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Biblioteca do futuro, um espaço sem fronteiras

por Lerparaver

Introdução

Ao realizar este trabalho, subordinado ao tema, Biblioteca especial integrada na Biblioteca, procurarei não só mostrar duma forma ligeira aquele que tem sido o percurso dos cegos no acesso à informação, e aqui, a Biblioteca tem um papel de grande importância, como também abordarei o contributo cada vez maior das novas tecnologias de acesso à informação. Consequentemente, o abrir de portas, para que a integração da pessoa cega na sociedade, seja cada vez maior e melhor.

Ao intitular o meu trabalho de Biblioteca do Futuro, um espaço sem fronteiras, posso ser talvez considerado por alguns como ficcionista ou algo do género. Mas, penso que se tal acontecer, naturalmente que quem assim pensar anda de costas voltadas para as novas tecnologias e para o quanto estas nos podem trazer de positivo no que respeita ao acesso a livros e demais documentos existentes numa biblioteca.

Até ao século passado, os cegos não tinham qualquer forma de só por si lerem livros, jornais etc. Também no que respeita à escrita o mesmo se passava, embora alguns o pudessem fazer escrevendo normalmente, especialmente aqueles que perderam a visão mais tarde.

De qualquer forma, fosse como fosse, era sempre muitíssimo limitado o acesso dos cegos à informação, fazendo-se esse acesso através de terceiros que lhes liam ou contavam as coisas. Fizeram-se algumas tentativas de colocar em relevo as letras o que não era fácil para o tacto, pois muitas vezes essas letras eram feitas em metal ou mesmo recortadas. Se isto servia para contornar certas dificuldades, era praticamente impossível pôr assim livros inteiros.

Com a chegada do século XIX, algo haveria de acontecer que iria alterar por completo este estado de coisas.

Em 1829, Luís Braille publicou o seu "processo para escrever palavras, música e canto gregoriano em relevo". Este sistema não ficou logo definitivamente pronto, sendo sujeito a algumas alterações, a sua versão definitiva surgiria alguns anos mais tarde em 1837.

Não me deterei aqui a falar sobre o Sistema Braille, pois penso não ser importante para este trabalho, no entanto quero dizer que com isto foi posto em marcha todo um gigantesco processo de revolução quer na leitura quer na escrita por parte dos cegos.

Gostaria ainda de referir que o primeiro livro em relevo de que se tem conhecimento foi feito no fim do século XVIII e esse progresso deveu-se a Valentin Hauy, pouco depois de Ter fundado em Paris a primeira escola para cegos que existiu em todo o Mundo.

As letras usadas eram ainda as do alfabeto latino, fortemente vincadas em papel espesso e de tamanho bastante grande para que o tacto as distinguisse.

Apesar de tudo, a leitura era difícil pois pensava-se que o cego teria que apreender através do tacto aquilo que qualquer pessoa observava com os olhos.

Aqui estava-se a esquecer um aspecto de grande importância. Quando algo é percepcionado pelos nossos olhos imagens, textos etc., essas imagens são sujeitas a um processo de síntese, ou seja o que é observado é percebido como um todo e posteriormente vai ser decomposto nas diferentes partes. No caso presente, seria texto.

Ao contrário, quando algo é percepcionado pelo tacto, é sujeito a um processo de análise, e não de síntese como acontece com a visão.

Com o Novo Sistema Braille, tudo se reduzia à simples combinação de seis pontos. Este sistema rapidamente foi transposto para fora da França, chegando em pouco tempo a quase todos os países.

O que levou a que este fosse rapidamente espalhado pelos diferentes idiomas, foi que tal Sistema conseguiu facilmente adaptar-se às diferentes línguas, como também conseguiu dar resposta em campos como a música, a matemática mais tarde a Química etc.

A partir daqui, começaram-se a transcrever para Braille vários livros e outros documentos.

Estava dado um passo que, Iria alterar para sempre a vida dos cegos em todo o Mundo.

Durante o final do século passado e princípio deste, os livros eram manuscritos recorrendo-se para tal a pautas Braille metálicas. Assim foram transcritas para Braille imensas obras. No entanto, um problema existia.

Quando se queria mais do que uma cópia de algo que fosse transcrito para Braille, era necessário escrever tantos exemplares quantas as cópias pretendidas.

