CONTRAPONTO
JORNAL ELETRÔNICO DA ASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS DO INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT
SETEMBRO DE 2006
1ª Edição
Legenda: Jornal eletrônico voltado para o segmento dos deficientes visuais, bem como, o público em geral.
Entidade/Apoio:
ASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS DO INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT
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EDITOR RESPONSÁVEL: VALDENITO DE SOUZA E-MAIL: contraponto_jornal@yahoo.com.br EDITA E SOLICITA DIFUSÃO NA INTERNET.
EDITORIAL
COMEÇO FELIZ!
Você está testemunhando o nascimento de um pequeno arbusto, no seio de uma imensa floresta formada por árvores gigantescas. Ele é o resultado de uma idéia, uma minúscula semente lançada em terra fértil, e do idealismo de um grupo de pessoas, que acreditou que ela poderia vingar. Depois de alguns meses germinando no fundo da terra, cercada pelos cuidados daqueles que a acalentavam carinhosamente, ela finalmente brotou, ainda tenra, mas enchendo de alegria os corações daqueles que deram tudo de si para que ela rompesse o solo e se mostrasse ao mundo. Assim se descreve o começo feliz de CONTRAPONTO: um trabalho coletivo desenvolvido pelos componentes da lista de discussões da Associação dos Ex-Alunos do Instituto Benjamin Constant, ávidos por cultura e comunicação.
CONTRAPONTO é produzido Por e para pessoas cegas e de baixa visão, mas pretende interagir com o público em geral, para mostrar que, embora singularmente distintos, todos os seres humanos são essencialmente iguais, não se justificando, portanto, qualquer tipo de discriminação.
Enquanto as vozes ruidosas da mídia saturam olhos, dedos e ouvidos com seus sons estridentes, nós fazemos, modestamente, o nosso "contraponto". Esperamos que nossos acordes possam somar na harmonia da orquestração universal, contribuindo para o crescimento de nosso acervo de conhecimentos e influindo, de alguma forma, no processo de transformação da nossa imagem social.
A DIRETORIA EM AÇÃO
ASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS DO INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT
Quem Somos Nós?
A Associação dos Ex-Alunos do Instituto Benjamin Constant foi criada para congregar seus associados, valorizar o trabalho do Instituto Benjamin Constant e lutar para melhorar as condições das pessoas cegas e de baixa visão na sociedade.
Ela não é propriedade de uma pessoa ou de um grupo. Como o nome diz, ela pertence aos ex- alunos do IBC e será aquilo que eles dela quiserem fazer.
Para termos uma Associação forte, é necessária a participação de todos. Não basta cobrar ou dar sugestões. Antes de mais nada, é preciso se associar, porque, sem associados, ela morre de inanição; é preciso manter em dia suas mensalidades, porque, sem recursos financeiros, seus horizontes ficam muito restritos; é preciso trabalhar, porque, sem a ação dos associados, ela está condenada à estagnação; é preciso dar idéias e cobrar, porque, sem estímulo, os ânimos se arrefecem; enfim, é preciso participar, porque, sem conjugação de esforços, nenhum empreendimento pode atingir as suas metas.
A Associação é nossa. Depende de nós fazer com que ela seja grande e possa cumprir o papel para que foi criada!
ANTONIO CARLOS HILDEBRANDT - PRESIDENTE
DV EM DESTAQUE
JOSÉ WALTER FIGUEREDO
União dos Cegos no Brasil
Fundada em 1924.
A União é dirigida por uma diretoria que é eleita pelos sócios efetivos por 4 anos, e é composta de presidente, Vice-presidente, primeiro e segundo secretários e primeiro e segundo tesoureiros.
Sócio efetivo é aquele que ingressou na Casa por convite e cuja proposta de associação foi aceita pelo Conselho Deliberativo. Ele pode votar e ser votado para a diretoria, após 1 ano de sócio. A Casa tem atualmente 25 funcionários assalariados, mas os membros da diretoria são todos voluntários.
A União é mantida pelos voluntários que contribuem com a Casa, e pelas tachas administrativas que recebe por pessoa que encaminha para trabalhar na Secretaria Estadual de Saúde e na Fundação de Saúde de Niterói.
A União tem como clientes, pessoas cegas, tanto internas como externas. Só são aceitos como internos homens que residam fora da cidade do Rio de Janeiro e que estejam estudando. Atualmente residem lá 12 pessoas, embora haja vaga para 18.
Serviços prestados pela União aos cegos:
Reabilitação, com os seguintes cursos: Braille, escrita cursiva, informática, orientação e mobilidade e orientação psicológica para o cliente e familiares.
Cursos a serem iniciados ainda nesse ano: Telemarketing e Auxiliar de Radiologia. O curso de Auxiliar de Radiologia será dado na União e na cidade de Campos, em convênio com a Secretaria Estadual de Trabalho. Futuramente também no Espírito Santo na cidade de Vila Velha.
A União tem também curso supletivo do primeiro grau e está para implantar o supletivo do segundo grau, ambos em convênio com o Viva Rio, destinados à comunidade.
Emprego:
Está quase certo a abertura de 80 vagas em setembro para emprego de Auxiliar de Radiologia, um convênio com a Secretaria Estadual de Saúde. Os candidatos deverão providenciar a carteira do Conselho de Radiologia, ter o segundo grau completo, (se não tiver feito o curso na União, caso em que só precisará do certificado do primeiro grau), marcar entrevista com a psicóloga da União(levar currículo) e aguardar ser contatado, se for selecionado.
Eventos:
Entre outubro e novembro haverá o Décimo Primeiro Encontro de Artistas Cariocas Portadores de Deficiência. Para se inscrever aguardar divulgação na mídia.
De 21 a 23 de setembro a União participará da Feira de Reabilitação e Acessibilidade (EACESS) no Rio Centro, onde demonstrará os serviços que presta aos cegos. Estará se apresentando o grupo de pagode da Casa, CARTEADO. Na ocasião será lançada a página da União na internet, que ainda não tem título.
Endereço da União: Rua Clarimundo de Melo 216, encantado, CEP 20740-322 Rio de Janeiro - RJ.
Telefone: 2593-1646.
