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Plasticidade neuronal permite cegos adaptarem sua localização no espaço

por Norberto Sousa

A descoberta ajuda a explicar porque os cegos são capazes de desenvolver uma percepção avançada desses sentidos
De acordo com uma pesquisa internacional liderada pelo Centro Médico da Universidade Georgetown (GUMC), pessoas cegas de nascença fazem uso das partes visuais do cérebro para refinar as sensações de som e toque.
A descoberta ajuda a explicar porque os cegos são capazes de desenvolver uma percepção avançada desses sentidos, habilidades que excedem em muito as pessoas que podem ver.

A de um exame de ressonância magnética funcional (fMRI), os pesquisadores descobriram que os cegos usam "módulos" especializados no córtex visual que processa a localização espacial de um objeto quando uma pessoa o localiza no espaço.

Em termos mais gerais, eles acreditam que os diferentes atributos funcionais que compõem a visão, como a análise do espaço, padrões e movimento, ainda existam no córtex visual de pessoas cegas. Mas em vez de utilizar essas áreas para entender o que os olhos vêem, os cegos usam para processar o que ouvem e tocam, porque os mesmos componentes são necessários para processar as informações de outros sentidos.

"Podemos ver que nos cegos uma grande parte do córtex visual se ilumina quando os participantes estão envolvidos em tarefas auditivas e táteis. Isto em adição às áreas em seus cérebros que se dedicam ao processamento de som e toque", explica Josef P. Rauschecker, autor do estudo e professor do Departamento de Fisiologia e Biofísica da GUMC.

"Isso nos mostra que o sistema visual em cegos mantém a organização funcional anatomicamente definida pela genética, mas que o cérebro é plástico o suficiente para usar esses módulos para analisar os contributos que recebemos de diferentes sentidos", diz ele.

Neste experimento, que incluiu pesquisadores da Bélgica e Finlândia, 12 deficientes visuais e 12 cegos concordaram em realizar um conjunto de tarefas auditivas ou táteis. "Nós sabemos que às cegas, o cérebro redireciona outras entradas sensoriais para partes não utilizadas do cérebro para compensar a perda de visão, mas queríamos saber o que especificamente o córtex visual faz nestes indivíduos", disse Rauschecker. "O córtex visual é uma das peças maiores e mais poderosas do cérebro, com cerca de 40 diferentes módulos especializados. Em comparação, o centro de processamento auditivo no cérebro tem apenas cerca de 20 módulos".

Em uma das tarefas, os voluntários usaram fones de ouvido estéreo, enquanto estavam na máquina de fMRI. Eles relataram de onde a variedade de sons que ouviram vinha. Em outro teste, eles usaram vibradores piezo-elétrico em cada dedo, o objetivo era relatar que dedo estava sendo delicadamente estimulado.

"Os resultados nos mostram que o córtex visual em cegos assume essas funções e processos de informação sonoro e tátil que não fazem na visão", diz ele. "As células neuronais e fibras estão lá e ainda em funcionamento, o processamento de estímulos de atributos espaciais, dirigidos ou não pela vista, mas pela audição e tato. Esta plasticidade oferece um enorme recurso para os cegos".

Clinicamente, os resultados sugerem que esses sentidos poderosos podem potencialmente ser aproveitados para ajudar os cegos a navegar melhor no seu mundo.

Fonte: Isaude.net

Comentários

O artigo é muito interessante e vai ajudar as pessoas normo visuais que experimentam oevento chamado lisboa sensoreal,que são guiadas por um guia cego que durante o tragecto lhes tenta estimular os outros sentidos,uma vez que estas vão de olhos vendados, revelam sensações para as quais nunca tinham despertado