Já durante este século, surgem as máquinas de estereotipar, que imprimem o texto Braille numa matriz feita de alumínio.

Cada placa corresponderá a uma folha Braille podendo-se escrever de ambos os lados. Uma vez feita esta matriz, é possível fazer várias cópias em papel do mesmo texto sem ter que o estar a escrever novamente.

estávamos no bom caminho. Já tínhamos a possibilidade de ter acesso aos livros, pelo menos aqueles transcritos para Braille, sem termos de recorrer a terceiros.

Infelizmente em Portugal, não acompanhámos de perto estes progressos, ou pelo menos de tão perto como seria desejado.

Apenas em 1956, surge no Porto a primeira imprensa Braille do país, graças àquele que foi sem dúvida o pai da Tiflologia em Portugal, o Professor Albuquerque e Castro.

Um dos caminhos privilegiados para o aceso de qualquer pessoa à cultura é sem dúvida alguma o livro. O cego agora não está fora da corrida, pois já pode dispor de alguns livros e certamente que Luís Braille não imaginou que o Sistema de Leitura e escrita que havia inventado, algum dia pudesse transpor tantas fronteiras e consequentemente abrir as "portas da Cultura", aos cegos.

Cultura como veículo de integração

Já vimos como era difícil até ao surgimento do Sistema Braille, para uma pessoa cega, aceder a documentos impressos. Com o advento do Braille, será que todos esses problemas foram resolvidos?

É sabido que o livro, é um veículo de transmissão de cultura.

Na verdade, ao ser possível transcrever em Braille muitos livros, facilitou-se em muito o acesso dos cegos a inúmeras publicações. No entanto, sabemos que os livros em Braille ocupam demasiado espaço, demoram tempo a serem feitos e dado que o número de publicações é cada vez maior, maiores serão as necessidades dos cegos. Assim, um livro que demora bastante para transcrever para Braille, corre o risco de estar desactualizado, quando estiver concluído.

Na verdade, uma pessoa cega que pretenda prolongar os seus estudos, debate-se com inúmeros problemas no que toca a livros. Várias vão sendo as bibliotecas que vão surgindo um pouco por todo o lado: Inglaterra, Espanha, França, Estados Unidos etc. Já pudemos dispor de algumas obras, pelo menos aquelas que serão talvez as mais importantes.

no entanto, paralelamente ao Braille começa a apostar-se nas gravações em fita magnética.

Estas conseguem num reduzido espaço comportar aquilo que várias prateleiras de livros em Braille comportariam.

Este é um processo rápido, fácil, quer no que diz respeito a custos e mesmo em termos técnicos. Rapidamente é difundido e muito utilizado pelos cegos.

Será importante salientar que este processo tem alguns inconvenientes. Por um lado, ao ouvir um livro, o deficiente visual, não pode aperceber-se de situações como sejam, pontuação, certas notas que não são lidas etc. Outra questão também a Ter em conta, será a dicção de quem lê. Por vezes esta poderá comprometer seriamente a percepção da leitura. Finalmente será de referir que a busca de determinado assunto em muitos metros de fita se torna uma tarefa extremamente demorada, e por vezes sem sucesso.

Logicamente que estes processos vão evoluindo, sendo mais tarde as bobinas substituídas pelas cassetes, mais portáteis e fáceis de manusear, ficando as primeiras apenas como suporte para posteriormente serem feitas outras cópias.

As bibliotecas especiais que vão surgindo, funcionam como preciosos auxiliares a quem procura este ou aquele livro.

Estas, vão respondendo às necessidades dos seus utilizadores na medida do que lhes é possível.

O número de publicações em Braille vai aumentando, existem já periódicos, e as gravações em áudio são cada vez mais uma alternativa ao livro Braille, quando este não existe.

Em Portugal é de destacar alguns locais importantes: A Biblioteca Nacional, com a sua secção de leitura especial, O Centro Prof. Albuquerque e Castro no Porto, que é ainda o local onde se faz maior número de produções em Braille do país, a Biblioteca sonora da Biblioteca Pública Municipal do Porto, que possui um número vasto de obras em suporte áudio.

Apenas citei estas, por me parecerem as de maior importância a nível nacional.