E-mail: uniaodoscegos@uol.com.br
JOSÉ WALTER FIGUEREDO (jwalter@ibge.gov.br)
DE ÔLHO NA LEI
Dulavim de Oliveira
DEFICIENTES VISUAIS VÃO À JUSTIÇA PARA GARANTIR DIREITO A LIVRO NO FORMATO DIGITAL
Inclusão é a palavra chave, principalmente na educação. Até mesmo as escolas especializadas têm como antônimo o vocábulo escola inclusiva e não escola comum ou regular, mesmo considerando que escolas especializadas, como o INES, o Instituto Benjamin Constant são consideradas regulares por alguns defensores da escola inclusiva. Mas, se o papo é Direito, por quê esta História de escola? Porque escola lembra livro. Livro lembra leitura, conhecimento... E neste caso, se o "papo" é inclusão, por quê o deficiente visual tem que estudar junto com os outros alunos, trabalhar de igual para igual, mas, na hora de ler, não pode passar em uma livraria e comprar um livro como todo mundo, num formato acessível? E a garantia constitucional?
"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
.."
Seguindo o mandamento constitucional, e a possibilidade que hoje é dada pela tecnologia, um grupo de deficientes visuais, em várias partes do País, resolveu procurar a Justiça para ter o pleito atendido. No Rio de Janeiro, Cleverson Casarin Uliana (24), Bacharel em Música, Técnico Administrativo da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), ingressou com ação no X Juizado Especial Cível contra a Editora Atlas LTDA, buscando fazer com que a mesma fosse compelida a lhe vender um livro no formato acessível, melhor dizendo, no formato digital.
Analisando o caso, a magistrada responsável pelo processo considerou, diferentemente do que pretendia a editora, que a pretensão de Cleverson não tolhe a iniciativa privada, pois não está compelindo a Editora a determinar preço para obra e nem publicar ou deixar de publicar, querendo somente que se a obra já existe, seja disponibilizada numa forma acessível ao deficiente visual: "Não se trata, como argumenta a ré, de tolher a iniciativa privada. não se está aqui a determinar a editora que publique ou deixe de publicar este ou aquele livro. nem se está a impor determinado preço a qualquer obra. esse tipo de interferência, sim, violaria flagrantemente a livre iniciativa. aqui, o que se pretende é que, uma vez publicada a obra, seja ela realmente destinada a toda a sociedade, a todo o mercado que a possa acessar, do qual faz parte o deficiente visual. Longe de implicar ingerência indevida na esfera da iniciativa privada, a medida que busca o autor significa, nada mais nada menos, do que conferir efetividade a uma norma que pode e deve ser observada, por todos os motivos acima registrados."
A magistrada refutou ainda a argumentação da Editora de que não oferece obra no formato digital visando a proteger interesse dos autores:
"a argumentação da ré no sentido de que não se utiliza do formato digital no intuito de evitar a reprodução desautorizada de obras, e dizer apenas que parece inclusive mais fácil impedir essa espécie de reprodução no formato digital, já que se dispõe de mecanismos capazes de inviabilizar a cópia nesses casos, do que impedi-la quando se trate de livro impresso, que pode ser simplesmente xerocado."
Quanto à necessidade da anuência dos autores, disse a magistrada: "De resto, no que diz respeito à necessidade de anuência dos autores das obras na forma de divulgação e publicação que seja eleita, não é disso que se cogita na hipótese dos autos. cuida-se apenas de adaptar uma forma de publicação já escolhida e autorizada as peculiaridades com que tem de lidar o deficiente visual, a quem assiste o direito de acesso ao conteúdo da obra, tudo nos termos das normas constitucionais acima referidas e da lei 10.753/03, cujo art. 1º, XII, é expresso no sentido de que deve ser assegurado ao deficiente visual o acesso a leitura."
A magistrada em sua sentença não atendeu o pedido de dano moral por considerar que trata-se de matéria controvertida, considerando então que a Editora não agiu com intuito de discriminar, e sim, deu interpretação diversa as normas que fundamentou a decisão da ação.
Da decisão cabe recurso. Mesmo a Editora não recorrendo, a decisão só vale para este processo, no entanto, é um avanço que pode contaminar o judiciário de forma positiva fazendo com que os livros em formato digital fiquem acessíveis.
Processo 2006.800.030696-7.
Dulavim de Oliveira (dulavim@jf-rj.gov.br)
TRIBUNA EDUCACIONAL
SALETE SEMITELA
José Alvares de Azevedo - Início da Educação de Deficientes Visuais na América Latina
Em nossos dias, questiona-se de manneira enfática o porquê de ainda existirem as chamadas "escolas especializadas. Os questionamentos apresentados apóiam-se nos motivos mais variados: há os que dizem que em função de o deficiente visual permanecer por períodos mais longos na escola especializada, afasta-o da convivência familiar e o mais importante, alegam os especialistas, é ficar perto da família; há os entusiastas da "inclusão" que afirmam estar arcaico este tipo de modelo institucional; há ainda aqueles que vão mais longe atribuindo à escola especializada uma função meramente segregadora. Diante de tais posições, recuemos no tempo e ouçamos a palavra de quem viveu a experiência, alguém que marcou o começo da trajetória educativa dos deficientes visuais na América Latina.
Em meados do século XIX, época em que a educação era privilégio da elite, uma criança cega é por sua família mandada a Paris para estudar: José Alvares de Azevedo.
A História de José Alvares de Azevedo ligada intimamente ao Imperial Instituto dos Meninos Cegos é sobejamente conhecida de todos. Importa aqui destacar as palavras de Azevedo dirigidas a seu pai através das quais podemos perceber o que representou seu distanciamento da família para conquistar sua cidadania. Assim, o texto reproduzido a seguir, é uma dedicatória feita por Azevedo a seu pai da obra "O Instituto Dos Meninos Cegos de Paris - Sua História e seu Método de Ensino" , autor: J. Guadet, obra que José Alvares de Azevedo traduziu do francês.
"A Meu Prezado Pai
O Senhor Manoel Alvares de Azevedo
Meu caro pai.
