«Ciência à portuguesa»: uma roupa especial
Equipa da Universidade do Minho criou vestuário inclusivo para melhorar a qualidade de vida das pessoas com necessidades especiais
Cinco investigadores da Universidade do Minho desenvolveram um projecto, denominado «WeAdapt», para a criação de várias peças de vestuário inclusivo, melhorando,
desta forma, a qualidade de vida das pessoas com necessidades especiais.
«Tudo começou com um trabalho de mestrado em 2005. Depois começámos a trabalhar com a Associação Portuguesa de Deficientes, contactámos com várias pessoas
e fomos percebendo as suas dificuldades», contou Miguel Carvalho, professor da UM, ao PortugalDiário.
O projecto de investigação científica arrancou quando a equipa comprou um fato e se questionou: por que não se adapta às pessoas que se deslocam em cadeiras
de rodas? «A modelação está pensada para pessoas que andam de pé, mas nós fomos adaptando os moldes, os bolsos e todos os pormenores foram avaliados»,
explicou.
Bem-estar como forma de tratamento
Na prática, estas peças vão facilitar tarefas como «vestir e despir», vão criar «volume que compensa uma menor massa muscular» e vão «evitar que se desenvolvam
feridas». Mas é no bem-estar que está o segredo desta aposta.
«São os próprios fisioterapeutas e os médicos que consideram o bem-estar como uma forma de tratamento, por isso o vestir bem é fundamental. Numa fase inicial,
quando estas pessoas usam a cadeira de rodas pela primeira vez, é muito importante que gostem da sua imagem, para verem a sua auto-estima melhorada», garantiu
Miguel Carvalho.
Por isso mesmo, o professor revelou que nos EUA este vestuário é financiado a cem por cento e no Reino Unido tem o IVA reduzido, sendo que «em Portugal,
infelizmente, não nenhuma ajuda neste sentido».
Do vestuário para os brinquedos, produtos para o lar...
A colecção especial vai ser comercializada online e será ainda organizado um desfile, «em Janeiro ou Fevereiro», com as 38 peças. A investigação foi financiada
pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
A equipa da Escola de Engenharia e do Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil da Universidade do Minho venceu, no passado mês de Outubro, o Prémio Start 2008
- Prémio Nacional de Empreendedorismo, uma forma de reconhecimento deste trabalho e que vai impulsionar o alargamento da investigação nesta área.
«Há muitos bons projectos que não têm divulgação suficiente e depois os trabalhos de mestrados e doutoramentos morrem nas Universidades. Agora pensamos
nisto como um negócio e queremos englobar tudo o que é feito de investigação nesta área, sejam novas cadeiras, elevadores, brinquedos, produtos para o
lar ou de higiene...», concluiu.
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