Ao nível de países estrangeiros, o número de Bibliotecas especiais é significativamente maior do que aquele que possuímos.

O advento das novas tecnologias.

Arrisco-me a dizer, que assistimos a uma nova revolução, no que diz respeito ao acesso por parte dos cegos a livros e demais publicações.

A partir da segunda metade do nosso século, temos vindo a assistir a grandes progressos ao nível das novas tecnologias.

Deixámos gradualmente a era do analógico e mergulhámos na era digital.

Ao nível dos computadores, nomeadamente os computadores pessoais, tem-se vindo a assistir a um crescente evoluir destes.

Posso afirmar, sem qualquer dúvida, que estamos a viver um período de mudanças, e não creio que estas acabem nos tempos mais próximos.

Ao nível dos equipamentos especiais, muito se tem feito nos últimos anos.

Cada vez o número de empresas que aparecem, para trazer soluções destinadas a facilitar o acesso dos cegos às novas tecnologias, é maior.

Certamente que, estando este mercado sempre em constante evolução, é natural que um produto que hoje está perfeitamente ajustado às necessidades dos utilizadores, amanhã não o esteja, e seja necessário procurar novas soluções de adaptação.

Estas podem ser quer na produção e aperfeiçoamento de sintetizadores de voz e respectivos softwares, bem como no que diz respeito a terminais braille.

Aqui um problema se colocou, como representar certos sinais existentes no computador?

Até agora ou não existiam, ou não eram importantes.

Esta questão foi resolvida recorrendo-se à utilização não de seis pontos como até agora mas sim de oito pontos. Desta forma eleva-se a possibilidade das anteriores sessenta e três combinações para 256 que são o número de caracteres que podem ser gerados por um computador.

Muitos outros equipamentos foram aparecendo como scanners, os quais através dum programa próprio, OCR ou seja reconhecimento óptico de caracteres, permitem ao computador extrair duma página impressa o texto nela existente.

Ao nível de outros equipamentos, como sejam as impressoras Braille, e os programas de conversão braille, muito se tem feito e se continuará certamente no futuro a fazer.

Relativamente aos registos em áudio, uma vez que vamos gradualmente substituindo o analógico pelo digital, vem-se assistindo a uma cada vez maior qualidade nas gravações. Embora este suporte ainda não seja muito utilizado pelos utentes de Centros e Bibliotecas sonoras, certamente que será uma boa alternativa para estes centros guardarem e fazerem perdurar a informação por muito mais tempo, e em perfeito estado.

No entanto, penso que seria bom que se começasse a fomentar junto dos potenciais utilizadores, o uso de cassetes digitais e outros suportes como CD-ROM etc.

Tais sistemas, além de proporcionarem uma qualidade de som muitíssimo superior, às cassetes vulgares, permitem uma pesquisa bastante mais fácil.

Uma vez que, a obra poderá ser gravada por capítulos, que posteriormente serão indexados, sendo a procura muito mais simples e rápida.

Ao nível da informática, já vimos, ainda que de uma forma superficial o muito que se tem feito relativamente às ajudas aos cegos e amblíopes.

Aqui, o número de vantagens que temos na utilização destes equipamentos, é imenso. Por um lado, o reduzido espaço em que podemos guardar informação, é muito maior do que aquele que seria necessário se esta estivesse em Braille, ou mesmo em cassete.

Por outro lado, a facilidade com que podemos pesquisar a mesma informação é também muito maior.

Cada vez mais se está a apostar na colocação de dicionários e até enciclopédias em CD-ROM.

imaginemos o espaço que tais publicações ocupariam, se estivessem em Braille!

Gostaria ainda de dizer que recorrendo a estes meios, muitos dos problemas que até aqui se nos deparavam, vão gradualmente caindo por terra.

Se dispusermos de alguns destes equipamentos, como sejam: um computador, um scanner, um sintetizador de voz ou linha braille e respectivo software, podemos ter acesso a qualquer publicação, num espaço de tempo tão curto, bastando para tal apenas adquirir o livro e proceder à sua digitalização.

Este processo é bastante simples e cómodo, estando o livro rapidamente pronto para ser lido.

Naturalmente que ao nível dos sintetizadores de voz, ainda haverá muito a fazer.