Oferecendo-vos este opúsculo, que traduzi do francês, nada mais faço do que cumprir um dever de reconhecimento. Com efeito, eu era, por minha posição, destinado a viver desgraçadamente em uma ignorância profunda, sem algum conhecimento dos deveres impostos a todos neste mundo, e que cada um deve desempenhar segundo sua posição; eu não teria conhecido esses gozos morais, que tantas vezes consolam o homem oprimido sob o peso de seus infortúnios; em uma palavra, eu teria vivido a vida do bruto, teria passado inapercebido nesta terra, como um grão de areia impelido pelo vento; enfim, pudera ser o ludíbrio de todo o desapiedado, que quisesse enganar-me, e em tão triste estado arrastaria a existência a mais insípida, que se possa imaginar. Vós compreendeste-lo bem! Assim que, depois de haver tudo tentado para me fazer recobrar o inapreciável sentido, de que Deus me privou, vendo a inutilidade dos esforços e dos recursos da ciência médica, vós me enviastes à França, para adquirir toda a instrução compatível com a minha cegueira. Nem a saudade que vos devia causar, e à minha extremosa mãe, a minha longa ausência, nem o grande sacrifício pecuniário, que vos foi preciso fazer, nada vos desanimou, nada vos fez recuar! Agora, de volta da França, não é justo que vos pague o devido tributo de gratidão?
Se tenho alguma instrução, se posso ser útil para alguma coisa, a vós o devo; se tenho alguns prazeres, se não passo uma vida monótona, se (para me exprimir em breves termos) acho-me restituído à sociedade, de que a natureza como que me excluíra, se ainda me é dado conseguir alguma glória: tudo isto é a vós que o devo! É pois de razão que esta pequena obra, a primeira que sai debaixo do meu nome, vos seja dedicada. aceitai portanto esta oferta, meu caro Pai, não seguramente porque corresponda a todos os benefícios, de que vos sou devedor, senão como um penhor dos sentimentos de meu coração: ele se expande com a lisonjeira lembrança de que vosso amor paternal experimentará uma doce emoção vendo a primeira obra saída desta pena, que sem vós nada seria escrito.
Recebei também com este livro, a segurança de meu eterno e profundo reconhecimento, porque eu me lembrarei toda a minha vida, que sem vós eu não teria sido nada, e que é por vós só, depois de Deus, que eu posso ser alguma coisa neste mundo. Vosso Filho Respeitoso e Obediente, J. A. d'Azevedo."
(Rio de Janeiro - Tipografia de F. de Paula Brito - 1851)
SALETE SEMITELA(saletesemitela@terra.com.br)
ANTENA POLÍTICA
HERCEN HILDEBRANDT
Pelo resgate de Nossa Capacidade Política
Publicado em setembro de 2001, em Tateando, jornal informal editado e distribuído por três professores do IBC, atualmente fora de circulação
Parece muito distante, tanto, que já nos esquecemos!... Mas houve um tempo em que os cegos falavam!
Foi mais ou menos recente. Começou no século XIX e terminou no meio do XX. Nesse tempo, um menino cego francês chamado Louis Braille, que estudava em uma escola "residencial", aliás, a primeira criada para a nossa educação, inventou um sistema de escrita cuja implantação sofreu muita resistência, mas que se impôs ao mundo e, apesar de toda a reação de alguns "especialistas" que se pretendem donos de todo o saber que nos diz respeito, permanece firme.
Ainda nesse tempo, um adolescente cego brasileiro chamado José Álvares de Azevedo, que havia estudado na mesma escola, nos trouxe o importantíssimo sistema inventado por Braille, conseguindo do governo da época a fundação do nosso Instituto.
Considerando que, segundo as estatísticas, entre os "portadores de deficiência" classificados, constituímos o menor grupo, não foram poucos os cegos falantes. Mas sobre eles conversaremos em nosso próximo número.
Depois da Segunda Grande Guerra Mundial, quando os países mais desenvolvidos da Europa estavam quase destruídos, os norte-americanos começaram a ensinar ao mundo um novo modo de viver. Foi aí que apareceram os "especialistas", com seus métodos "científicos", pondo à prova tudo aquilo que já se tinha estudado sobre a cegueira e a vida dos cegos. Eles começaram a adaptar tudo para nós, orientar nossos pais sobre qual seria nossa melhor escola e transmitir aos nossos professores suas descobertas sobre nossas características e os novos métodos que vêm criando para nossa educação, ensinar-nos a melhor maneira de nos conduzirmos na sociedade, como nos locomovermos adequadamente, orientar-nos na escolha de nossas atividades econômicas, convencer os empregadores das vantagens em explorar nossa força de trabalho... Enfim, ensinar ao mundo qual seria o melhor modo de vida para nós. O termo cego foi oculto atrás da expressão "deficiente visual", que, por si mesma, nada diz, mas é ótima para fazer de conta que contribui para a eliminação dos preconceitos que nos prejudicam a vida social. O termo amblíope, tradicionalmente usado para designar pessoas com pouca visão, foi convertido em palavrão científico e estas pessoas reduzidas à mesma categoria dos cegos. NOssa educação tornou-se "especial" e foi equiparada à dos surdos - que viraram "deficientes auditivos", à dos deficientes mentais e à de outros, sendo os profissionais considerados capacitados para trabalhar com todas as categorias indiscriminadamente.
Seria leviano - e até desonesto - negar que os "estecialistas"nos tenham trazido benefícios; mas, muito pior que isso, seria nos omitirmos diante do grande prejuízo que nos trouxeram.
Infiltrando-se na estrutura do Poder Público, em todos os países, e nas diversas instâncias supranacionais (órgãos da ONU), eles estabeleceram as normas em que se devem basear todas as políticaqs voltadas para nós, assumiram o controle de todos os recursos destinados a essas políticas, intervieram em nossas instituições, cobriram nossa história com um véu "incolor", impuseram-nos uma nova linguagem, apropriaram-se de nossas reivindicações e determinaram nosso próprio papel na luta em defesa de nossos direitos.
Despojados do autoconhecimento, sSem discurso e sem propostas, perdemos a voz. Desse modo, os "especialistas" ganharam as condições de que necessitavam para aceitar - e até exigir - que nós próprios assumíssemos a liderança de nossas organizações, uma por país, uma por continente e uma mundial, com status de ONGs, organizações não governamentais, que aceitam parcerias com o Estado nas condições que ele impõe.
