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Verdadeiro Olhar - blog de Sérgio Gonçalves

ACAPO apresenta futura sede, que pretende ser modelo de edifício acessível

por Sérgio Gonçalves

A Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) apresenta hoje o projecto da sua futura sede, que pretende ser o primeiro edifício público a reunir todas as regras de acessibilidades pensadas para facilitar a vida dos deficientes visuais.

A apresentação deste projecto arquitectónico visa assinalar o Dia Mundial da Bengala Branca e surge também no ano em que a associação faz 20 anos de existência.

Segundo Carlos Lopes, presidente da ACAPO, a inovação é que vai ser o primeiro edifício público em Portugal a reunir todas as acessibilidades, por cumprir a legislação e por ter todos os pormenores pensados para os deficientes visuais.

Para avançar para a construção deste edifício, a associação precisa agora de parceiros que possam suportar o financiamento do projecto, que tem já o apoio de um "atelier" de arquitectos.

Os profissionais envolvidos encaram esta iniciativa como um desafio arquitectónico, tendo em conta a necessidade de ser acessível a todo o tipo de deficientes e em especial à deficiência visual.

O novo espaço deve oferecer muita luz natural, com a combinação certa de janelas, clarabóias e estores e com o uso de acabamentos não polidos para evitar reflexos.

O uso de um contraste cromático permite que as pessoas possam distinguir facilmente os diversos pisos, corredores e portas, e possibilita simultaneamente encontrar os puxadores das portas, interruptores da luz e tomadas de corrente.

Para evitar obstáculos, nos corredores, os extintores e outros equipamentos serão embutidos nas paredes, as esquinas serão arredondadas e não haverá ressaltos no chão.

O dia 15 de Outubro foi instituído Dia Mundial da Bengala Branca pela Federação Internacional de Cegos, em 1970.

O principal objectivo é reconhecer a independência das pessoas cegas e a sua plena participação na sociedade. A Bengala Branca, um símbolo da igualdade, é também o símbolo da cegueira.

A sua utilização permite ao deficiente visual movimentar-se livremente.

Estima-se que existam cerca de 160 mil cegos em Portugal. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a deficiência visual engloba duas grandes categorias: a Cegueira e a Ambliopia.n

Lusa

Comentários

Foi ontem, dia 15 de Outubro pelas 18 horas, assinado o protocolo entre a ACAPO e a QUINTA-ARCHITECTURE para concretização do projecto de Renovação / Reabilitação do edifício sede da ACAPO.
De acordo com o Arqº Guilherme de Sá (QUINTA-ARCHITECTURE), "Interessa-nos, que este edifício seja acessível ao maior número de pessoas, sem contudo introduzir elementos de segregação, assim o caminho mais correcto será a utilização dos princípios do Desenho Universal, como garantia de atender uma ampla gama de indivíduos, preferências e habilidades.
Na actualidade, é cada vez mais claro que a Acessibilidade deverá seguir o paradigma do Desenho Universal, segundo o qual os edifícios, os ambientes, os utensílios e os meios de transporte, sejam projectados para todos e, não apenas para pessoas com algum tipo de condicionalismo. O desenho universal beneficia todas as pessoas de todas as idades e habilidades. Esta não é uma tecnologia direccionada apenas aos que dela necessitam; é desenhar para todas as pessoas.
O Desenho Universal abrange produtos e edifícios acessíveis e utilizados por todos, inclusive as pessoas portadoras de deficiências. Criar situações especiais contribui para a segregação e a discriminação, e é o que acontece muitas vezes com certas soluções de adaptabilidade. Assim, o conceito orientador do projecto para a sede da ACAPO, será o de um edifício universalmente acessível e que promova a inclusão social.
Será o primeiro edifício deste género em Portugal: um edifício que segue os princípios do Desenho Universal e que, diz bem-vindo a todos, para que todas as pessoas e não só as que têm necessidades especiais, mesmo que temporárias, possam integrar-se totalmente numa sociedade verdadeiramente inclusiva. Pretende-se que o edifício da ACAPO, seja um espaço público que cumpre e vai além das exigências da legislação sobre acessibilidade.