Actualmente já existem em muitas línguas, e cada vez mais os fabricantes procuram aperfeiçoar a sua voz a vários níveis como sejam: o Tom, a Prosódia a Inflexão etc.

Em suma, que esta seja o mais parecida com a voz humana quanto o equipamento permitir. Apesar disso, ainda estamos longe de o conseguir, embora ultimamente tenham sido feitas experiências com softwares específicos associados a placas de som vulgares.

Os resultados são bastante positivos, pelo menos relativamente à língua inglesa. Certamente que o mesmo será feito com outros idiomas, melhorando-se assim a qualidade da voz sintética, verificando-se uma significativa redução de preço.

Assim o treino do ouvido por parte do utilizador ao nível do reconhecimento da voz do sintetizador, será certamente bom para depois poder tirar partido dele.

Claro que se utilizar antes uma linha braille, não terá este problema logo será mais simples.

No entanto, infelizmente qualquer destes equipamentos ainda é bastante dispendioso.

Ao nível das bibliotecas, e centros de produção Braille, serão de grande utilidade. Agora, já não será necessário estar a escrever o livro, mas sim apenas corrigi-lo. Ao nível da impressão em braille, também se tem vindo a assistir a muitos progressos.

Relativamente às produções áudio, talvez num futuro mais ou menos próximo, a voz humana seja substituída pela voz sintética.

Naturalmente que hoje, isso não será possível, mas se tal vier a acontecer o número de obras disponíveis em suporte áudio poderá também aumentar substancialmente.

Um outro factor de grande importância, e que não poderia deixar de mencionar, é a cada vez maior expansão da nossa gigantesca rede mundial de computadores que é a Internet.

Através desta podemos estar em contacto com os mais diferentes locais ao nível mundial. Estes podem ser escolas, bibliotecas, centros de estudo, etc.

Na verdade, não é difícil hoje visitar uma biblioteca virtual, que não é mais do que um depósito de livros em formato digital, prontos a serem trazidos e lidos no computador. Cada vez mais estas bibliotecas são uma realidade.

Também a consulta de catálogos e bases de dados de bibliotecas é perfeitamente possível através da rede.

Tem-se verificado, ultimamente que empresas de nome mundial como a Microsoft ou a Netscape, se preocupam com a questão das acessibilidades, procurando incluir nos seus navegadores processos alternativos de navegação ao rato.

Qualquer pessoa deficiente visual, poderá fazer uma pesquisa bibliográfica mesmo a partir de sua casa, bastando para tal ter uma linha telefónica, um modem, um computador e um terminal, linha braille ou sintetizador de voz.

Depois, bastará que nos conectemos a um fornecedor de serviços internet, e já os há gratuitos, e nada mais.

Agora poderemos ir praticamente onde quisermos.

Ao nível das bibliotecas, penso que cada vez mais se está a procurar afastar barreiras quanto ao acesso dos cegos até elas.

Hoje, em muitas bibliotecas começa a apostar-se cada vez mais em árias de leitura especial.

Estes espaços não serão mais do que locais da própria biblioteca, com algumas publicações quer em Braille, quer em áudio e também alguns dos equipamentos que referi anteriormente. Estes espaços existem em instituições como universidades, bibliotecas municipais etc. No primeiro caso estes centros de apoio dão uma preciosa ajuda aos deficientes visuais que frequentem esses estabelecimentos de ensino, pois, poderão duma forma mais autónoma ter acesso a toda uma série de textos, que doutra forma muito mais dificilmente o conseguiriam.

Naturalmente que o facto de as Bibliotecas cada vez mais estarem a encarar o problema do acesso dos deficientes visuais aos seus materiais, facilita e estimula o gosto pela leitura e não só.

No entanto, se para ler um livro em Braille, ou escutá-lo em áudio, não necessita o potencial utente mais do que, no primeiro caso conhecer e dominar minimamente o Sistema braille, e no segundo caso possuir um leitor de cassetes, já no que diz respeito à utilização de novas tecnologias a questão não será assim tão simples.

É necessário que cada vez mais se aposte na formação das pessoas para a utilização destes diferentes materiais, pois cada vez mais estes farão parte da vida de todos nós.