Hoje, quando comemoramos os 152 anos da instalação oficial da escola conquistada por um companheiro adolescente, da qual muitos de nós nos beneficiamos e que os "especialistas" inconseqüentes querem extinguir, neste país aperspectivo e sem ética, pensamos no futuro das crianças cegas, em especial as oriundas dos segmentos mais explorados da sociedade, que, talvez, pouco ou nada possam esperar, e evocamos o senso de responsabilidade de cada um de nós, cegos e videntes que almejamos uma sociedade igualitária, para reconquistar a capacidade política que já tivemos, no tempo em que os cegos falavam.
HERCEN HILDEBRANDT(hercen@superig.com.br)
O I B c EM FOCO
PAULO ROBERTO DA COSTA
O Benjamin em foco
Com certeza, existe entre nós uma grande curiosidade na indagação:
quem será o próximo diretor do nosso _Instituto _Benjamin _Constant?
Pegando carona nesta interrogativa, outras perguntas se seguirão:
quando a eleição para a nova diretoria acontecerá?
qual será a meta que se seguirá?
será que a grande escola fundada a tanto tempo será empurrada mais para
perto do precipício, ou a nova cabeça que pensará o rumo desta casa será
um salvador???
Nós que aprendemos a caminhar na vida, graças ao I.B.c, acreditamos que ele ainda vai continuar a ser uma grande escola a formar jovens capazes de mostrar aos nossos governantes e semelhantes que o cego tem capacidade para competir em uma grande fatia do mercado.
Bom, fato é que ainda não sabemos qual o dia da eleição exatamente, a repetir a anterior, será realizada em dezembro, podemos afirmar que, a atual diretora é candidata, isso afirmado pela própria em uma das reuniões; a propósito: o que pensam os nossos colegas ex-alunos a respeito da gestão da tia érica, simpática e amável pessoa?
Temos que levar em conta que uns dos antigos diretores da casa pode vir candidato, o Carmelino também pode vir por aí! das muitas conversas que tive com ele mais me pareceu um político daquele partido que quando perguntado nunca dizia que sim nem que não, sempre encima do muro...
Olha, no bário pode também aparecer correndo em uma das raias o também grande Paulo Sérgio emparelhando com um Paulo Augusto ou quem sabe com o Menescal (sem o Boscoli).
Vamos dar tempo ao tempo e voltaremos ao assunto em breve com muito mais certezas e, com certeza também, com muitas respostas a essas indagações que agora ficam pairando no ar..
Paulo Roberto da Costa, de frente para o otimismo e atento aos acontecimentos que envolvem ao nosso querido _Instituto _Benjamin
_Constant, I.B.c, para os mais íntimos!!!
aposto visitem a página do Instituto, procurem saber sobre as edições da revista Brasileira.
PAULO ROBERTO DA COSTA(PROBERTO@saci.org.br)
ETIQUETA
Rita Oliveira
A hora dos cumprimentos
A hora de cumprimentar alguèm pode revelar se você é uma pessoa educada ou não. Mesmo que o outro seja um desconhecido, é muito gentil cumprimentá-lo. Por exemplo, na hora de pegar um táxi, no ônibus, na lanchonete, na padaria... Dar bom dia é a melhor forma de começar o dia.
Cumprimentos formais
Conhecido de vista: cumprimente-o com um bom dia, boa tarde, ou boa noite, ou pelo menos faça um aceno com a cabeça, acompanhado de um leve sorriso. Tenha certeza de que a outra pessoa vai lhe achar uma pessoa muito educada.
Apresentações formais: você é apresentado a uma pessoa pela primeira vez. O que fazer nessa hora? Se for numa situação formal, no trabalho, por exemplo, estenda a mão com um sorriso no rosto, mesmo que a outra pessoa seja uma mulher. Evite os beijinhos logo de cara. Agora, se a reunião foi agradável, despeça-se com beijinhos, se for do sexo oposto ou entre duas mulheres.
Apresentações informais: numa festa, vale trocar beijinhos com as pessoas que você conhecer. Se forem bem mais velhas que você, porém, estenda a mão gentilmente, para sentir o terreno antes. Se ela for receptiva, aí sim dê dois beijinhos.
- Um, dois ou três? ; a quantidade de beijos que se dá é uma questão cultural. No rio, são dois. Em são paul um só. Minas e Rio Grande do Sul, três. Ma atenção, três só nesses estados, porque esse papo de três para casar é dose, não?
Com que roupa eu vou?
O traje passeio é amesma coisa que o traje esporte fino. Neste caso requer um toque a mais de formalidade do que o traje esporte. Veja como usar o traje passeio.
Dicas
O que vestir: mulheres devem caprichar um pouquinho a mais a produção. Escolher calças mais elaboradas, blusas com um bordado bacana, vestidos de tecidos mais finos, como os jérseis e as sedas. Ótimas pedidas são os terninhos ou tailleurs ( combinação de saia e blazer ). Já eles deve usar camisa com calça esportiva e blazer ou ternos de cor clara, se o evento for de dia. Se for de noite, devem usar terno escuro. A gravata com blazer não é obrigatória, mas cai bem.
- Acessórios: elas devem usar bolsa grande para eventos de dia e pequena de noite. Nos pés, sandálias ou sapatos de salto. Bijutrias dão o toque de diferença e estilo. Eles devem usar sapato social preto ou marrom.
- O que usar: este tipo de traje pode ser usado num almoço mais chique, numa happy hour badalada, teatros, espetáculos ou concertos no municipal.
- Evite: muitos brilho e decotes ou o exremo oposto, como o estilo relax, com jeans e tênis.
Até a proxima Rita Oliveira(rita.oliveira@br.unisys.com)
DV-INFO]
CLEVERSON CASARIN ULIANA
Lendo e-mails no Outlook Express usando o Monitvox
O Monitvox é um leitor de telas embutido no sistema Dosvox. Em termos de recursos para comodidade, ele deixa a desejar com relação aos leitores pagos e proprietários do mercado como por exemplo o brasileiro Virtual Vision e o estadunidense JAWS for Windows, mas é uma ótima alternativa gratuita e de código aberto para resolver pequenos problemas diários.
