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Ai pátria, pátria

por Lerparaver

Era uma vez uma Pátria, como tantas outras Pátrias, umas que já foram, outras que são ainda.

Quem as faz, quem as fez? O Tempo com a mão do Bicho-Homem, ao longo.

Ao longo da sua vida a Pátria foi arranjando Possessões. Eis que surge a ameaça de perdê-las. A Pátria quer agarrá-las. Envia um jovem entre tantos outros, para longe, muito longe. A ideia tem a mistura de amor com tolice e a História está cheia disso. O jovem tem 20 anos. A vida pulsa-lhe nas veias cheia de esplendor. Promete um futuro risonho. A espingarda não serviu de nada. A Possessão foi-se, foi-se o Jovem. Em seu lugar voltou às saias da Pátria um cego e sem as duas mãos. Hoje é um adulto com mais de 50 anos. Vai lutando, atravessando a vida neste estado. Ai Pátria, 20 anos a ver e talvez uns 60 anos como cego e “cotoso”. Que linda existência, Pátria! Pátrias, Pátrias, quantos jovens não despachastes para o outro Lado. Ao menos se estivesses desse Lado para os acolher. Muitos outros ficam neste Purgatório feitos estropiados. Quem tem a ganhar com isso? Dizem que a Vida é dois dias. É preciso que ela seja vivida assim por alguns?

Ai Pátrias, Pátrias, quando é que o Discernimento entrará no Coração do Bicho-Homem que te pega nas rédeas!?...

Assis Milton

Domingo, 12 de Outubro de 2003