Com o crescente desenvolvimento de todas estas ferramentas, certamente que um cego hoje, goza de inúmeros privilégios, que um seu antecessor não dispunha, e não será necessário recuar muito.

Como será a biblioteca num futuro mais ou menos próximo?

Naturalmente que, com todos os avanços a que temos vindo a assistir, não será difícil prever aquilo que acontecerá.

Por um lado, o número de obras disponíveis em suporte Braille será cada vez maior, graças aos modernos processos de impressão.

Por outro lado, as produções em áudio, continuarão a ser uma alternativa para alguns e uma opção para outros, especialmente aqueles que não se sentirem à-vontade na utilização do Braille.

A informática, continuará a ser uma ferramenta que nos acompanhará dia a dia.

Julgo que não será difícil dentro de pouco tempo, uma pessoa cega, por um lado consultar a Base de dados de determinada Biblioteca, sem sequer sair de casa, puxar para o seu computador o respectivo livro que pretende, analisá-lo tranquilamente.

Ou então, dirigir-se a determinada Biblioteca, consultar a sua Base de Dados, recorrendo para tal a um computador com um terminal específico, de seguida procurar certo assunto numa enciclopédia ou dicionário, estando qualquer destes disponível em CD-ROM, seleccionar este ou aquele artigo de determinada revista, já em suporte digital, imprimi-lo e lê-lo tranquilamente mais tarde.

Penso que muito do que disse aqui, já existe senão na totalidade pelo menos em parte das bibliotecas especiais existentes noutros países. Infelizmente, cá ainda estamos bastante longe de o conseguir, mas não me parece que seja uma realidade assim tão distante de todos nós.

Naturalmente que para que a Biblioteca do futuro seja um espaço sem fronteiras, é necessário que neste caso os deficientes visuais, se sintam dentro da biblioteca o mais à-vontade possível e possam desfrutar de tudo quanto qualquer pessoa normovisual tem num espaço destes.

Conclusão

Em jeito de conclusão, gostaria de referir algumas medidas que me parecem importantes para que cada vez mais as bibliotecas sejam espaços sem barreiras.

Por um lado, seria bom que os editores disponibilizassem sempre que possível as suas obras em suporte digital e, obras como dicionários e enciclopédias em CD-ROM, sejam feitas de forma a que a excessiva componente gráfica não comprometa por parte dos deficientes visuais o acesso ao seu conteúdo.

Por outro lado, quanto maior fôr o número de Bibliotecas com árias de leitura especial melhor.

Uma outra questão que me parece importante, é a questão da interligação entre as bibliotecas, ou seja, a criação duma rede interbibliotecas.

De preferência com um ou mais endereços na internet, para facilitar a um potencial utilizador pesquisar, quer em casa, quer por exemplo dentro da própria biblioteca. Esta pesquisa seria não só naquela biblioteca mas também noutras. Assim haveria um intercâmbio permanente de informações e materiais.

A utilização do correio electrónico, também julgo ser uma ferramenta interessante, quer para fazer chegar livros em suporte digital aos utentes, bem como para estes fazerem chegar as suas impressões à Biblioteca.

Outra questão que me parece também muito importante é a necessidade que há de dar cada vez mais formação às pessoas para que dominem mais e melhor as novas tecnologias.

Um número razoável de locais, com salas equipadas com computadores, scanners etc., com vista não só a permitir a formação aos potenciais interessados, como também a facilitar a digitalização de textos por parte dos utentes.

Um maior contacto entre bibliotecas nacionais e estrangeiras, especialmente de países mais desenvolvidos que nós nesta matéria, como sejam:

Espanha, Inglaterra etc., com o objectivo de se fazer uma troca de experiências nestes assuntos.

Estar em permanente contacto com as empresas produtoras de materiais específicos, como sejam softwares de leitura de ecrã, sintetizadores de voz, linhas braille etc., com vista a em conjunto discutir soluções para questões que vão surgindo na utilização por parte dos deficientes visuais destes equipamentos.

Estar em permanente contacto com empresas como a Microsoft e outras, com vista a que posteriores produtos lançados por estas empresas, possam vir cada vez melhor adaptados a responder às nossas necessidades.

Penso que ao serem tomadas todas estas medidas, cada vez mais a biblioteca do futuro será um espaço sem fronteiras.

Paulo Jorge Campos Andrade