Se você possui o Dosvox 3.1 ou superior, provavelmente já tem o Monitvox instalado. Para executá-lo você pode chamar a opção P do Dosvox ou o iniciar>executar do Windows e entrar com o comando:
c:\winvox\monit32
A partir daí você pode caminhar pelo ambiente Windows e os programas mais comuns e o Monitvox fala onde você está.
Para quem trabalha em alguma empresa onde não é permitido instalar o sistema Dosvox ou algum cliente de e-mails que não seja o Outlook Express da Microsoft, existe uma forma bem simples de ler as cartas dentro dele usando o Monitvox.
Ao abrir o Outlook, você pode pressionar Control-Y e escolher a pasta de mensagens que quer ler. Geralmente as cartas recebidas ficam na Caixa de Entrada ou "in box" se o programa estiver em Inglês.
Na lista das mensagens, escolha então uma e dê Enter. A mensagem abrirá mas por padrão o Monitvox não lê o conteúdo dela. Pressione então control-A para selecionar o texto todo da mensagem. Em seguida pressione Control-C para copiar tudo para a área de transferência e agora podemos dar o comando que faz o Monitvox ler essa área: Control-Alt-F1. A mensagem será lida por completo.
Ao terminar ou quando quiser parar, basta fechar a mensagem com ESC e você volta à lista das mensagens.
Bem, espero que essa dica possa ajudar os que eventualmente não disponham de outros leitores, seja no trabalho, escola ou outro ambiente. Se tiverem alguma dúvida, escreva-nos. Na próxima tiragem do mês que vem tem mais.
Abraços a todos
CLEVERSON CASARIN ULIANA(clever92000@yahoo.com.br)
http://intervox.nce.ufrj.br/~locutor/monit32.exe
REENCONTRO
JANSEN AZEVEDO
Nome: Ailton Gávio
Vinculo com o I B C: 1965 a 1973, como aluno/bossista, posteriormente, como professor no curso de massoterapia do i b c
Formação: segundo grau
Profissão: Massagista (atualmente aposentado, foi funcionário do INPS)
Estado Civil: Casado
Atividade atual: Presta serviços, a nível de filantropia, na clínica Irajá(Fone: (0xx21)33-61 -29-86 * clínica fizioterapeuta - de natureza filantropica)
Passatempo: Música (tecladista)
Contatos: Fone: (0xx21) 33-71-21-47 E-mail: ailton@rionet.com.br
Objetivo: contato/intercâmbio com novos e, principalmente, antigos colegas...
JANSEN AZEVEDO(jansenlima@terra.com.br)
*** Divulgamos nesta coluna, noticias sobre paradeiro de ex-alunos do I B C... Qualquer informação, contacte a redação...
TIRANDO DE LETRA
OS CEGOS E OS ANOS DE CHUMBO
Era uma segunda-feira de maio, em fins da década de 70, quando o Instituto Bejamim Constant foi sacudido pela noticia:
- Na próxima quarta-feira, vai tomar posse o novo diretor, um general do exército que é linha dura e vem para botar ordem na casa.
Aqueles eram anos de chumbo e nós, alunos da época, aguardamos com expectativa e apreensão o inuzitado evento. Ao chegar o dia da posse, o general assumiu o posto, prometendo muito trabalho e fêz uma ode à diciplina e à hierarquia.
Imaginem que o novo diretor, um general de infantaria - neófito em educacao de cegos - passou a ser conhecido entre os funcionários, professores e alunos como "o coronel" e jamais entendi porque revaixaram o homem. êle, porém, não adimitia ser chamado de general e muito menos de coronel. Exigia que nós o tratássemos de Dr. Nilton.
Como era de se esperar, o coronel, que na verdade era general, o DR Nilton, exigia rigor e disciplina no Colégio. Os alunos só poderiam se dirigir ao refeitorio e ao dormitório, disciplinadamente, em uma irretocável fila indiana.
Os cabelos tinham que ser cortados bem baixos e as roupas deviam se conservar sempre impecáveis. As professoras e funcionárias eram proíbidas de usar calças compridas no colégio.
Durante as aulas, era comum, ele surgir repentinamente à porta e ecoar um sonoro e carrancudo "bom dia". Se fosse aula de inglês, passava a tropa em revista, os alunos ficavam de pé e liam a lição para ele que fazia um comentario e depois se retirava.
O austero diretor dividia seu tempo entre o gabinete e as rondas pelo educandario. Às vezes, quando estávamos conversando em grupo, ouviamos de repente, um "bom dia!" ou "boa tarde!" Pegos de surpresa, esqueciámos de nos levantar e o "homem da caserna" nos brindava com um eloqüente sermão, exaltando o respeito à hierarquia.
Aos domingos e no aniversario do colégio, costumava ter baile. Um dia, o coronel chegou de mansinho, observou, proibiu aquelas músicas lentas, com as quais os cegos dançavam agarradinhos e ameaçou, da próxima vez, acabar com os esperados bailes.
Como eu era tímido e diciplinado, passei a gozar de certa simpatia do coronel, que ficou meu amigo, quando soube que quatro de meus irmãos eram militares. Certa vez, quando eu descansava no dormitório, alguém se aproximou e começou a puxar levemente o meu dedão do pé, Como detesto que me toquem sem se identificar, dei um safanão e gritei:
- Para com isto seu bundão!
Neste momento, meu finado amigo Nilo que era ambíople disse com ar severo:
- Epa, Valdenito! É o diretor!
A alta patente do exército sorriu sem graça, deu-me um leve cascudo e se retirou. Fiquei sem ação.
No ano seguinte, fui o único aluno que ganhou uma bolsa de estudos e, assim, o colégio passou a ser, para mim, apenas dormitório e refeitório.
A biblioteca do Instituto era meu principal "habitat" e nela consegui para ledor um brigadeiro reformado da aeronáutica, amigo de longa data do coronel, o que aumentou meu prestígio com ele.
