Prezados,
Foi incrível o sentimento que se nos apoderou ontem, ao assistir no cinema São Luiz o longa "Era Uma Vez Eu, Verônica.
Assim que eu melhorar de uma gripe forte que me acometeu, escrevo-lhes a respeito.
Por agora, partilho com vocês esta matéria.
Cordialmente,
Francisco Lima
terça-feira, 12 de março de 2013
Cegos acompanharam a exibição de Era Uma Vez Eu, Verônica
Dois homens chegam e são levados para a sala por um funcionário do cinema. Eles descem a rampa em direção às cadeiras. Neste percurso, tocam as paredes e sorriem. Depois sentam. Os dois são deficientes visuais e aguardavam a exibição, gratuita, de "Era uma vez eu, Verônica", o primeiro longa-metragem do estado com audiodescrição. A técnica foi feita ao vivo e consistiu na narração do cenário de cada cena.
Independência. Este foi o significado que a sessão teve para o coordenador do Comitê de Acessibilidade e Inclusão da Chesf e deficiente visual, Manuel Aguiar, 65 anos. "Nos filmes sem a audiodescrição as cenas são traduzidas pela minha companheira, mas por mais que seja discreto, incomoda de alguma maneira. Também acabo perdendo alguma coisa do filme porque ela não é especializada em fazer a tradução e às vezes não consegue descrever a tempo. Deveria ter o recurso em todos os filmes", contou Aguiar.
A adaptação da produção exigiu 40h de trabalho e rendeu cerca de 70 páginas e 500 linhas de audiodescrição só na primeira fase (o roteiro). A ideia começou a ser maquinada pelo diretor do filme Marcelo Gomes ainda no ano passado, após o festival de cinema de Brasília. "Em setembro ganhei o prêmio vagalume e isso me despertou porque foram deficientes visuais que, sem o auxílio da audiodescrição, escolheram o melhor filme. Assim que retornei entrei em contato com um professor da UFPE e iniciamos os estudos", afirmou Gomes. A previsão, segundo o diretor, é que o longa com audiodescrição, seja lançado em DVD no segundo semestre de 2013.
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A sessão não lotou- teve cerca de quarenta pessoas- mas, o professor de audiodescrição da UFPE e um dos organizadores, Francisco Lima, se disse satisfeito porque a iniciativa funcionará como um incentivo para outras pessoas. Crítico, ele afirmou que o desafio para que haja mais inclusão é superar três problemas. "O primeiro é o apoio dos órgãos financeiros. Os cinemas não comerciais são feitos a duras penas. Falta também a conscientização dos produtores e por fim, a educação do povo. Não temos a cultura de ir ao cinema e teatros", arrematou. Para ele, o cinema comercial ainda não identificou que também poderia lucrar com filmes direcionados para pessoas que não enxergam. "Em Pernambuco somos mais de 1 milhão de pessoas e no Brasil cerca de 45 milhões. Isso é um mercado amplo que eles estão perdendo, além de ser inclusivo", disse Lima.
Outro motivo que deu um "empurrão" para a realização da sessão, segundo o diretor de Equipamentos Culturais da Fundarpe, André Araripe, foi que há 15 dias, o Ministério Público de Pernambuco convocou os servidores para discutir acessibilidade. "Foi uma intimação após uma denúncia. Uma deficiente auditiva fez uma queixa porque foi a um cinema da cidade e o filme não tinha legenda", disse. "Para suprir a ausência de inclusão social, a Fundarpe busca parcerias com os produtores", acrescentou Araripe. Mesmo assim, o problema é só aponta do iceberg.
Fonte: Diário de Pernambuco
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