvo naquilo que for inerente à deficiência, algo decorrente da própria natureza. Abraço!Michel

Michel

Michel, fico feliz por ter encontrado mais um companheiro de profissão futuro. Estou no sexto período da faculdade de direito da faculdade de São Lourenço. Qual período você estuda e em qual faculdade? Vamos aproveitar e trocar ideias sobre o assunto. Se visitar meu blog, o blog do Diego Corrêa, lendo minhas postagens descubrirá meu e-mail e poderá fazer contato! Um grande abraço e passe por lá e aproveite para dar uma olhadinha em meu blog!

MichelNobre colega, sou acadêmico do 7º semestre do curso de Direito. Estudo no Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí, em Rio do Sul/SC. Se o amigo deu uma passeada pelo portal nas últimas horas, pôde perceber que tenciono criar um tópico de fórum em que possamos debater o direito das pessoas com deficiência. A ideia inicial é tirar dúvidas quanto à legislação (notadamente a brasileira, uma vez que já existe tópico abordando o sistema normativo português), abrir espaço para alguém que desejar prestar esclarecimentos jurídicos, avaliar a justiça e a coerência de determinada lei ou projeto que surgir... Espero que possamos desenvolver um espaço saudável de discussão e conto com os colegas juristas. Abraço!

Michel

Olá.
Quanto ao direito de livros acessíveis, recomendo o site:
http://www.livroacessivel.org/
Quanto a empregabilidade da pessoa com deficiência, a coisa é bem pior do que parece, recomendo a leitura da tese do Dr. Francisco Gödke, "A inclusão excludente dos trabalhadores com deficiência nos processos produtivos industriais". O resumo da ópera é que o trabalho oferecido a pessoa com deficiência é no setor de produção, onde "dê pra aproveitar alguma coisa", a parte mais chata é que não importa a graduação da pessoa, todas vão para o mesmo canto apertar o mesmo parafuso.
Abraços.