O brigadeiro era um homem de idade avançada, neurótico de guerra e casado com uma mulher quarenta anos mais nova do que ele. Ela tinha um filho adolescente e o marido insistia em educá-lo no melhor estilo do regime militar. Nestes encontros na biblioteca, Acabei por me tornar uma espécie de divã do veterano brigadeiro que, antes de iniciar a leitura, costumava narrar suas desventuras com o rebelde henrique e sua arredia esposa.
Geralmente, quando estavámos lendo, o general chegava e as duas patentes trocavam continência e ignoravam minha presença. Batiam um longo papo sobre as forÇas armadas, o governo militar, as recordacoes da vida de caserna, as táticas de guerra etc. Os dois eram radicalmente contra a tímida sinalizacao do governo para uma suposta abertura política. Naquele tempo, eu era politicamente inocente, embora já tivesse uma tendência para a dita esquerda e aqueles diálogos serviram para despertar em mim a consciência crítica em relação ao momento que vivíamos.
O tempo corria, findava a década de 70 e o coronel/general, continuava sua missão de ddiciplinar e moralizar o tradicional educandario. Mas, nós, os bolsistas, desfrutávamos de certas regalias, pois podíamos chegar e sair a qualquer hora e nao usávamos o uniforme do colégio. Contudo, não escapávamos da rigorosa vigilância do diretor que aparecia inesperadamente em qualquer das instalações do Instituto.
Havia, no Instituto, um companheiro que adorava curtir as noites cariocas com seu violao sempre a tira-colo e ele costumava dormir até tarde. Não raro, o coronel entrava abruptamente pelo dormitório e flagrava o menestreu do casarão da Praia Vermelha, nos braços de Morfeu, a sonhar com mulheres, malandros, cervejas, acordes e harmonias. Ao se aproximar de sua cama, o sisudo diretor, cuspia marimbondos e improvisava um dissonante sermão:
- Acorda, Fulano! Você não está em sua casa. Aqui é um educandário. Repetia o batido discurso, uma invariável apologia da disciplina militar, O menestreu, que se tornou um festejado cronista de nossa tribuna virtual, acordava sobressaltado e mal conseguia balbuciar um protesto, sem muita convicção, o que era prontamente rechassado pelo general rebaixado pelos cegos. Ao artista, restava-lhe apenas levantar-se, arrumar a cama e ir para o banheiro cabisbaixo, ouvindo os últimos acordes do refrão, tão seu conhecido.
Outras vezes, o menestreu aparecia no refeitório, trajando bermudas e chinelos, quando surgia o implacável coronel:
- Fulano! Da próxima vez que você descer para "ranchar" dessa forma, vou retirá-lo do recinto e você vai ficar sem o "rancho".
Um dia, na biblioteca, o general se aproximou , abraçou-me emocionado e disse que acabara sua missao junto aos cegos. E eu, não sei por quê, senti pena dele...
VALDENITO DE SOUZA (Rio de Janeiro, Junho de 1998
Maria Castanhão
Que bom se não nos sentíssemos tolhidos e aproveitássemos sempre as oportunidades que a vida nos dá de abraçar alguém querido. E eu que pensei que jamais teria ensejo para o abraço que virá ao final do texto, fui surpreendido por ele que me surge através deste jornal demonstrando que a vida no seu desenrolar, é a maior das contadoras de histórias e por mais criativos que sejamos, jamais nos equipararemos à ela.
Liberalino, Por exemplo. para que criar um outro nome quando alguém já terá se dado ao trabalho de criar este? Por sinal que me falta imaginação para supor o que pode estar fazendo ou por onde anda o dono de nome tão singular. O nome do outro personagem desta história era Paulo Fernando, quer dizer, ainda é, considerando-se que alguém que seja possuidor de um atestado de hóbito continue a ser proprietário do nome que lhe deram quando recebeu o de nascimento. Morreu por esses dias o Paulo que, já então, se havia transformado em Paulo boi. Espero, sinceramente, que a mulher dele nunca venha a ler o aqui escrito mas, para o caso improvável disso acontecer, convem esclarecer que o "boi" aqui no caso, não tem a menor intenção de avacalhá-la já que, pelo que sei, a alcunha lhe teria sido posta por questões físicas, (que, naturalmente, não inclui a testa) o cara adquiriu um tipo avantajado, consequência da ingestão do precioso líquido sem distinção de marca, segundo me consta, bem como por ser bom de garfo. e deus-se com ele aquela briga interior, estômago/coração em que, quém levou a desvantagem foi ele que passou dessa pra outra (melhor não digo porque não sei se é nem estou interessado em saber!) precocemente. Não consigo atinar com o que nos teria levado a linchá-los! sim porque foi o que fizemos ou pretendemos fazer. aquele linchamento de crianças que, no máximo dá em alguns arranhões, um cortezinho aqui outro ali nas vítimas e muita animação por parte dos linchadores. estávamos todos pela faixa dos 8 9 anos. Meus parceiros de linchamento eram o beto, o didi e mais uns 2 ou 3 dos quais não consigo me lembrar. (parece que a história é mais de esquecimentos do que de lembranças mas trata-se das memórias de um desmemoriado!)
Sei que lhes demos um bom corretivo (ao menos era o que pensávamos que aquilo representava) mas, nosso pensamento estava em completo desacordo com o deles, com toda certeza e, infelizmente para nós, com o da Dona Maria de Andrade, Inspetora da época muito temida por nós e conhecida por alguns como Maria castanhão! parece até que estou ouvindo-lhe o barulho das pulceiras junto com o coq na cabeça do infeliz que resolvesse punir com um de seus castanhões!
Na verdade ela era uma espécie de defensora dos fracos e oprimidos e até então eu só lhe havia conhecido estando do lado destes. mas, como o fraco e oprimido de hoje, muitas vezes, é o forte e opressor de amanhã!... Dona Maria de Andrade que era executivo e judiciário ao mesmo tempo resolveu que eles fariam conosco o mesmo que fizéramos com ele ou o que ela pensou que tivéssemos feito. vá lá que seja uma defeza um tanto atrasada que faço de mim mesmo contudo, lembro-me muito mais das dores que senti do que das que causei, se é que causei alguma!
