Áudio-Descrição: Uma Fusão Perfeita entre Arte e Linguagem
Prezados,
Neste post venho convidar os interessados nas Artes, na Educação Artística, na Educação para as Artes, como gosto de pensar, enfim, venho convidar os operadores culturais que atuam em museus, Casas de Culturas e similares e, como não podia deixar de ser, os professores a participar no I Encontro Nacional de Áudio-descrição em Estudo, a ocorrer entre 13 e 17 de janeiro de 2015, em Colatina, ES, pois lá discutiremos a áudio-descrição, também nos espaços museológicos e nas disciplinas em que a Arte está presente, de modo a inserir este recurso de tecnologia assistiva e de inclusão sociocultural na agenda dos operadores da cultura e da educação.
Para inscrever-se no Enades 2015 (www.enades.com.br), basta que você deseje conhecer sobre a tradução visual e esteja disposto a aprender como uma atitude pode fazer a diferença na vida cultural das pessoas com deficiência.
No breve trecho que abaixo transcrevo, você pode ter uma ideia mais clara do que é a áudio-descrição e de porque você deve buscar esse conhecimento, assim para formar público para os museus, como para disseminar a cultura e o sentimento de inclusão que nos deve inspirar a todos.
Cordialmente,
Francisco Lima
Extraído de: "ARTE, EDUCAÇÃO E INCLUSÃO: ORIENTAÇÕES PARA ÁUDIO-DESCRIÇÃO EM MUSEUS" por Francisco José de Lima, Paulo André de Melo Vieira, Ediles Revorêdo Rodrigues, Simone São Marcos Passos
“...A arte está presente na vida do homem desde o início da história da humanidade. Porém, o valor científico e cultural atribuído a esta área é recente, tendo acontecido no século XX (junto com as transformações educacionais ocorridas na época), quando se passou a preocupar com o processo de aprendizagem do aluno.
Foi assim que, inicialmente, a arte foi compreendida como manifestação espontânea e auto-expressiva do sujeito, o que trouxe contribuições significativas para formação de um indivíduo valorizado em sua plenitude. Isso se deu mais visivelmente com a reflexão, iniciada na década de 60, pois, com ela, a arte volta a ganhar reconhecimento como construtora do desenvolvimento cognitivo e intelectual do cidadão. Atualmente, tem-se desenvolvido pesquisas sobre o ensino da arte, resgatando a arte crítica e reflexiva; buscando compreender o modo de aprender dos artistas; analisando os conteúdos a serem ensinados e visando a conhecer o processo de aprendizagem dos alunos quando da relação com essa área de conhecimento.
Arte enquanto conhecimento:
A arte comunga com as áreas científicas, técnicas e filosóficas quanto ao caráter de criação e inovação, ambas significam a representação das diversidades culturais que permeiam raças e povos.
Assim como cada frase ganha sentido no conjunto do texto, realizando o todo da forma literária, na arte, cada elemento visual, musical, dramático ou de movimento tem seu lugar e se relaciona com os demais daquela forma artística específica. E, como cada elemento artístico “relaciona-se com os demais”, entende-se que quando não se tem acesso a ele, seja qual for a razão, há prejuízos na compreensão do todo de determinada construção criativa; daí o esforço de restauradores que empenham-se em recuperar o que os séculos fizeram esvair, para que se possa ter de volta, por pesquisa e esmerado trabalho, a íntegra do que nos legou um dado artista, ou grupo deles. A preocupação em garantir a todos o acesso à totalidade do que nos comunica uma dada obra de arte, prova de seu valor, também deve ser assegurado ao indivíduo com deficiência visual, pois se hoje são investidas grandes quantias financeiras para que muitos cidadãos, graças ao trabalho de restauração, não percam o acesso ao testemunho histórico presente numa dada forma de arte, não seria razoável permitir que vários outros, por questão de deficiência, permaneçam alheios ao que lhes pode comunicar uma vasta quantidade de obras artísticas.
Portanto, se investimos em restauração devemos investir também em acessibilidade, pois ambos os esforços visam igualmente a assegurar o contato do indivíduo com a informação.
Áudio-Descrição: Uma Fusão Perfeita entre Arte e Linguagem
A importância e a relação da linguagem e da arte na formação do sujeito crítico e participativo são claras e notórias, assim como de todas as outras áreas do conhecimento que não podem ser negadas às pessoas com deficiência visual. Portanto, o recurso áudio-descritivo precisa ser valorizado e aproveitado para que a existência destas pessoas seja cada vez mais produtiva e significativa enquanto cidadãos.
A áudio-descrição é um recurso de tecnologia assistiva que permite a inclusão de pessoas com deficiência visual, junto ao público de produtos audiovisuais. O recurso consiste na tradução de imagens em palavras. É, portanto, também definido como um modo de tradução audiovisual intersemiótico, onde o signo visual é transposto para o signo verbal. Essa transposição caracteriza-se pela descrição objetiva de imagens que, paralelamente e em conjunto com as falas originais, permite a compreensão integral da narrativa audiovisual. Como o próprio nome diz, um conteúdo audiovisual é formado pelo som e pela imagem, que se completam. A áudio-descrição vem então preencher uma lacuna para o público com deficiência visual.
Alhures, ao escrevermos a respeito da áudio-descrição, assim nos expressamos:
Uma técnica de tradução visual surge na década de 1980 e vem se mostrando eficaz na comunicação dos elementos visuais às pessoas com deficiência visual, já sendo a sua utilização prevista em lei no Brasil. Trata-se da áudio-descrição, serviço de tecnologia assistiva que consiste na identificação e elocução de elementos visuais essenciais à compreensão e apreciação das imagens presentes nas obras teatrais, cinematográficas, televisivas, literárias, jornalísticas, científicas, artístico-culturais, entre outras, destinada principalmente às pessoas com deficiência visual, com dislexia, pessoas analfabetas, ou que não saibam o idioma em que um filme ou programa está sendo exibido.
O foco da áudio-descrição é oferecer ferramentas para tornar o mundo das imagens acessível àqueles que não as vêem, tornando tais imagens significativas, portanto, igualmente relevantes para as pessoas com deficiência visual, tanto quanto para os indivíduos que enxergam. Na áudio-descrição, as imagens falam aos sujeitos que não as vêem (com a mesma magnitude e beleza), agora, por meio da voz ou da escrita do áudio-descritor. A áudio-descrição faz parte do campo da tradução visual e é produzida segundo diretrizes técnicas pré-estabelecidas, dentre as quais a da oferta de narração dos elementos visualmente observados, nos intervalos/pausas entre as falas dos personagens, nas imagens contidas em livros e em legendas descritivas.
O propósito da Áudio-Descrição é propiciar às pessoas com deficiência visual, cegas ou com baixa visão, um quadro mais completo do que está sendo mostrado, viabilizando-as a participar de uma dada apresentação com a qualidade permitida a uma pessoa sem deficiência visual.
Utilizando-se técnicas de áudio-descrição de imagens estáticas, é possível aplicar o recurso no ambiente dos museus onde podem ser encontradas esculturas, pinturas e demais obras de arte para a apreciação de todos...”
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