Lembro-me de que nos mandou encostar numa parede e determinou que eles nos batessem e a coisa começou da esquerda para a direita. não posso me esquecer de que fui o primeiro. de costas para a parede, de braços arriados sem poder reagir, lembro-me de que o liberalino começou. Um tanto tímido, ele me deu uns tapinhas no peito mas, ela, Dona Maria de Andrade (naquele caso, a justiça enxergava, para meu desespero) via que o menino nem bater sabia e resolveu ensiná-lo. Pegou-lhe da mão e (o som das pulceiras!) bateu violentamente no meu rosto. lembro-me de uma lágrima que me escapou e do nariz que esquentou. e depois ainda teve o Paulo boi! e, o engraçado é que, pudesse eu dar um abraço num desses 3 personagens (dos quais, pelomenos 2, o paulo e dona Maria de Andrade já não estão aqui) daria nela, em dona Maria de Andrade que com seu senso de justiça até questionável, admito, não se omitia e cuidava lá a seu modo daquelas crianças, já então, tão largadas, tão carentes da presença materna. que minha ternura possa lhe alcançar, Dona Maria de Andrade!
LENIRO ALVES (MAGRO)
*** Editamos, nesta coluna, "escritos"(prosa/verso) de companheiros (ex-alunos/alunos) do I B C. Para participar: mande o "escrito" de sua lavra para a redação...
PERSONA
< IVONET SANTOS
ENTREVISTA
Professora Maria da Glória de Almeida
( Ex-aluna, professora e vice-diretora do Instituto Benjamin Constant.)
1. Nos fale resumidamente sobre sua trajetória dentro do Instituto Benjamin Constant:
- Cheguei ao Instituto Benjamin Constant aos 11 anos de idade depois de ter perdido cinco anos de minha vida escolar, uma vez que perdi a visão aos seis anos e meio, quando já estava inserida no processo de alfabetização. Retomei minha caminhada educacional nesta instituição que abriu para mim as portas do conhecimento e a noção exata do papel que eu gostaria de desempenhar na sociedade, mesmo tendo ficado cega de uma forma tão inesperada. Fiz o ensino primário e ginasial, hoje ensino fundamental. Usufrui do excelente momento educativo do instituto Benjamin Constant daquela época: fiz teatro, participei das aulas de arte de dizer, com a professora Glorinha Boytmüller, fiz o curso de teoria musical, aprendi um pouco de piano, cantei nos coros em várias etapas, e iniciei meu curso de francês na Aliança Francesa ainda sendo aluna do IBC. Minha caminhada foi cheia de atividades, de buscas e de grandes encontros com pessoas que marcam minha vida até hoje.
No Instituto Benjamin Constant aprendi a repartir, a entender o que é solidariedade, a compreender o verdadeiro significativo do que seja um amigo, além de ter tido a oportunidade de ter grandes professores e adquirir preparo suficiente para enfrentar as etapas que viriam posteriormente.
2. para você qual o significado de ter chegado a direção da instituição na qual estudou?
- Para mim o significado maior é ter podido oferecer um melhor tratamento aos nossos alunos. Tivemos a oportunidade de melhorar as dependências da instituição e dar às crianças espaços mais dignos e que garantam seu desenvolvimento de forma mais efetiva. Nesse período, esforçamo-nos para que as crianças não se ressentissem da falta de professores e de outros funcionários que lhes assegurassem uma permanência mais tranqüila.
3. Além do seu trabalho no Instituto Benjamin Constant, desempenha outras atividades?
- Através do trabalho que desenvolvo a muitos anos nos cursos de capacitação para professores, constantemente viajo para dar cursos fora do Rio de Janeiro; participo de seminários, encontros, mesas redondas, palestras; tenho um efetivo trabalho em congressos sobre educação, e sou membro da Comissão Brasileira do Braille.
4. Na sua vida profissional existe algum desejo que ainda não realizou?
- O educador está sempre buscando coisas novas e, portanto, nada em sua carreira tem o aspecto de caminhos concluídos. Assim, méis desejos são sempre renovados, e vivo à cata de realizá-los. Gostaria sim de ver o Instituto Benjamin Constant buscar incessantemente a qualidade do seu ensino e inovar sempre sua ação pedagógica para que possamos garantir, sem sustos, sua permanência.
5. atualmente fala-se muito em inclusão. Qual sua opinião sobre o tema?
- A filosofia inclusionista só pode ser aplaudida por todos nós. Incluir seria aceitar o outro tal qual ele é, fato que traria ao indivíduo uma posição igualitária na educação, no mercado de trabalho, enfim, na sociedade.
Entretanto, entre o discurso e a prática interpõe-se um abismo extraordinário. Quando falamos da inclusão educacional das pessoas com deficiência , percebemos que ainda há muito a realizar-se: professores capacitados, escolas aparelhadas, a comunidade sensibilizada e as famílias com a compreensão exata desse processo. Costumo dizer que incluir não é matricular. Não se educa tão só por meio de dispositivos legais, discursos políticos ou grandes doses de altruísmo. Faz-se necessária a competência pedagógica e a compreensão do verdadeiro papel do professor junto ao educando com qualquer tipo de deficiência. A inclusão é uma conquista pela qual devemos lutar. A educação, todavia, precisa ser vista com seriedade.
Devemos lutar por uma educação de qualidade. A modalidade da aplicação do processo educativo não deveria ter importância tão flagrante. O que se vê, infelizmente, é que os teóricos suplantam os verdadeiros educadores, sufocando sua voz e impondo seus conceitos que muitas vezes se transformam em modismos estéreis.
6. qual o papel de uma instituição especializada do porte do Instituto Benjamin Constant nesse contexto?
- O Instituto Benjamin Constant prepara o alunado cego, bem como o de baixa visão atendendo suas especificidades. Desde a estimulação precoce até a oitava série do ensino fundamental, os alunos têm oportunidade de vivenciar experiências educativas que lhe conferem saberes que jamais seriam adquiridos dentro de uma escola sem essas características. As atividades complementares como informática, artes, esporte competitivo, entre outras, dão a criança e ao jovem deficiente visual experiências únicas de aprendizagem. Além disso, o Instituto Benjamin Constant oferece cursos de qualificação profissional a professores de todo o país, prepara profissionais na área da produção de braille, como transcritores e revisores. Cria, adapta e confecciona material didático especializado, dissemina o conhecimento em diversas áreas, presta assessoria técnica a secretarias de educação, abre estágios para universidades e é um campo de pesquisa inesgotável na área da deficiência da visão.
7. Por ser uma escola especializada, o IBC, oferece aos seus alunos material didático adequado e profissionais capacitados. Gostaria de saber se o IBC desenvolve algum trabalho com o objetivo de preparar seus alunos para quando deixarem a escola?
- Quanto a esta questão, o Instituto Benjamin Constant precisa estabelecer metas mais definidas e buscar instrumentos mais adequados para que esta necessidade se efetive de fato. Estamos necessitando de um trabalho mais concreto neste aspecto, não com investidas individuais e sim como uma prática institucional.
8. Nesses 4 anos à frente da direção, foi possível realizar todo o projeto de campanha? Comente a resposta.
- Poderia dizer que muitos pontos que estavam na plataforma de 2002 se concretizaram. Entretanto, quem conhece a necessidade do Instituto Benjamin Constant e sabe das dificuldades da trajetória da pessoa deficiente visual tem a sensação de que necessita a cada dia reformular princípios, propor metas e redirecionar objetivos. Tenho a convicção de que nos empenhamos o máximo para cumprir, não promessas, porque não as fizemos, mas lutamos por realizações que não são apenas da Direção geral. Os êxitos são conseguidos através do conjunto das ações de todos que estão envolvidos no processo de crescimento. O que ficou por fazer deve ser creditado nas dificuldades que se interpõem na trajetória de qualquer pessoa que está à frente de qualquer projeto de realização. O que posso reafirmar é que buscamos sempre a melhoria da instituição e, principalmente, o benefício dos nossos alunos.
9. Para o caso de continuarem dirigindo a Instituição, existe algum projeto de trabalho que possa nos adiantar?
- Talvez o maior projeto que tenhamos seja o fortalecimento da escola; visamos o incremento dos programas já desenvolvidos, o crescimento da área profissionalizante, a criação de novos espaços pedagógicos que poderão auxiliar o desenvolvimento global do nosso alunado. Há muita coisa a realizar, há outras que precisam ser aperfeiçoadas.
10. que mensagem gostaria de deixar para as pessoas cegas e para aquelas que convivem com pessoas com deficiências.
- A maior mensagem que posso deixar para as pessoas cegas é que creiam em si mesmas, que busquem dentro de si a força necessária para enfrentar os embates de uma sociedade que ainda é extremamente excludente e que cobra de nós um desempenho sempre muito acima da média. Vivemos um tempo de competitividade e para isso precisamos estar preparados e cônscios das barreiras existentes. Para os mais jovens eu diria: estudem muito! Para aqueles que já estão no mercado de trabalho, falaria: assumam dignamente o papel que vocês desempenham. Não se acomodem. Façam nem que seja o mínimo que lhes for solicitado, mas façam o melhor, e por suas próprias mãos. Para as pessoas de um modo geral gostaria de deixar uma reflexão: ao verem uma pessoa com deficiência, vejam a pessoa em primeiro lugar. A criança, a mulher, o homem, o profissional, precisam estar a frente de sua deficiência.
Pensem que a pessoa deficiente visual é viável, é possível, desde que seja educada e tenha oportunidades de ascenção intelectual, social e humana.
*Enserida em: sexta-feira, 8 de setembro de 2006.
IVONET SANTOS (ivonete@jfrj.gov.br)
BENGALA DE FOGO]
Somos a "BENGALA DE FOGO" ( paladina moral do mundo cegal), nosso foco é o cego versus sociedade.
a partir de agora, os fatos, por uma questão didática/pedagógica/cultural, passam a ser de domínio público...
Nosso objetivo É dismistificar o imaginário popular, elucidar os flagrantes do cotidiano, dando assim, subssídios para os companheiros(as), enfrentar a sociedade...
1. duas Visões--(contribuicao do leitor)
Certa vez, caminhava eu, tranquilamente por um bairro de Recife, quando, em dado momento, passou por mim uma senhora conduzindo uma criança, mais precisamente, um garotinho de uns quatro anos.
Então o garotinho exclamou: - Mãe, cuidado, olha o homem na sua frente!
A senhora, por sua vez, retrucou sem demora:
- Um homem não filhinho, é um cego!.
2.. estigma --
Na empresa em q trabalho, ao sair para almoçar com um colega vidente, este usou a seguinte expressao:
-"estou com uma fome _negra!".
O repreendi no ato:
-"porra cara, pq este preconceito idiota?! pq a fome tinhha que ser logo _negra?!";
o cara, um tremendo gozador, me saiu com esta:
-" pois é cara... tu nem imagina... estou com uma fome " de cego!".
atencao: ... cuidado no q vc fala, pense bem no q vai pensar, fareje bem para os lados antes de qualquer gesto, pois, a "bengala de fogo", tem: "olhar de águia", " faro de doberman", " memoria de tia solteirona", " ouvido de cego de nascença"...
Tome cuidado, muito cuidado, a sociedade não perdoa, preserve nossa imagem...
*** se vc tem historias, causos, experiências próprias, do gênero, mande para nossa redacao, sua privacidade será rigorosamente preservada.
CLASSIFICADOS CONTRAPONTO
André Carioca - Técnico em informática, presta serviços a domicílio:
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Soundforge, Skype, Zararádio(software voltado para rádio), etc).
Contato:
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(mais de 5000 obras, de todos os gêneros, gravadas em fitas cassetes)
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CEP: 22231-130 - Rio de Janeiro - RJ
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O DV E A MÍDIA
GILSIMAR AFONSO
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O JC(Jornal do Comércio - Pernambuco), desenvolveu uma versão do seu site, exclusivamente para acesso dos deficientes visuais(www.jc.com.br/acessibilidade)...
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Comprar livros raros, usados, ou aqueles que você deseja e estão fora de catálogo, é uma tarefa difícil para quem vive na periferia do mundo da palavra escrita. Agora, como diria o Casseta, seus problemas acabaram. Os sebos de todo o Brasil se reuniram num grande sebo virtual. É o www.estantevirtual.com.br. Nele é possível não só encontrar os livros, mas comparar seus preços em diferentes sebos. Um sonho.
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